A comunicação social tem uma contribuição crucial na formação de opiniões, ou seja, as transmissões podem moldar percepções, influenciar comportamentos e, em muitos casos, reforçar ou combater preconceitos. Dessa forma, como elas podem ajudar a promover a igualdade? Confira neste Minuto Carreira!
O papel da mídia no combate ao preconceito
Letícia Vidica, comunicadora do Uber Cast, destaca um dos caminhos mais efetivos para os veículos contribuírem com a conformidade de representações. "Trazendo mais diversidade com seus conteúdos, rostos e vozes plurais", explica, apontando como a representatividade não se trata somente de preencher cotas, mas sim de refletir as diferenças existentes na coletividade.
Quando as pessoas conseguem se ver nos meios de comunicação, isso fortalece a sensação de pertencimento e desconstrói preceitos arraigados. Segundo o último levantamento do Meio & Mensagem, 53% das ações dos vinte maiores anunciantes do Brasil tiveram inclusão racial. No entanto, outras interseccionalidades continuam sendo sub representadas, como a comunidade LGBTQIAPN+, plus size e pessoas com deficiência (PcD). Os indígenas, por exemplo, configuram apenas 0,2% das postagens analisadas.
Nesse sentido, Letícia alerta sobre o risco de se perpetuar um padrão único de representação, reforçando primeiras impressões estruturalmente preconceituosas. "As mídias têm um papel fundamental de muita responsabilidade", salienta. Isso acontece porque, quando os assuntos são criados sempre sob a mesma ótica, com aspectos e histórias semelhantes, oferecem uma visão limitada da realidade. Esse ciclo de difusão pode contribuir para a disseminação de intolerâncias, muitas vezes, enraizadas em nossa sociedade.
As imagens e exemplos moldam como as pessoas enxergam o mundo. Não retratá-los em sua variedade pode gerar uma referência excludente em relação a certos grupos ou colocá-los sempre em posições de inferioridade ou estigmatização. Nesse ponto, a função da comunicação se torna ainda mais crítica: as decisões editoriais e criativas têm o poder de desafiar essas construções.
Por outro lado, ao desenvolver tópicos plurais, colabora-se diretamente na promoção da isonomia. "Se você traz materiais e pessoas diversas, com cores diferentes, skills distintas, está agregando ao mundo e ajudando a quebrar esses vieses inconscientes. Estereótipos muitas vezes são reforçados a partir da propagação em todas as plataformas", afirma a especialista. A multiplicidade não deve ser vista exclusivamente como uma tendência ou um compromisso social, mas como um instrumento poderoso de transformação.
Como isso funciona na prática?
Quando outras vozes, culturas e histórias são trazidas à tona, promove-se a empatia e a compreensão mútua, derrubando barreiras, muitas vezes, erguidas por falta de conhecimento ou de convivência com o "diferente". Ao expor o público a uma gama mais ampla de experiências humanas, as concepções são desafiadas e os prejulgamentos quebrados justamente pela presença de uma narrativa mais inclusiva.
Essa pluralidade também é essencial para garantir a transformação no consumo. "Assim, conseguimos mais equidade em todo conteúdo adquirido", completa Letícia. Essa questão, portanto, vai além de estética ou representações superficiais; ela é imprescindível para equilibrar as oportunidades de fala e de visibilidade para pessoas com menos espaço, historicamente. A justiça, nesse contexto, se refere à capacidade de oferecer a todos, independentemente de suas origens, as mesmas chances de serem vistos e ouvidos. Ao fazer isso, cria-se um ambiente mais justo, no qual todos os indivíduos podem ter suas trajetórias contadas de forma digna e respeitosa.
Sendo assim, a imprensa e a Internet têm em suas mãos um grande poder para difundir outros valores e é preciso utilizá-lo de maneira consciente e responsável, não só refletindo a complexidade e a riqueza do mundo, mas também formando uma nova geração de espectadores mais atenta à variedade e valorizadora da inclusão. Dessa forma, essa é uma ferramenta primordial para a construção de propósitos justos e igualitários, para todos terem a oportunidade de se ver, serem reconhecidos e respeitados.
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