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Qual a mensagem do setembro amarelo? 

Notícia | 30/09/2022

Ana Clara Lima

Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Pensando nisso, em 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), propôs o Setembro Amarelo. Atualmente, essa data é promovida pelas organizações preocupadas com o bem-estar geral de seus integrantes. No entanto, há muitos questionamentos a respeito da real intenção por trás dessa iniciativa. Seria essa uma real preocupação das firmas ou somente uma maneira de promover sua imagem? Essas questões devem ser tratadas somente durante um mês ou esse deve ser um acolhimento contínuo? Compreenda um pouco mais sobre o assunto nesta matéria. 

Suicídio: um tabu em desconstrução

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e a seguradora Azos, o número de indivíduos na tentativa de tirar suas próprias vidas foi de 9,7 mil para 12,4 mil, entre os anos de 2014 e 2019. Dentre eles, 96,8% das ocorrências estão relacionados a distúrbios mentais tratáveis. Algumas áreas são de extrema preocupação, como é o caso dos operadores de telemarketing, representando 4,2% dos registros. No setor da Tecnologia da Informação (TI), os programadores possuem um frequência 2,4 vezes maior se comparado à média nacional. 

Nesse cenário, fica claro como as condições nas quais o sujeito se encontra no cotidiano impactam a sanidade da psique. “É interessante notar a existência de cargos muito exigentes, e é dever das organizações estarem atentas a isso, combatendo os focos de perda de saúde mental, a fim de preservar a vida e promover bem-estar do seu quadro”, comenta Heloísa Ramos, Chief Human Resources Officer da Certsys.

Por todo o globo, a depressão é o transtorno mais perigoso, tendo em vista o mais elevado número dessas medidas extremas. Somado a isso, hoje em dia a sobrecarga do trabalho também é muito impactante, condição essa potencializadora dos casos de Burnout. “É possível notar se um colaborador precisa de auxílio simplesmente observando e se preocupando com o seu time. O desempenho ruim será um reflexo relevante de uma situação complicada pela qual esteja passando. A falta de concentração, cansaço excessivo, irritabilidade e até reclamações de insônia devem ser alertas aos gestores. Além disso, inseguranças, casos de bullying e questões financeiras complexas também podem ser percebidas no espaço corporativo, e elas levam a estados mentais passíveis ao suicídio”, acrescenta Heloísa.

O debate sobre essa pauta já vinha se consolidando pelo mundo. A pandemia abriu ainda mais espaço para esses diagnósticos e transformou-se em uma temática de inevitável discussão. Apesar de muitos ainda não se sentirem seguros para falar sobre, houve uma naturalização desse tópico e, cada vez mais, uma desconstrução sobre seus respectivos preconceitos. Dessa forma, os dirigentes não podem mais ignorar essa questão. Logo, esse tabu está sendo ressignificado. 

Como proceder quando o Setembro Amarelo acaba?

Segundo a Previdência Social, um quarto das companhias brasileiras afastaram de um a cinco funcionários por adoecimentos psíquicos entre julho de 2021 e 2022. No ano passado, esse fato representou um total de 75 mil trabalhadores com um quadro depressivo, necessitando de uma licença. Dentre as principais causas, podemos citar: 41% com ansiedade; 31,9% com estresse; 26,7% com depressão e Burnout. 

Nesse contexto, as organizações devem sempre cumprir o seu papel de acolher e identificar aqueles necessitados. “Se realmente nos interessamos e buscamos conhecer bem com quem convivemos, não é difícil perceber quando alguém está um pouco mais quieto, agitado, nervoso ou triste se comparado ao normal, essa percepção é sobre o acolhimento e saber acolher é o principal ingrediente para tornar mais significativas as relações”, afirma Marco Fabossi, Sócio-diretor da Crescimentum.

Com grande parte do dia no serviço ou com obrigações em casa, há pouco tempo para os indivíduos cuidarem de si. Sob essas condições, a terapia é deixada de lado para dar preferência ao ofício e descanso físico. Desse modo, torna-se indispensável o incentivo, por parte dos gestores, aos cuidados com a individualidade de cada um. A liderança é a grande referência para aqueles dentro da organização, portanto, a principal postura disponível por uma sociedade pode (e deve) adotar para atender às necessidades emocionais da equipe. Ampliar a consciência de sua liderança sobre a necessidade de cuidar do estado emocional e treiná-las para aumentar o nível de confiança, proximidade e empatia por elas”, complementa Fabossi. 

Para promover a saúde mental, a Certsys selecionou alguma ações:

Produza e divulgue materiais informativos e palestras: vídeos, textos, avisos da corporação e a realização de palestras ou encontros presenciais ou on-line são formas simples de trazer conhecimento de especialistas para a entidade e apresentar ajuda a quem pode nem saber se precisa. Além disso, o diálogo auxilia a quebrar antigos tabus envolvendo o tema;

Realize atividades visando melhorar a saúde mental dentro da empresa: é muito comum a organização de atividades voltadas à melhoria de postura, campanhas de vacinação entre outras práticas promotoras da saúde. Movimentações responsáveis por ensinar técnicas de meditação e mindfulness, por exemplo, podem ser adicionadas às funções, focando especificamente a saúde mental e bem-estar. Aqui também entram espaços como salas de descompressão para o staff. Essa é uma forma de criar ambientes mais relaxantes;

Promova atividades em grupo: a vida social é imprescindível. Momentos de integração e lazer, criadoras de ambientes sociais saudáveis contribuem. Promover confraternizações é um passo significativo para o time se sentir bem. Aqui entram encontros como happy hour com a equipe e outras ações de cunho social;

Indique os canais de ajuda adequados: se um funcionário parece estar com problemas, a companhia pode indicar a ele os canais adequados para a busca por suporte. Essa é uma dica fundamental, tendo em vista os especialistas de saúde o grupo mais adequado para realmente contribuir com quem está precisando. Indicar um colaborador a buscar apoio médico é essencial, e também há canais com os quais ele pode entrar em contato a fim de ter um auxílio mais imediato, como o Centro de Valorização da Vida, disponibilizando atendimento para quem mais precisa via site, chat e pelo telefone 188. Também vale ter claras ações de tratamento psicológico inclusas nos planos de saúde dos integrantes.

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