A flexibilização no trabalho trouxe uma nova mentalidade: os limites ultrapassaram os espaços físicos e os colaboradores ganharam ainda mais autonomia e engajamento nas atividades. Inclusive, mesmo com as incertezas da pandemia e o alto desemprego, muitos brasileiros recusaram oportunidades de emprego por não terem essa versatilidade.
Cenário
Para o gerente nacional de negócios corporativos da Thomas Case, Vitor Cássio, de Florianópolis (SC), “a produtividade está muito ligada à parceria firmada entre a gestão e o colaborador”, explica. Ou seja, um contraponto aos argumentos apresentados sobre as viabilidades da atuação remota.
Em pesquisa do IBM - Institute for Business Value, um em cada dez brasileiros entrevistados deixou o emprego voluntariamente em 2020 e 31% também planejam mudar de companhia ainda este ano. Entre os destituídos voluntariamente, 29% precisavam de mais flexibilidade para poder trabalhar remotamente ou ajudar com as demandas familiares. Já 26% deles estavam em busca de mais benefícios e suporte de bem-estar e 23% não tinha boas perspectivas de progressão de carreira ou segurança.
De acordo com o executivo em educação do Zoom no Brasil, Flavio Valiati, a atuação a distância traz inúmeros benefícios tanto para os contratantes, quanto para os indivíduos. “A gente pode falar em redução de cursos, espaço e infraestrutura, entrega e qualidade de vida para os nossos colaboradores. Isso tudo, devolvendo tempo para as famílias”, analisa.
Sobretudo, segundo ele, o grande diferencial e vantagem foi o aumento de performance. “Nós quebramos um paradigma, compreendendo a possibilidade de se desenvolver muito bem operando cada um da sua casa”, complementa. Conforme outro estudo da IBM, 52% dos profissionais brasileiros desejam manter a modalidade com idas ocasionais ao escritório. Já na análise da Cushman & Wakefield, 73,8% das corporações pretendem instituí-lo como prática definitiva.
Na prática
Essas circunstâncias quebraram algumas barreiras antes vistas com certo preconceito e isso abriu novas oportunidades em diversas esferas. A jovem estagiária de suporte da Certus, Sthefany Karoline Soares Martins, de Pinhais (PR), aproveitou a chance da comodidade do home office para dar um up nas atividades.
No início, foi algo novo para muita gente e as tarefas passaram a ser executadas de formas diferentes, cada um tentando encontrar o seu caminho. Agora, no entanto, mais acostumados, muitos desejam manter o modelo mesmo após a pandemia. Ou seja, é uma tendência progressiva.
Portanto, a versatilidade no trabalho é uma forma proveitosa. Ela pode reduzir os níveis de estresse e ajudar no equilíbrio da saúde mental. Por isso, é um fator para se levar em conta no momento de contratação e manutenção de talentos.
Além disso, vale lembrar: são os mesmos direitos trabalhistas do presencial. Isso inclui a responsabilidade do empregador na manutenção da saúde de seus colaboradores. Além disso, doenças e agravos derivados de uma ergonomia inadequada podem se caracterizar como problemas ocupacionais ou até acidentes laborais.
De acordo com análise da Pulse, os diretores estão se sentindo mais carregados, estressados e com dificuldade para equilibrar lazer e serviço. Para 56,3% deles, a carga está alta - no caso dos subordinados, esse nível representa 25,6%. Então, os especialistas de recursos humanos (RH) devem incluir no “radar” a atenção primordial a esse bem-estar. Assim, trarão vantagem competitiva ao negócio, além de promoverem um ambiente psicologicamente mais seguro ao time.
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