O aspecto psicológico desempenha um papel fundamental e, muitas vezes, subestimado no âmbito profissional. Ele influencia as atitudes, decisões, relacionamentos e desempenho de qualquer colaborador, seja da alta cúpula, funcionário, estagiário ou aprendiz. Compreender e gerenciar as emoções de forma eficaz pode levar a uma maior satisfação na carreira, mais criatividade e produtividade, resultando em benefícios tanto para os indivíduos quanto para as organizações.
Uma das partes afetadas são as relações interpessoais. A capacidade de reconhecer e responder de maneira adequada aos sentimentos dos colegas e superiores é vital para estabelecer laços mais fortes e construir um clima positivo. A empatia e a compreensão mútua contribuem para uma comunicação eficiente e uma equipe coesa. Além disso, a motivação é impulsionada. Quando os integrantes se sentem valorizados, reconhecidos e conectados com suas tarefas e metas, eles tendem a se dedicar mais e alcançar um desempenho superior. O entusiasmo e a gratificação levam a soluções para os desafios do cotidiano.
No entanto, é crucial não ignorar as sensações negativas, como o estresse, a frustração e a ansiedade. Reprimir essas emoções pode levar a problemas de saúde e diminuição da produtividade. As pessoas devem aprender a gerenciar e expressar essas questões de maneira construtiva, seja por meio de técnicas de relaxamento, exercícios físicos, meditação ou conversas com especialistas. As organizações estão cada vez mais reconhecendo a relevância desse tema e, por isso, implementam programas de bem-estar e treinamentos. Essas iniciativas visam promover a conscientização no assunto, ajudando os membros a desenvolverem habilidades sociais.
Como ter o equilíbrio emocional?
Segundo a psicóloga e psicopedagoga, Marcela Bezerra Dias, é viável converter períodos de crise em uma espécie de guia para a vida e aplicá-lo em outras ocasiões. Além disso, ela elaborou um manual para ensinar a lidar com grande estresse. “O corpo reage com manifestações físicas, tais como náuseas, taquicardia, desmaios e refluxo”. Para amenizar esses sintomas ou buscar a recuperação, Marcela oferece dicas de ações simples para serem incorporadas no cotidiano. Dessa forma, cada pessoa pode desenvolver uma "fórmula pessoal".
Analise suas emoções: é essencial entender de maneira racional as circunstâncias. Este é o primeiro passo. Para isso, a psicóloga sugere: “faça anotações ou procure alguém de confiança para compartilhar o seu momento”.
Foque no autoconhecimento: “tente recordar de outras situações complicadas e superadas. Preencha a mente com qualidades e afirmações positivas sobre si mesmo. Reflita bem antes de tomar uma decisão”.
Aprenda com o tempo: faça uma análise da crise sofrida, ponderando se outras pessoas da mesma idade ou fase de vida costumam passar por isso. “Ouça ou leia histórias de amadurecimento psicológico para se fortalecer por meio das experiências dos outros. Evite se cobrar demasiadamente, aprenda a absorver queixas e críticas”.
Avalie sua relação com o próximo: “analise se ainda há ressentimento em relação a quem te magoou, o quanto isso ainda lhe afeta e quais lições podem ser extraídas desse caso”.
Viva com mais tranquilidade: pequenas práticas podem fazer uma grande diferença. “Desconecte-se das redes sociais por algumas horas ou dias, evite pensar nos problemas e responsabilidades por algum período. Selecione uma memória, imagem ou objeto tranquilo e concentre-se nele”.
A proposta de Marcela não substitui a necessidade de tratamento profissional, muito pelo contrário. Para quem está passando por dias dolorosos, ela orienta combinar abordagens: “procurar um psicólogo ou psiquiatra e, junto ao acompanhamento, seguir o passo a passo com o objetivo de acelerar o processo de alívio ou de cura”.
Esse aspecto revoluciona negócios
No acirrado cenário laboral, a corrida é contra o relógio para adquirir conhecimento, desenvolver competências e se adaptar à dinâmica frenética. O sociólogo e filósofo polonês, Zygmunt Bauman, refletiu sobre a rápida transformação da sociedade, levantando questionamentos sobre o esforço necessário para acompanhar as tendências. Os desafios são inúmeros, a ponto de a questão técnica não ser mais suficiente.
A saúde mental, autoconsciência, bem-estar e qualidade de vida são temas frequentemente discutidos. De acordo com o professor e doutor Rafael Ávila, da Qualifica Cursos, disciplinas como filosofia, neurociência e psicologia, entre outros campos do saber, são fundamentais para uma formação abrangente. "A contemporaneidade apresenta várias doenças relacionadas ao estresse e ao nosso estilo de vida. É necessário prestar mais atenção a essas duas dimensões integradas.
Segundo o especialista, o autocuidado não é apenas uma questão individual, mas também coletiva. “Práticas promovendo a saúde das pessoas, como yoga, meditação, alimentação saudável e a busca por lazer e descanso, auxiliam na prevenção de doenças. Precisamos debater profundamente sobre quem somos, nossas atitudes e desejos", destaca.
De acordo com ele, as companhias estão cada vez mais conscientes da importância da inteligência emocional, implementando atividades nessa área. Livros, cursos, workshops, vídeos e discussões em grupo já estão em andamento. Porém, é crucial integrar essas iniciativas às políticas de treinamento do local. Elas devem se tornar parte da essência do negócio e contar com o apoio das lideranças.
Com o aumento do adoecimento no mundo corporativo com a pandemia, causado por cargas horárias extensas, pressão psicológica e sobrecarga de tarefas, os casos de esgotamento entraram em debate. Dessa forma, medidas de tratamento devem ser analisadas para não piorar o panorama.
De acordo com o médico Roberto Aylmer, é preciso ouvir mais a operação, para mapear toda forma de tensão sem motivo e reduzir as rotinas desnecessárias. “Chamamos isso de Inteligência Coletiva, porque as respostas vêm do grupo. Ouvir todos pode ser a estratégia central para aumentar a efetividade dos resultados e da segurança”.
Este momento certamente será lembrado como um ponto de virada das instituições. “No futuro, os historiadores considerarão um marco nas relações de carreira e no redesenho da cultura organizacional. A saúde mental do staff está sendo considerada um indicador da qualidade da gestão e isso muda o jogo. Isso vai muito além de oferecer terapia e exercícios laborais. A atenção deve se voltar para um ambiente tranquilo. Edificar o diálogo em todos os campos empresariais”, complementa Aylmer.
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