Você já escutou sobre o Agosto Lilás? Ele nasceu para a sociedade refletir e atuar pelo fim da violência contra as mulheres. A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher lançaram essa campanha sazonal com o objetivo de discutir temas relacionados ao enfrentamento dessa violência em diversas formas. Sua companhia tem tratado desse assunto?
Com as mulheres, o cenário é pior
Muita coisa avançou, mas as brutalidades ainda abalam escritórios e fábricas pelo Brasil. Com as mulheres, por exemplo, uma em cada quatro delas já sofreu algum tipo de agressão durante a pandemia, seja ela verbal, sexual ou física, de acordo com pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Logo, tivemos 17 milhões delas (224,4%) atacadas entre junho de 2020 e maio de 2021.
O assédio, independentemente da forma, é um problema sério enfrentado também pelas organizações. Cada vez mais funcionários têm levado casos de abuso à Justiça. Isso gera prejuízos para a empresa, não apenas financeiros, mas também de imagem perante a sociedade, parceiros e investidores.
Os casos atingem os dois públicos femininos e masculinos, em qualquer nível hierárquico, podendo levar a vítima a ter sérios problemas físicos e psicológicos, atingindo, inclusive, a carreira profissional. “A corporação, mesmo sem compactuar com certas atitudes, responde legalmente por elas, pois o empregador deve zelar pela integridade psíquica e física da equipe. Logo, é imprescindível atuar na prevenção e também saber identificar e diferenciar os tipos de abuso”, explica o sócio da S2 Consultoria, Renato Almeida dos Santos.
Medidas práticas
Essas situações trazem muitas consequências ruins para as organizações, tais como queda da produtividade, perda da qualidade, aumento do absenteísmo e turnover, gastos onerosos para o pagamento de indenizações e a desestruturação do ambiente laboral. Bem como a imagem da marca fica "queimada" perante a sociedade.
Não existe uma única ação isolada para eliminar conjunturas como essa. “Os gestores têm de se valer de uma série de atitudes e regras adequadas aos seus colaboradores. Para isso, é importante a união das partes envolvidas, tais como os líderes, médicos, sindicatos, técnicos, RH e compliance. Eles devem transmitir segurança e respeito quando procurados para o contratado se sentir à vontade em expor seus sofrimentos e suas frustrações”, exemplifica o dirigente.
Algumas ferramentas são os códigos de ética e conduta, canal de denúncias, treinamento e desenvolvimento organizacional, programas de integridade, entre outros. “Isso é fundamental para conscientizar, educar, informar e treinar os chefes, para aprenderem sobre a importância do fator humano quanto à produtividade. Afinal, um cooperador motivado e satisfeito colabora para o crescimento e a evolução da instituição”, analisa Santos.
Além disso, pesquisas de compliance cultural também podem ajudar a descobrir se atitudes hostis não estão sendo vistas como “atos normais” pelos internos. “Por fim, é de extrema importância desenvolver o potencial de resiliência individual para cada um saber como agir diante dessas questões”, finaliza o sócio da S2 Consultoria.
Apesar dos avanços, ainda há muito a fazer. Para o diretor de acesso ao mercado e relações públicas da Medtronic, Renato Arruda, o tema deveria ser algo intrínseco ao mundo corporativo, mas ainda temos muitos obstáculos a superar. “Não vejo a hora na qual se torne desnecessário falar sobre isso, como quando tivermos políticas institucionais de transição de gênero, maior representatividade de negros e negras no C-level e total equidade salarial para todos, independentemente da cor de pele ou sexo, por exemplo”, comenta.
Um dia chegaremos lá! “Estamos no caminho, mas ainda precisamos de muitos aliados, energia, tempo e recursos para fortalecer esse movimento”, complementa Arruda. Então, que tal aproveitar o Agosto Lilás para começar isso?
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