A pandemia afetou a economia mundial de forma bastante democrática, fomentando uma grande e intensa modificação das relações de trabalho. Em geral, devido às dificuldades de compreender este acontecimento inédito, nota-se um “vai e volta” econômico sem avisos prévios. Dessa maneira, ficamos à mercê de nos acostumarmos com o constante exercício de desvendar o imprevisível.
A taxa de desemprego aumentou consideravelmente desde o início da crise. Atualmente, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Covid-19, o número subiu e chegou a 14,2% em novembro, a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em maio. Isso corresponde a 14 milhões de pessoas sem trabalho no país.
Modelos ultrapassados
Segundo June Alisson Westarb Cruz, percebe-se nas relações profissionais a fragilidade dos modelos de gestão pautados no “comando e controle”, os quais se apresentam cada vez mais difíceis e caros de serem praticados. Cruz é professor de Governança, Estratégia e Finanças no Isae Escola de Negócios e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC - PR), localizada em Curitiba (PR).
“O futuro do mercado está pautado na geração da autonomia responsável, a qual valoriza competências como agilidade, criatividade, confiança e relacionamento humano e digital”, aponta o especialista. Atualmente, pesquisas mostram uma recuperação econômica com picos de altas e baixas em um futuro próximo. Por hora, no Brasil, a retomada gradual da economia deve levar cerca de dois anos para voltar ao valor nominal do Produto Interno Bruto, registrado em janeiro de 2020”, pontua o docente.
De toda maneira, interpelar o futuro do trabalho na atual circunstância requer uma reflexão de tendências oriundas de um ‘velho normal’. “Como tendência, ainda temos muito a viver e aprender nos próximos meses, tanto na dimensão cultural quanto na econômica”, recomenda Cruz.
A seguir, o especialista lista as 13 regras de ouro do mercado de trabalho segundo sua visão:
- Gaste menos em relação ao recebido;
- Seja criativo;
- Mantenha-se em movimento;
- Valorize a simplicidade das boas coisas da vida;
- Conviva de forma intensa com seus familiares;
- Pense muito bem antes de usar suas economias;
- Aprenda mais sobre si mesmo;
- Procure novas oportunidades no mercado;
- Reinvente novas formas de relacionamento com as coisas e pessoas;
- Esteja aberto ao novo;
- Mantenha-se hidratado e em segurança;
- Nunca desperdice a chance de conhecer alguém, sempre faça networking;
- Reconheça: talvez, todo o seu conhecimento até o presente momento merece ser novamente apreendido.
Diferencial para os profissionais
A maioria dos trabalhadores mudou seu foco para questões mais pontuais e emergenciais. É preciso resolver a urgência, porém, sem deixar de lado a urgência. Portanto mesmo neste momento turbulento, as pessoas não podem esquecer de se desenvolverem a fim de criarem suas soft skills.
Afinal, trabalhar de casa durante a quarentena tem exigido forte controle emocional, equilíbrio e administração do tempo atuando com a família. Após esse período, as empresas tenderão a querer, cada vez mais, pessoas com maior índice de inteligência emocional.
Para Lúcia Carmo, especialista em RH, aprimorar habilidades pessoais pede a interpretação das habilidades. “As aptidões técnicas, ou hard skills, podem ser assimiladas com o treino do dia a dia. Porém, as relativas à atitude, demandam um desenvolvimento não-cognitivo e esse fator tem elevado a procura por cursos para ajudar na análise do perfil comportamental”, explica.
Como você tem se preparado para o pós-pandemia?