O home office chegou para ficar? Por muito tempo, esse foi um grande dilema. Isso porque a modalidade já existia há alguns anos, mas a pandemia foi responsável por praticamente tornar essa modalidade obrigatória. Apesar de grande parcela acreditar nessa medida como algo temporário e apenas emergencial, já percebemos como sim, ela veio para ficar de vez. Nesse momento, com o fim da crise da Covid-19, entrou em vigor a Lei 14.442/2022 com a finalidade de complementar eventuais lacunas existentes na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Nesse sentido, as empresas devem prestar atenção aos novos regulamentos a fim de evitar passivos trabalhistas. Sendo assim, compreenda como se adaptar a essa nova realidade é fundamental para sobreviver ao mercado.
A preferência pelo home office
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Nube sobre o tipo de vaga caracterizada por fazer os olhos dos candidatos brilhar, 38,35% preferem o modelo presencial. Outros 26,35% apontaram o teletrabalho para ficar atuando apenas em casa. Quanto à modalidade híbrida, 21,12% tem predileção pela maioria dos dias em sua residência e 14,18% com mais tempo no escritório. Tal cenário demonstra como as condições e o ponto de vista das pessoas mudou.
Nessa conjuntura, é possível observar como as modificações na Reforma Trabalhista, ocorrida em 2017, juntamente do isolamento social em 2020, impactou os mais variados setores. “Até então, todos os empregados em home office estavam dispensados do controle de jornada. Porém, com a alteração do inciso III, do artigo 62 da CLT, apenas estarão dispensados do referido controle aqueles empregados prestadores de serviços por produção ou por tarefa, sendo necessário estar devidamente ajustado entre as partes no Contrato de Trabalho ou Termo Aditivo específico”, comenta Rodolfo Carlos Weigand Neto, sócio da Weigand & Silva Advogados.
Dessa forma, os funcionários com expediente fixo desde a contratação, como é maioria dos casos, são submetidos a um controle da carga horária pela organização. “Agora, a referida lei alterou tal artigo para finalmente contemplar o sistema híbrido. Ou seja, as partes podem ajustar como melhor entenderem a frequência para o trabalhador comparecer à empresa, sem qualquer obrigação em manter-se a preponderância em trabalho a distância”, complementa Weigand.
As condições do teletrabalho
Não podemos deixar de observar como essas condições de operação já alcançaram um número significativo de profissões. Até mesmo as mais tradicionais, das quais não conseguíamos imaginar nenhum tipo de modificação, conseguiram se adaptar à virtualidade, como a medicina, por meio das teleconsultas. Com urgência, essa migração para as telas ocorreu de forma rápida e compulsória, sem qualquer aviso prévio. Mesmo assim, o cenário tem se mostrado bastante favorável pela sua permanência.
Nessa reta final do ano, sendo esse caracterizado pela retomada das atividades presenciais em massa, muitas companhias ainda estão considerando qual modalidade se enquadra melhor no seu perfil. Após esse período de distanciamento, muita opinião já foi formada acerca dos benefícios e malefícios de atuar remotamente, questão essa dependente diretamente da cultura organizacional. Seja essa uma decisão da liderança ou do time, é indispensável considerar aquela mais vantajosa para todo o coletivo.
Embora ainda existam aquelas adeptas ao modo mais tradicional, a procura por versatilidade e mais autonomia é um fato. “Isso vai depender da atividade exercida pelo colaborador, mas penso na flexibilidade e adaptabilidade como caminho e entender qual é o melhor modelo para cada companhia e funções. Estamos observando quais serão as rotas escolhidas, pois ainda é algo em movimento”, pontua Marcelo Pirani, CEO Cenarium Training.
Quais são os desafios?
Nessa nova era, apesar de muito convidativa, alguns desafios são enfrentados. Como nunca, o cômodo em casa pode estar repleto de distrações ou de infraestrutura para realização das tarefas. Até mesmo a desorganização pode ser um empecilho nessas horas, haja visto a correria do dia a dia. Diferentemente dos escritórios, você também não consegue resolver qualquer problema com uma simples virada de cadeira. Por meio dos computadores, é preciso fazer ligações e escrever e-mails para qualquer tipo de contato.
Portanto, a disciplina deve ser a principal aliada dos colaboradores espalhados pelo país. Esse esforço é responsável por demonstrar a confiança e produtividade necessária para quem não está sob o acompanhamento presencial dos gestores. “Ao trabalhar em casa, precisamos conciliar questões pessoais, organizar a agenda, escolher um bom espaço para desenvolver as atividades e outros quesitos mais complicados. Apesar do funcionário estar à disposição da instituição, é importante lembrar do horário de almoço, descanso e hora de finalizar o dia”, ressalta Pirani.
De forma geral, a grande procura por essa modalidade está na qualidade de vida proporcionada. Isso porque a economia de tempo característica do deslocamento até a organização culmina em um melhor aproveitamento dele para outras atividades. Principalmente nos grandes centros, esse é um ponto muito significativo quando pensamos nas horas gastas no trânsito e o consequente estresse. Já nas cidades pequenas, essa tendência pode ser um pouco menor pelo simples fato da população não perder tanto tempo no trajeto até o serviço.
Em suma, é preciso avaliar como o local de atuação pode afetar o desenvolvimento do talento e da experiência do quadro. Nessas horas, o melhor caminho a ser seguido é o da escuta. Quando o RH ouve o colaborador, é viável traçar as estratégias certeiras para o negócio. “Precisamos individualizar as necessidades para as pessoas ficarem mais satisfeitas nos ambientes de trabalho, pois podemos entendê-los e melhorar a sua experiência”, finaliza o especialista.
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