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A representatividade deve acontecer na prática 

Notícia | 12/08/2022

Giovanna Cavalli

A representatividade deve ser pauta constante nas empresas, na mídia e nas rodas de conversa se quisermos finalmente vencer os preconceitos. Logo, estagiários, aprendizes, efetivos e gestores precisam evidenciar esse assunto. Continue lendo e entenda mais a respeito!

O cenário

Veja só: de acordo com o estudo “Protagonismo das mulheres nas empresas”, divulgado pela consultoria em marketing digital Triwi, em junho de 2022, 25,1% das instituições não possuem nenhuma presença negra feminina em todo o seu quadro de funcionários. Outras 45% contam com apenas 10%. Quanto aos níveis executivos, a situação se mostra ainda mais crítica.

Já conforme o levantamento do Instituto Ethos, apenas 1,6% desse público ocupa o cargo de gerência e das 117 companhias avaliadas, só duas as tinham no nível executivo. “Por que em um país com mais de 59 milhões de negras, tão poucas conseguem chegar na liderança das organizações? A resposta é fácil, porém não óbvia para todos: a diversidade e a representatividade, por enquanto, estão só no papel”, descreve a head de marketing solution led na Adobe Experience Cloud, Camila Miranda.

Ainda, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), 96,8% das startups dizem apoiar o tema. A maioria, porém, não possui ações (60,7%) e em 31,2% delas não existem colaboradores negros. Outra análise, feita pela Korn Ferry, mostra: 37% das marcas brasileiras têm orçamento para isso separado.

Por onde começar?

Consoante a McKinsey, a multiplicidade de gênero em cargos altos aumenta em 21% as chances de lucro acima da média. Em relação à questão étnica e cultural, esse número salta para 33%. Então, como mudar o cenário, tendo como base também a capacidade de alcançar resultados melhores e mais relevantes a partir dessa primícia?

“A busca por uma resposta ou melhor, por ações, não deveria partir só de mim e dos meus pares. Já tive, por exemplo, de questionar processos seletivos nos quais me enviaram somente currículos de indivíduos brancos para avaliar. Qual tipo de filtro ou requisito é esse?”, questiona a head. Ou seja, para se afirmar uma entidade inclusiva, é preciso muito e o primeiro passo é começar de dentro.

Para Camila, combater o racismo estrutural e as desigualdades - gênero, etária, étnica, etc. - no mundo corporativo não deveria ser uma causa só de alguns. “Toda a cadeia precisa se movimentar, principalmente os brancos, para transformar o discurso em ações”, ressalta.

A transformação deve começar com atitudes simples. “Por exemplo, o incômodo é uma ferramenta poderosa para começar a implementar alterações: quem está em posição de chefia pode questionar o departamento de recursos humanos (RH) ao se deparar com uma lista de candidatos ‘seletiva’. Se não estiver nessa posição, questione os seus superiores. Isso não demanda esforço, apenas uma modificação de perspectiva para todos se engajarem ativamente”, completa head.

Oferecer capacitação é um bom caminho

Inclusive, essa pluralidade pode vir de diversas frentes como o alinhamento com o digital. De acordo com a TIC Domicílios, 31% dos indivíduos permanecem longe desse universo por falta de interesse, 22% por não saberem usar o computador e 10% por considerarem, simplesmente, sem necessidade. Ou seja: as duas barreiras mais básicas, desinteresse ou desconhecimento, envolvem 63% da população brasileira.

Há uma relação clara entre a falta de acesso ao digital e a baixa escolaridade. A proporção de quem nunca operou um computador ou um smartphone é 20 vezes maior entre aquelas sem o ensino fundamental completo. Além disso, a partir dos 30 anos, o acesso a esse conhecimento diminui gradualmente.

Logo, as medidas integradoras podem acontecer de várias formas. O Centro Universitário de Brasília (Ceub), por exemplo, está com inscrições abertas para um curso gratuito de noções básicas de informática e de Internet voltado para o público da terceira idade. A iniciativa envolve docentes e alunos dos cursos de computação e engenharias.

O programa inclui também orientações sobre o dia a dia das redes sociais. Assim, essa qualificação tratará sobre: desinformação e fake news, ferramentas do Google, sistemas operacionais com foco no Windows, Internet, mobile, Word, Excel e Power Point.

Para o responsável pela ação, o professor de ciência da computação Santana Pereira, o projeto vai além do comprometimento da instituição com a educação de qualidade, o objetivo é cultivar lições de cidadania e facilitar o acesso à informação. “A realização se justifica pela necessidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos pelos alunos, alinhado com o foco em formar pessoas conscientes do seu papel social e incentivar o voluntariado”, expõe.

Para os acadêmicos envolvidos também é vantajoso, pois a atitude funciona como um estágio, ajudando na aquisição de experiência. Bem como, valorizando até mesmo o currículo desses sujeitos para o mercado.

Coloque a mão na massa

O Nube valoriza a diversidade e foi convidado pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) a fazer parte do pacto social para ampliar a inserção de jovens universitários negras e negros no mercado, por exemplo. Além disso, existe um incentivo à inclusão de gênero com vagas de estágio direcionadas.

A adaptação aos novos contextos é imprescindível para manter uma marca admirada e reter bons talentos. Portanto, acabar com as discriminações é uma necessidade humanitária, independentemente do ambiente, setor, ocupação e etc.

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