Conforme o relatório Employee Stress Check 2022, publicado pela Talkspace, 50% dos trabalhadores se sentem esgotados e outros 57% valorizariam ainda mais sua atual posição se oferecessem mais auxílios e incentivos voltados para a saúde mental. Nesse cenário, a onda da demissão silenciosa chegou arrastando inúmeros indivíduos a um desânimo intenso com suas funções e expectativas de carreira. Com o baixo engajamento das equipes, as entidades vêm sofrendo com uma significativa queda na produtividade de setores importantes. Sendo assim, compreenda o melhor caminho para evitar essa febre e garantir a retenção de talentos por meio de estratégias inteligentes.
A chegada do fenômeno quiet quitting
O termo se popularizou no ano passado no Tik Tok, acumulando um total de 354 milhões de visualizações nos vídeos sobre o assunto. Desde então, alguns pontos recorrentes caracterizam as pessoas expostas a essa condição, como a recusa a responder e-mails na parte da noite e finais de semana, juntamente da fuga de atividades extras incompatíveis com os encargos principais. Nessa prática, a pessoa desempenha suas obrigações, mas não há o ânimo e devido posicionamento do serviço no ranking de prioridades do indivíduo.
Segundo uma publicação do Incentive Research Foundation, o comando e controle impactam diretamente na incidência nos casos de quiet quitting. Ou seja, é indispensável entender o contexto no qual o time está inserido e seus respectivos dilemas. Para Julio Quaglia, CEO da Valuenet, desenvolver um ambiente acolhedor e de escuta é a peça-chave para o bom relacionamento de todos.
Além disso, o crescimento na carreira é algo muito valorizado nos dias atuais, sendo extremamente necessário estimular metas alinhadas com os objetivos profissionais de cada um. “Hoje os colaboradores buscam cada vez mais um senso de propósito, principalmente, as novas gerações, millennials e Z. É preciso entender suas motivações e usar os incentivos certos. Não é apenas dinheiro. Autonomia, bem-estar e reconhecimento podem ser muito mais poderosos se comparado a uma recompensa tangível”, comenta Quaglia.
Fortaleça a sensação de pertencimento da equipe!
De acordo com o levantamento de Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre julho de 2021 e 2022, foram registrados cerca de 6,5 milhões de pedidos de demissão de CLTs no país. Enquanto isso, dados da startup Closecare apontam um crescimento de 30% nos afastamentos devido aos transtornos mentais de 2020 até abril de 2022. Nesse contexto, elencamos algumas dicas de como melhorar a rotina empresarial para diminuir os casos de perda da sensação de pertencimento. Confira!
Foque nas estratégias de Employee Experience: a experiência do empregado, em português, é uma estratégia com a finalidade de inspirar os funcionários pelo propósito da organização, fazer conexões com colegas e líderes, desenvolver um trabalho significativo e de forma justa. Gestores eficazes usam esses elementos-chave para reenergizar a equipe, especialmente quando seus escritórios passam por mudanças.
Invista na remuneração e benefícios: quando os funcionários aparentam estar desmotivados e insatisfeitos com as condições de trabalho, é significativo proporcionar o salário e benefícios de acordo com o mercado. Essa conduta é interessante, pois deixa aquela colocação mais atraente e, consequentemente, reduz a rotatividade na vaga. “Isso facilita na disponibilização de uma remuneração competitiva e justa em mercados de trabalho em constante mudança. Da parte de benefícios, alguns costumam ser prioridade para os empregados, tais como o de saúde e de aposentadoria, podem ser personalizados considerando o perfil de cada indivíduo”, pontua Erika Graciotto, Diretora de consultoria em Employee Experience da WTW Brasil.
Escutar os empregados e buscar compreensão é essencial: boas lideranças sabem como o staff valoriza ser ouvido, visto e compreendido em um ambiente onde é seguro compartilhar perspectivas consideradas relevantes. Envolver o coletivo por meio de escuta regular (formal e informal), reconhecendo necessidades e preocupações e comunicando-se com empatia, compaixão, transparência, dignidade e reconhecimento, leva a um maior engajamento e uma menor probabilidade de afastamento.
Valorize o bem-estar coletivo: segundo uma pesquisa da WTW, entre os anos de 2015 e 2021, houve um aumento de 33% no interesse das corporações em implementar ações de saúde e bem-estar no dia a dia dos indivíduos. “Uma diretoria competente se esforça para atender às necessidades únicas de conveniência física, emocional, financeira e social de todos e promover a segurança para eles permanecerem engajados e prosperarem sob as condições mais difíceis”, complementa Erika.
Compreenda os pontos de vista de cada geração: é injusto atribuir o fenômeno em questão como algo geracional. O movimento de se afastar aos poucos das funções pode ser notado em qualquer fase da vida, não sendo exclusiva da geração mais jovem. No geral, é necessário considerar o impacto dessa tendência na companhia como um todo e levar em entender como cada integrante é um indivíduo único, com seu próprio conjunto de necessidades e prioridades.
Aproveite o trabalho flexível: nos últimos anos, vimos como as pessoas estão cada vez mais interessadas em maneirar nas obrigações e desfrutar mais de um tempo de qualidade. Nessa sociedade utilitarista na qual estamos inseridos, é preciso saber dosar muito bem a vida pessoal e profissional . Por essa razão, urge a demanda por equilíbrio no trabalho remoto e presencial, tendo em vista a possibilidade de tornar a vivência mais positiva para todos os envolvidos.
Promova a capacitação de gerentes e líderes: dentro da hierarquia organizacional, o exemplo deve vir de cima para baixo. Aqueles nos altos cargos necessitam saber o seu papel e valor para levar bem o engajamento dos demais. Afinal, para liderar com excelência, é crucial compreender limites.“Não é possível esperar a disponibilidade do time 24 horas por dia, 7 dias por semana, ou simplesmente atribuir mais tarefas aos indivíduos já sobrecarregados quando estão com falta de mão de obra e passando por situação de estresse. Se isso não for entendido, a desistência silenciosa se torna uma realidade, culminando em custos e desequilíbrio para o ecossistema corporativo”, finaliza a Diretora de consultoria em Employee Experience da WTW Brasil.
Torna-se evidente, portanto, a relevância de compreender a diferença entre estabelecer limites e não assumir as demandas no serviço. Acima de tudo, uma cultura empática e realista é a melhor estratégia a ser adotada. Afinal, o fenômeno não é um pedido de demissão em si, mas uma postura por parte do quadro de executar apenas o mínimo exigido. Assim sendo, a fidelização é a melhor maneira de estimular as condições de comprometimento mútuo.
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