Atualmente, com as novas gerações adentrando no mercado de trabalho, deve ser uma preocupação das empresas não somente o salário oferecido aos funcionários, mas também o diferencial da sua marca à frente das outras. Isso porque, apesar de haver uma competitividade exacerbada na busca por um emprego dos sonhos, construir uma equipe atrelada à cultura, valores e propósitos não é uma tarefa fácil. Por essa razão, os empreendedores no geral procuram os melhores candidatos para as vagas.
No entanto, estamos falando aqui sobre uma mentalidade distinta desses subalternos, onde, além do dinheiro, diversos outros fatores se destacam na escolha de um ambiente empresarial para se atuar. Compactuar com os ideais do estabelecimento é fundamental, assim como vestir a camisa e enxergar um futuro, juntamente com os objetivos do local. Todavia, alguns lugares passaram a oferecer outros tipos de privilégios e bonificações a seus contratados, chamando a atenção dos mesmos e gerando mais entusiasmo com as atividades. Entenda melhor quais os fatores de destaque nesse quesito e a importância de realizar esse tipo de ação.
Movimentos e tendências entre os trabalhadores nascem a todo momento
A pandemia mudou a forma como as empresas e seus times se relacionam. As necessidades e particularidades individuais ficaram mais em evidência durante a expansão do coronavírus e o período de portas fechadas. Com a obrigação do isolamento social, popularizou-se o home office e, com ele, muitas pessoas enxergaram a possibilidade de ter mais qualidade de vida. Por outro lado, outras sentiram o peso da quarentena, a falta do presencial e a sobrecarga com as jornadas corporativas, causando impacto direto na saúde. Segundo números da Closecare, entre janeiro de 2020 e abril de 2022 foram entregues 480 mil atestados relacionados a algum transtorno psicológico, resultando em movimentos como o Quiet Quitting.
Com os desafios da doença, o Burnout, a depressão, a ansiedade, a raiva e um sentimento de falta de controle sobre a vida tomou conta da população em geral, principalmente da economicamente ativa. Essa temporada de tensão também evidenciou mais o estresse e a sobrecarga sobre a quantidade de demanda imposta a esses sujeitos, indo além da sua contratação inicial. Com essa problemática em alta, uma nova tendência cresceu no meio corporativo, intitulada como “demissão silenciosa”.
A partir dela, não há, necessariamente, um pedido de desligamento por parte do funcionário. Contudo, ele passa a não assumir mais deveres e tarefas além dos já estabelecidos em sua função e fazer o mínimo para concluir o ofício necessário. “Precisamos trabalhar a humanização das organizações e isso está muito ligado ao autodesenvolvimento. Estamos vendo uma transformação de cultura nas corporações com o ser humano ao centro”, pontua a pesquisadora Tonia Casarin.
Assim como esse movimento se instituiu, o chamado Great Resignation também tomou conta de uma parte da sociedade. De acordo com uma pesquisa realizada, em 2020, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão praticamente dobraram entre os 1.460 entrevistados durante a época de “boom” da Covid-19 e os de ansiedade, aumentaram em 80%. Esses foram os impactos dos primeiros meses, mas, além disso, as formas de ocupação mudaram muito. Novos modelos, objetivos, estruturas e prioridades surgiram para os contratados e isso evidenciou, em muitos deles, um sentimento de insatisfação adormecido. Com isso surgiu uma onda de demissões em massa, vinda de indivíduos buscando por uma qualidade de vida diferente, mais autonomia, felicidade e bem estar. “O remoto e o híbrido nos obrigaram a olharmos para dentro de nós e revimos nossas prioridades. Um dos maiores motivos da Great Resignation foi a cultura tóxica das empresas e isso vai continuar. Especialistas acharam ser algo da pandemia, mas ainda acontece”, explica a especialista.
Benefícios a mais conquistam o funcionário
Um levantamento elaborado pela Bematize, com mais de 14 mil funcionários, extraiu dados da eleição anual de benefícios flexíveis de diversas instituições. Nele, foi apontado um ranking de preferências dos colaboradores nesse quesito, tendo o auxílio-creche e academia como as primeiras opções.
Conforme a pesquisa, o auxílio-creche foi escolhido por 38,57% dos entrevistados, liderando a lista. Seguido, há a academia, solicitado por 20,64%. Em terceiro lugar, a educação (7,82%) e em quarto encontrou-se o proveito em medicamentos (7,40%). Seguindo adiante com o estudo, outras vantagens também foram citadas, como: reembolso odonto de despesas não cobertas pelo plano odontológico (2,66%) e o mesmo com planos de saúde (2,28%); estacionamento e mobilidade (1,87%); esportes (1,22%); e, por fim, terapias (0,82%).
Segundo Ronn Gabay, especialista em benefícios flexíveis da Bematize, esse comportamento em comum foi notado em companhias de diferentes segmentos. "Tanto em firmas médias e grandes, como em startups e pequenas firmas, observamos a mesma predileção por essas regalias. Apenas em alguns casos notamos um favoritismo no auxílio-academia, principalmente entre os colaboradores mais jovens. Porém, de modo geral, o fluxo de escolhas é o mesmo em todos os portes de entidades", analisa.
É interessante lembrar, porém, o fato do chamado “auxílio-creche”, bem quisto pela maioria, ser um direito legal em certos casos. Isso porque, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê a toda entidade com mais de 30 funcionárias com idade acima de 16 anos a necessidade de fornecer um local onde os subalternos possam manter e cuidar dos filhos no período de amamentação. Caso haja esse ambiente, a lei também garante dois intervalos de meia hora durante a jornada. Contudo, não haja essa disponibilidade de lugar, pode ser substituído pelo pagamento, também chamado de reembolso creche.
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