Segundo uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a maioria dos jovens brasileiros concordam com a existência da reprovação de alunos nas escolas públicas.
Apesar dos investimentos dos últimos anos do País em educação, os índices ainda estão aquém do desejado. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), temos a 3ª maior taxa de evasão escolar entre cem países e, segundo dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), apenas 50% concluem o ensino médio até os 19 anos, idade considerada "esperada".
Essa realidade também parece não agradar a juventude. Na pesquisa realizada pelo Nube, o resultado transpareceu a importância da discussão sobre o tópico. A pergunta "Você é a favor das escolas públicas reprovarem alunos com baixo rendimento?", visível no site entre 4 e 15 de novembro, contou com 7.495 votantes, entre 15 e 26 anos.
As opções de resposta abordavam quatro possibilidades. A opção mais votada foi "Sim, aprovar quem não sabe só traz prejuízos para a pessoa e para o Brasil", que obteve 64,27% dos votos. Em segundo lugar ficou a alternativa "Sim, só deve passar quem se esforça e sabe do assunto", que ficou com 25,32%. Na terceira posição, a opção "Não, a educação é ruim e reprovar não vai mudar nada" foi escolhida por 9,18% dos votantes e a alternativa "Não, isso irá lotar as salas de aula" terminou na última posição, tendo recebido apenas 92 votos ou 1,23% do total.
De acordo com Henrique Ohl, analista de treinamento do Nube, ao avaliarmos as duas escolhas com maior votação, que somam quase 90% dos participantes, notaremos dois pontos importantes. Primeiro, a maioria percebe a ineficiência do atual sistema de aprovação nas escolas públicas. "E isso é ótimo, afinal demonstra a insatisfação da população em relação à metodologia", enfatiza. Já sobre o segundo ponto, Ohl disse que "grande parte (64,27%) acredita na falha no processo de ensino como exclusividade do sistema de aprovação, enquanto 25,32% crê no fato de o aluno ser co-responsável por seu aprendizado".
Para ele, isso é interessante, pois mostra o interesse do estudante em envolver-se no próprio processo de aprendizagem, fator capaz de torná-lo mais responsável e apto para reivindicar, de maneira consistente e ativa, melhorias no quadro educacional brasileiro.
"Para uma educação satisfatória, devemos perceber o educando imerso em um contexto com várias influências para seu desenvolvimento, como família e relacionamentos", explica Ohl. Segundo ele, o problema não é a aprovação automática, "mas sim, considerar apenas essa ação como suficiente para solucionar nossos problemas", complementa.
Logo, outras iniciativas são necessárias e possíveis, como por exemplo, envolver e conscientizar os pais e os alunos no processo de aprendizagem e na importância dos estudos. "Considerando uma visão holística, se por um lado existem os desinteressados e, do outro, métodos insatisfatórios, encontrar uma maneira de alinhar expectativas da população e as possibilidades das instituições de ensino, pode ser uma das alternativas diferencias positivas frente às metodologias atuais", conclui o analista.
