Segundo pesquisa, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com mais de 60 anos aumentou de 11,3% para 14,7% entre 2012 e 2021. Ainda, em 2030, a parcela de idosos no Brasil ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Ou seja, é o momento de destaque para a terceira idade no mercado de trabalho, tendo em vista o déficit populacional de jovens, entre eles estagiários, aprendizes e efetivos. Sendo assim, entenda mais do assunto e como esse grupo é favorável para as empresas.
Além dos benefícios, combater o etarismo e empregar a terceira idade se tornou uma necessidade para as empresas
Uma coisa é certa: com os avanços na área da saúde e medicina, a população está envelhecendo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Para corroborar, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra: 57% da população economicamente ativa no Brasil vai ter mais de 45 anos em 2050.
Somando esses números aos efeitos da reforma da Previdência, promulgada em 2019, a qual adiou a aposentadoria das mulheres para 62 anos e dos homens para 65, as instituições da nação precisam e devem se atentar a essa comunidade. “Enquanto sociedade, ainda, estamos dando passos curtos no combate ao etarismo, visto o estigma carregado na hora de conseguir uma colocação corporativa'', afirma Leizer Pereira, CEO (Chief Executive Officer) da Empodera.
Segundo uma pesquisa realizada pela Great Place to Work (GPTW) Brasil, em 2018, a inclusão etária no mercado ainda estava longe de atingir números expressivos, apenas 3% de profissionais idosos estavam nas 150 melhores entidades avaliadas. “As organizações precisam ficar atentas a este público, pois, entre tantos benefícios, traz mais comprometimento, novas experiências e, é claro, diversidade", ressalta Pereira.
Para ele, a inclusão desses indivíduos vai além de cumprir o estatuto do idoso, é uma necessidade e uma maneira de estimular funcionários mais jovens no ambiente laboral. “Antigamente alguns empresários argumentavam como os 50+ não tinham o domínio tecnológico necessário ou os classificavam como velhos demais. Hoje, a realidade é outra! Além de experientes, são mais comprometidos e têm inteligência emocional, soft skills essenciais”, comenta.
De acordo com o Institute for Employment Studies, de Londres, profissionais mais maduros valorizam ter responsabilidade e autonomia em suas ocupações, assim como manter relacionamentos sólidos entre os colegas e ter oportunidades de transmitir seus conhecimentos. “O preconceito contra o ‘velho’ não faz mais sentido em uma comunidade a qual está passando constantemente por mudanças. É preciso criar programas de inclusão etária para atrair essa parcela e ensinar a juventude a conviver e dividir experiências com eles. Também é necessário fornecer treinamentos específicos e até adaptações se necessárias para o bem-estar do colaborador”, finaliza o CEO (Chief Executive Officer) da Empodera.
As métricas são favoráveis para quem está na terceira idade a procura de uma oportunidade corporativa
O assunto tem ganhado foco. Assim, outubro possui o Dia Internacional das Pessoas Idosas, designado na resolução 45/106, pela Assembleia Geral das Nações Unidas - um dos seis principais órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) e o único no qual todos os países membros têm representação igualitária. A intenção da data é homenagear os cidadãos com mais de 60 anos de idade e incentivar a participação deles de forma ativa.
Uma das alternativas para essa iniciativa é incluí-los nas atividades acadêmicas ou profissionais, oportunizando um espaço. Uma pesquisa feita pela empresa Maturi, indica: 57% das instituições querem contratar pessoas dessa comunidade. O estudo também aponta: três em cada cinco dos respondentes afirmaram como o envelhecimento populacional propicia um grande impacto organizacional, enquanto 41% das entidades já se sentem afetadas.
“Ter um cuidado especial com os nossos entes queridos é um dever de todos, depois de suas contribuições prestadas ao país e as suas famílias, o mais digno é retribuir com todo o gesto de amor compartilhado pelos mesmos. Se uma pessoa da terceira idade pretende realizar mais sonhos, como o de estudar ou de trabalhar, ele deve ter a garantia desse direito”, ressaltou Rogério Silva, CEO do Cebrac (Centro Brasileiro de Cursos). Assim como o caso da aluna de Assistente Administrativo Completo do Cebrac, de Ceilândia/DF, Conceição de Maria, de 64 anos.
Para Conceição, todo dia é uma oportunidade. “Aprendi como a idade não atrapalha e não te impede de adquirir conhecimento. Aos jovens começando agora, digo para aproveitarem e se prepararem para o amanhã”, relatou a estudante. Conforme o IBGE, 14,6% da população do país tem 60 anos ou mais, isso equivale a 30,3 milhões de pessoas.
Ainda, de acordo com dados recentes da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, entre 2013 e 2017, o número de pessoas com 65 anos ou mais com carteira assinada cresceu 43% e tende a crescer mais devido ao aumento do público da melhor idade.
É essencial continuar estudando para alcançar melhores possibilidades, independemente da idade
Com o objetivo de buscar uma chance de atuação, não só os indivíduos desse grupo devem continuar se especializando para acompanhar o ritmo do mercado, mas sim todos com interesse em um cargo empresarial. Isso porque estamos em constante atualização e o espaço laboral demanda ao atual profissional estar antenado às novas predisposições da área. Por isso, manter a motivação e disciplina para continuar se aperfeiçoando é essencial para se destacar e atender aos processos e metodologias com eficiência.
Segundo dados da Mercer Brasil, 64% das companhias acreditam na força da capacitação remota como algo imprescindível. Isso mostra como os processos de aprendizagem se adaptaram ao “novo normal”. Houve um aumento de 20% nesse investimento, de acordo com a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento.
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