Durante a quarentena, a nossa rotina mudou e a tecnologia ganhou ainda mais importância na vida diária. Com isso, as videoconferências foram estendidas: agora deixaram de ser utilizadas apenas para falar com clientes, parceiros e fornecedores distantes, mas também para se comunicar com residentes e colaboradores da mesma cidade. Porém, você sabia que esse contato direto com o recurso pode afetar de muitas formas a percepção da realidade e nossa saúde mental?
Autoimagem
Nos Estados Unidos, por exemplo, a imprensa especializada já cunhou o apelido “Efeito Zoom” em referência ao aplicativo, para mostrar a forte influência das câmeras ligadas o tempo todo na autocrítica em relação à aparência. “Esse fenômeno tem a ver com o fato das pessoas estarem frente a frente com a imagem delas de forma muito mais constante e ainda aliado à ansiedade e ao estresse característicos desse período, pode ser um impulso para o autocuidado, algo positivo. No entanto, devemos observar se isso não evolui para um caso mais sério de dismorfia ou insegurança com a própria aparência”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff.
Desgaste psicológico
Após uma sucessão de reuniões diante da tela, o cérebro revela uma fadiga podendo provocar exaustão mental. O desgaste é ainda maior, pois não há mais o deslocamento da residência até o local de trabalho, prática capaz de gerar um certo consumo físico. O esgotamento provocado pelo aumento de estímulos gerados por uma tela faz a mente gastar muito mais energia para a captação e interpretação durante os encontros virtuais.
De acordo com o coordenador do curso de Psicologia da Universidade Univeritas, André Novaes, somos seres sociais acostumados com a interação presencial. Quando realizamos uma reunião ou temos um contato com alguém, não observamos apenas a fala ou tom de voz da pessoa, mas naturalmente toda uma leitura de comportamentos não verbais, respiração, olhares e até mesmo linguagem corporal. “Esses fatores facilitam nossa vivência e compreensão. Com a ausência dessa possibilidade de leitura, aumenta nosso esforço para decodificar tudo”, ressalta.
O especialista alerta ainda como outros mecanismos podem interferir na disposição dos usuários para as inúmeras conferências. "Quando falamos de sensação e percepção é importante ressaltar: cada pessoa terá uma forma de processamento das informações e estímulos as quais é exposta. A própria luz emitida pela tela do computador e as múltiplas imagens das pessoas participantes da reunião, acabam por gerar a sensação de exaustão", analisa.
Saúde mental
Pessoas com algum quadro de saúde mental podem ser mais propensas a desenvolver o Zoom Fatigue, termo em inglês para designar a fadiga do uso de aplicativos de chamadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece saúde como não apenas a ausência da doença, mas o bem estar biopsicossocial. “Diante disso, é importante nesse momento, cada um de nós estabelecer rotinas mais saudáveis. A prática esportiva pelo menos três vezes por semana com média de 45 minutos produz em nosso organismo a liberação de neurotransmissores como serotonina e endorfina, responsáveis pela sensação de bem estar. Uma rotina adequada de sono também é extremamente importante. Saber colocar limites para execução do trabalho e tempo de descanso é essencial. Praticar um hobby também é outro fator com potencial para nos auxiliar a enfrentar esse momento de uma forma mais adequada", finaliza.
Como você tem lidado com o “Efeito Zoom”? Leia também a matéria “Evite gafes em videoconferências” e acompanhe as matérias e conteúdos do Nube!