Após anos de discussão acerca do assunto, o posicionamento de muitas pessoas tem mudado sobre a importância de abranger minorias sociais nos mais variados lugares. Desde a criação da Lei de Cotas, em 1991, está prevista a obrigatoriedade de 2% a 5% das vagas de uma instituição destinarem-se para esse grupo, quando é ultrapassado o total de 99 funcionários. Apesar de muita evolução nos últimos tempos, o mercado ainda está longe de ser considerado inclusivo. Afinal, pessoas com necessidades específicas ainda são tratadas fora da normalidade estipulada pela sociedade. Sendo assim, aprofunde seus conhecimentos sobre o cenário atual do meio laboral e quais mudanças de paradigmas ainda são necessárias.
A inclusão no dia a dia
O termo em questão é amplamente difundido pelo globo e por si só já remete ao senso comum de separar e rotular. No entanto, medidas como essa se fazem necessárias quando pensamos na meta coletiva de alcançar uma nação mais igualitária. Para desenvolver uma cultura abrangente e realmente empática, é indispensável seguir o caminho da humanização das relações. Isso porque somente quando estamos abertos para qualquer tipo de vivências conseguimos criar laços verdadeiros.
Nesse sentido, estudar o tema é o principal passo a ser dado rumo à educação e conscientização do time não apenas para vida profissional, como pessoal também. “O maior desafio da inclusão é o medo de lidar com as diferenças e a negligência ao desenvolver o respeito para com o outro, a falta de ampliar a visão global para um olhar humano e amoroso, encarar o autoconhecimento e expandir a consciência para um mundo melhor e para a valorização a vida”, comenta Clécia Aragão, CEO e Sócia do Grupo Ciranda Cultural.
Além disso, sair da própria bolha e tentar compreender novas realidades é o primeiro passo a ser dado. Quando falamos sobre o ambiente laboral, toda uma educação corporativa deve ser desenvolvida para entender quais as melhores estratégias a serem adotadas. “É até clichê repetir como toda transformação de comportamento acontece quando o gestor da empresa vive aquilo ensinado, ou a necessidade da mudança ter de vir de cima, mas é a mais pura verdade. Discursos não provocam atitudes. As empresas precisam promover vivências e tornar o assunto da diversidade, da inclusão e da equidade algo natural e usual”, complementa Clécia.
Os programas de diversidade nas empresas
De acordo com a 2ª Edição da Pesquisa Benchmarking: Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022 e tendências para 2023, 81% das corporações levantadas afirmam destinar recursos específicos para ações de D&I, enquanto em 2020 o índice era de apenas 67%. Ademais, houve um aumento nas entidades com uma área específica e dedicada à gestão do tema, representando um avanço de 64% para 71% no mesmo intervalo.
Nesse contexto, percebemos como essa amostra é abrangente e significativa para estudar o tema, tendo em vista o mapeamento de 34 esferas distintas, como tecnologia, indústria, saúde, finanças, energia, entre outras. “Isso demonstra uma evolução no entendimento e engajamento delas em relação à iniciativa, reforçando o seu comprometimento com a valorização da diversidade. Afinal, seria inviável acreditar na possibilidade de uma cultura se sustentar no longo prazo apenas com um posicionamento e apoio no campo do discurso, sem um investimento prático consistente”, pontua Thalita Gelenske, fundadora e CEO da Blend Edu.
Outro ponto interessante de todo esse estudo foi observar um aumento nas aplicações e estruturação do tópico nas instituições de pequeno e médio porte. Até 2020, nenhuma dessas havia confirmado uma iniciativa. Já no ano passado, a estatística chegou a 75%. Concomitantemente, 67% desse número confirmam um orçamento direcionado a essa questão.
No mercado competitivo no qual estamos inseridos atualmente, essa postura chama a atenção de talentos, bem como de possíveis clientes. "As grandes empresas, especialmente aquelas privadas com capital aberto na bolsa, acabam sendo mais pressionadas por stakeholders do mercado a endereçarem a pauta de ESG e, consequentemente, a de diversidade. Por isso, não surpreende o fato das organizações grandes investirem e alocarem mais recursos na gestão de D&I. No entanto, também vemos um movimento muito positivo naquelas de pequeno e médio porte despertando para a necessidade da criação de culturas modernas”, ressalta Thalita.
O acolhimento é essencial
O trabalho em equipe é incentivado entre os indivíduos desde a infância. A partir dos primeiros passos, o convívio e interação com as mais variadas personalidades nos mostra como cada um é de um jeito. Durante a carreira não é diferente: inúmeras áreas de atuação e cargos se interligam. Logo, o contato com diferentes vivências é inevitável e necessário. Afinal, a troca entre experiências distantes é benéfica para o meio organizacional.
Nesse mundo globalizado e repleto de imprevistos, é preciso ter bem alinhado as hard skills com as soft skills. Com esse equilíbrio, juntamente de uma educação integra, novos patamares podem ser alcançados. “É importante a entidade ter metas, equipes e recursos alocados para conseguir, de fato, sustentar os programas e para evoluir e se tornem consistentes no longo prazo”, finaliza a CEO da Blend Edu.
Torna-se evidente, portanto, a relevância de promover práticas e o hábito da empatia, respeito e inclusão. Por meio de processos seletivos mais acessíveis, por exemplo, novas perspectivas podem ser agregadas dentro de um estabelecimento. Desse modo, mais educandos e futuros colaboradores podem ser contemplados com a oportunidade de demonstrar seu potencial. Afinal de contas, o Brasil é um país plural e é primordial aproveitar nossas particularidades.
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