No mês da campanha de prevenção ao suicídio, se torna ainda mais necessário falar sobre esse assunto. Especialmente agora diante do cenário de pandemia e isolamento social. O contexto pode parecer desafiador, mas o cuidado com as pessoas e os colaboradores, mesmo a distância, deve ser mantido.
Para o executivo e professor, Uranio Bonoldi, é essencial buscar formas de demonstrar a importância do contato. “Pode até faltar o abraço, mas não devemos deixar de mostrar por meio de palavras e olhares o quão é essencial essa interação. Uma conversa por telefone ou uma videochamada é uma sugestão de cuidado com amigos e familiares a nossa volta. Não sabemos a dor do outro, por isso, quando possível, abra espaço para diálogos sobre o assunto de forma direta ou questões as quais possam estar afligindo nossos interlocutores”, aconselha.
Setembro Amarelo
De acordo com a OMS, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do nosso planeta. Ou seja, em um ano, mais de 800 mil vidas são perdidas. Desde 2015, no Brasil, a campanha "Setembro Amarelo" divulga informações a respeito do tema, como forma de prevenção. Essa conscientização traz para dentro das empresas um olhar mais atento dos gestores. Dessa forma, buscam maneiras de interação entre os colaboradores para manter um diálogo mais aberto e se sentirem à vontade para falar a respeito da vida profissional e pessoal.
Ambiente saudável e acolhedor
Bonoldi destaca como a preocupação com o bem-estar dos profissionais é de extrema importância, pois quando uma equipe se sente confortável no ambiente de trabalho, os bons resultados aparecem. Em sua opinião, proporcionar esse espaço acolhedor também é responsabilidade de uma boa gestão. “O segredo está em dialogar e esse processo começa com os líderes e gestores contando as próprias experiências de forma atenciosa para gerar um envolvimento maior do time”, sugere.
A partir do momento no qual os funcionários se sentem confortáveis, o engajamento é consequência. “Quando essa iniciativa tem vivência dos gestores, estabelece-se também alto grau de confiança entre os contratados. É preciso ter em mente: essas são atitudes capazes de ajudar as pessoas em uma situação frágil, a buscarem ajuda. É importante estar preparado para acolher e lidar com situação como essa da melhor forma possível", enfatiza Bonoldi.
Outra dica importante foi dada por Carine Roos, especialista em desenvolvimento de mulheres e cofundadora da Elas, a liderança em momentos como o atual exige muito mais do indivíduo. “Seja transparente com a equipe envolvendo-a nas discussões sobre os rumos da empresa. Se permitir ser vulnerável por não ter todas as respostas nesse momento e ouvir a todos incentivando suas ideias e opiniões. Isso propiciará uma maior cultura de inclusão e pessoas se sentindo mais confortáveis e acolhidas nesse momento tão incerto”, recomenda.
Ações de apoio
Essas ações devem ser pensadas e estruturadas, mas também ressaltando o acompanhamento médico como ferramenta necessária. Segundo a pesquisa "Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19", divulgada recentemente pela Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada à USP, 75% das instituições desenvolveram ações de apoio psicológico aos funcionários desde o início da pandemia.
O professor reconhece como esse é um grande passo para ajudar quem está passando por alguma dificuldade psicológica e mostra um cuidado real com os indivíduos. “Existem centros especializados e podem fazer a diferença na vida em todos os momentos, mas sobretudo agora, com o atual cenário, cuidar do outro e buscar apoio especializado quando necessário pode ser a diferença para quem precisa de um auxílio. Vamos promover a vida e a empatia”, finaliza.
Como está a sua saúde mental? Acompanhe as matérias e conteúdos do Nube para mais dicas e orientações e não se esqueça: procure ajuda de profissionais se sentir necessidade. Assista também nossa campanha: “setembro amarelo: campanha todos pela vida!”