Desde o início dos Jogos Paralímpicos de 2020, atletas de todo o mundo têm mostrado a importância do evento, não apenas no sentido esportivo, mas também a respeito da inclusão social. A competição entre países de todo o globo reforça o debate sobre o tema e representa uma oportunidade para as empresas quebrarem o tabu relacionado às pessoas com deficiência.
Falta de inclusão ainda é grande
Atualmente, o Brasil possui mais de 45 milhões de habitantes com algum tipo de deficiência. O número corresponde a cerca de 21,4% da população. Apesar disso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com apenas 1% das vagas de empregos formais ocupadas por esses profissionais.
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De acordo com Carine Roos, CEO e fundadora da Newa, é preciso mudar o modo de pensar relacionado a essa parcela da população. "Um dos principais desafios para a contratação de PCDs está ligado aos vieses inconscientes, os quais mantém tendências ou preconceitos levando em consideração julgamentos, pensamentos e ideias relacionadas à experiências passadas", compartilha
Legislação ajuda, mas não é o suficiente
Desde 1991, no Brasil, é determinado, por meio da Lei de Cotas, a obrigação para as instituições com cem ou mais colaboradores terem reservado cerca de 2% a 5% de seus quadros de talentos para membros desse grupo. Contudo, ainda há muitas oportunidades para garantir a equidade de vagas.
92% dos brasileiros se importam com a diversidade
A iniciativa, apesar de ter um cunho educativo e inclusivo, acaba por vezes não garantindo a esses colaboradores a inclusão de maneira adequada nas organizações. "Os Jogos Paralímpicos ensinam as companhias a olharem os candidatos sob uma nova óptica, sem capacitismo, discriminação, diferenças. Mostram como enxergar a partir de um viés capaz de acolher e oportunizar acima de qualquer coisa", aponta a também especialista em diversidade e inclusão.
Não basta apenas ter espaços adaptados
Para Carine, é necessário ter um ambiente preparado não apenas no sentido de acessibilidade, com rampas, elevadores e espaços adaptados, mas, também, apto no sentido de promover uma cultura responsável por valorizar as diferenças individuais. "É dever de todos mas, principalmente, dos C-levels e heads criarem uma postura de respeito e estímulo à inclusão de forma geral”, conta.
Só a partir de iniciativas assim, segundo a especialista, os colaboradores ficarão abertos ao debate e entenderão a importância de construir ambientes socialmente saudáveis para todos. Os benefícios, além de sociais, também podem ser vistos por meio de métricas de resultados das entidades.
O valor da diversidade
Segundo o estudo “Oito tendências para executivos”, há um crescimento de aproximadamente 19% nas instituições onde são estimuladas as práticas de diversidade. Daiane Silveira estuda psicologia em São Bernardo do Campo e tem deficiência auditiva parcial e recentemente conseguiu uma vaga de estágio.
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Para ela, ser incluída e bem recebida onde atua fez a diferença. “Há um erro muito comum dos outros nos tratarem como seres extraterrestres”, brinca. Contudo, na corporação onde estagia, todos a respeitam e a vêem como é: “sou um ser humano normal. Todos temos nossas limitações, sejam elas físicas, mentais, emocionais ou psicológicas e elas não nos incapacitam”, conclui.