Após as festas de fim de ano, chega a hora de enfrentar um novo período e o mês de janeiro é uma temporada temida por muitos. Isso porque, é quando as pessoas ficam cara a cara com diversas dívidas adquiridas em dezembro e celebrações como Natal e réveillon. Todavia, é possível sobreviver neste mês de forma tranquila sem se preocupar com as finanças se houver planejamento e controle. Aprenda ações para se organizar e não passar aperto financeiro!
O endividamento no Brasil
Dados da da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados em dezembro de 2022 no Rio de Janeiro, mostraram uma parcela de famílias com dívidas, em atraso ou não, em 78,9% em novembro, uma taxa inferior aos 79,2% de outubro, mas superior aos 75,6% do mesmo mês em 2021. Os inadimplentes somavam 30,3%, uma média de 4,2% em comparação ao ano anterior. Já os sem condições de pagar suas contas subiram para 10,9%, 0,8% a mais, e a parcela daqueles se considerando muito endividados aumentou de 14,8% em novembro de 2021 para 17,5% no ano passado. Tais números provam uma realidade dura e preocupante para o cenário econômico do país.
Para o Prof. Me. Filipe Martins, do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Cesuca, é completamente normal haver mais gastos em janeiro, devido aos presentes ou preparativos para as festividades. Somado a isso, há o pagamento do 13° salário e cria-se a sensação de ter dinheiro extra. “A segunda parcela do 13° sai no dia 20 de dezembro e uma parte da população já realizou suas compras, sendo muitas vezes a prazo, já na espera dele para pagar as dívidas contraídas em dezembro. Logo após esse período, entram em cena o IPVA, IPTU, material e matrículas escolares, entre outros, os quais, no início de 2023, irão comprometer a renda mensal de forma significativa, fazendo serem tomados empréstimos evitáveis se houvesse um planejamento realizado preventivamente”, afirma.
Logo, a dica de ouro é manter uma organização constante, destinando parte da renda mensal justamente para essa época atual. “Tente criar um valor mínimo de reserva e aos poucos ir aumentando. Ao final, você terá uma para ajudar a diluir os custos”, comenta Martins.
Contudo, há também outras opções, principalmente tendo em vista como algumas ocasiões com necessidade de um débito maior acontecem de forma frequente, como os impostos. “Já no caso de dividir esse valor em 12 vezes, isto é, cada mês guardar um pouco para pagá-lo, assim como outros gastos, evita-se um desembolso integral da renda mensal de uma vez”, aconselha o especialista.
Para quem está tentando se regularizar, é interessante pensar na hora ideal para isso. “Muitos bancos e administradoras de cartões oferecem renegociações de dívidas em qualquer época do ano. Porém, se for para determinar um período bom para isso é quando se recebem as parcelas do 13º, pois, por não comprometer a renda mensal, esses valores poderiam ser usados para dar uma entrada e, assim, diminuir as parcelas”, indica ele.
Mulheres: uma classe com ainda mais empecilhos
Devido aos múltiplos papéis exercidos pelas mulheres em seu cotidiano, é imprescindível terem um controle sobre a sua verba. Contudo, porque esse destaque a elas? O gênero femino em sociedade lida com diversas versões de uma mesma pessoa, seja como executiva, mãe, administradora do lar, consumidora ou empresária. Obviamente isso não anula a possibilidade de ocorrer o mesmo com o homem, porém, é mais frequente quando se trata delas. Isso é discutido por filósofas como Simone de Beauvoir, a qual acreditava em um envolvimento afetivo no qual a mulher deixa de ser vista como categoria secundária do ser humano para ser reconhecida como o sujeito das próprias escolhas.
De acordo com Brunna Duarte, diretora de marketing e uma das fundadoras do Do It Girls Club, existem alguns hábitos financeiros seguidos por aquelas bem-sucedidas. “Primeiramente, estabeleça um orçamento anual para os gastos, definindo bem os valores de cada dívida em percentuais mostrando a pretensão com cada centro de custos, como casa, investimentos, viagens, filhos e outros. Para ser efetivamente livre, é preciso pagar as próprias contas e lidar com elas”, relata.
No entanto, isso não significa, necessariamente, ter de colocar esse como um pilar primordial e pensar em dinheiro a qualquer custo, mas ter a convicção de mais possibilidades. “Finanças em dia significa poder ir aonde quiser, proporciona mudanças e permite, até mesmo, se livrar de relacionamentos abusivos para ser dona de suas próprias escolhas”, declara Brunna.
Cuidados e atenção são sempre necessários
É crucial lembrar como desembolsar com bens de consumo traz uma sensação de felicidade, mas isso dura muito pouco. Diferente das experiências, as quais aumentam a alegria por conta das memórias afetivas. “Invista em viagens, um jantar romântico ou uma ida a um parque com os filhos e aproveite ao máximo essas vivências, valorizando cada momento”, recomenda a head comercial Natália Archanjo.
Ainda assim, Adriana Tavares, responsável pelo setor de finanças e gestão da comunidade de networking, aconselha a ter cautela e paciência. “Se viu algo e se interessou profundamente, entre na loja, olhe e não compre. Saia e volte no dia seguinte, notando se aquele item ainda é interessante. Isso ajuda a trazer uma reflexão sobre a real necessidade de uma determinada aquisição, ou não, e evita compras desnecessárias por impulso”, alerta.
Anotar tudo também é uma dica de ouro e frequente. “Nem sempre temos tempo ou disciplina para fazer isso, mas essa ação pode ser fundamental para nos indicar onde estão os ‘ralos’, ou seja, onde se está gastando sem nenhuma necessidade”, finaliza Adriana.
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