A saúde mental tem se tornado uma preocupação crescente em nossa sociedade, afetando pessoas em todas as esferas da vida, incluindo o ambiente de trabalho. Nesse contexto, o compliance, conjunto de práticas focado na garantia da conformidade com leis, regulamentos e normas éticas, emerge como um aliado importante para promover a integridade dos colaboradores. Ao adotar políticas e medidas voltadas para a prevenção e o combate ao assédio moral, à discriminação e à pressão excessiva, as condutas em questão contribuem para o bem-estar dos individuos e fortalece as organizações como um todo.
As consequências da exaustão corporativa
Nos dias de hoje, o cuidado com as emoções é um fator determinante para a produtividade, a satisfação no serviço e o sucesso das empresas. No entanto, muitas delas ainda enfrentam desafios nesse quesito no escritório, como o esgotamento, a sobrecarga de tarefas, a cobrança por resultados e a cultura do medo. Essas problemáticas podem levar ao surgimento de transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão, afetando tanto a vida pessoal quanto a profissional do quadro.
Nesse contexto, é importante ressaltar como, frequentemente, há confusão entre estresse e Síndrome de Burnout, devido às similaridades em alguns sintomas e efeitos físicos e psicológicos dos quais podem se manifestar. Todavia, é crucial compreender
como esses dois conceitos não são intercambiáveis e possuem características distintas. “No meu ponto de vista, a principal questão a ser levantada é como, se não tratada, a enfermidade pode levar a complicações de saúde física e mental, como problemas de sono, ansiedade, depressão e problemas de relacionamento. Trata-se de uma condição séria e da qual não deve ser subestimada”, destaca Renata Tavolaro, Head de Psicologia da Orienteme.
Ademais, é preciso ter em mente como, independentemente do diagnóstico psique, as relações interpessoais são impactadas. O indivíduo pode experimentar mudanças de humor, reclusão social e irritabilidade, podendo prejudicar os laços no local de atuação. É comum ocorrer situações nas quais os afetados pela onda de exaustão se afastam dos colegas, enfrentam dificuldades de comunicação e para lidar com conflitos com o coletivo.
Logo, é indispensável as firmas reconhecerem como a redução da produtividade devido ao Burnout não é culpa do indivíduo afetado, mas sim uma resposta natural e compreensível a um estado de exaustão física e emocional. “A falta de motivação, dificuldade de concentração e baixa energia podem afetar a capacidade da pessoa de realizar suas tarefas de maneira eficiente e eficaz, sem falar na como a fadiga, a falta de energia e os sentimentos de desesperança podem levar a ausências frequentes, atrasos ou a um aumento no número de licenças médicas”, reforça Renata.
O mercado de trabalho demanda boas práticas!
Conforme dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores no Brasil sofrem com a Síndrome de Burnout. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta como aproximadamente 90% da população global sofre com estresse, sendo o Brasil o segundo país com o maior número de pessoas afetadas por esse problema, de acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMS).
Os trabalhadores são os principais responsáveis por impulsionar os negócios e representam ativos de grande valor. Dessa forma, mantê-los em pleno funcionamento, motivados e engajados com seu desenvolvimento profissional traz inúmeros benefícios para a firma. “Por isso, é positivo a empresa direcionar sua atenção para a saúde mental e transmitir uma mensagem clara à equipe de como o trabalho não deve ser motivo para adoecer", comenta Rafaela Frankenthal, CEO da SafeSpace.
Quando falamos sobre a implementação de ferramentas de comunicação com o time, a gestão deve estabelecer um diálogo aberto com os colaboradores, utilizando um canal de relatos on-line para assegurar o anonimato de quem denuncia. Outro ponto interessante é os programas das corporações investirem em treinamentos tanto para lideranças como para funcionários, tendo em vista como essa é uma medida fundamental para prevenir condutas inadequadas no serviço.
Fica nítido, portanto, como a conscientização sobre boas práticas laborais pode fazer a diferença na employee experience e evitar os casos de adoecimento. "A síndrome do esgotamento é oficialmente reconhecida como uma consequência das práticas de trabalho abusivas das quais afetam diretamente a saúde psicológica. Ela se caracteriza pelo sentimento de esgotamento ou exaustão de energia, maior distanciamento em relação ao trabalho e redução da competência profissional", reforça Rafaela.
O compliance chegou para ajudar!
Atualmente, é possível observar como o compliance desempenha um papel fundamental no campo laboral. Ao estabelecer diretrizes claras e políticas em prol de um ambiente saudável e respeitoso, as entidades podem criar uma cultura para intensificar a positividade do staff. Isso envolve não apenas o cumprimento de leis e regulamentos, mas também a adoção de condutas de gestão de pessoas focadas no bem-estar e na qualidade de vida coletiva.
Ainda assim, um dos aspectos mais relevantes em relação é a prevenção do assédio moral e da discriminação. Esses comportamentos abusivos podem ter um impacto devastador na realidade dos indivíduos, levando a quadros de estresse, ansiedade, baixa autoestima e até mesmo doenças psicossomáticas. Ao promover uma cultura de tolerância zero para maus hábitos, é viável contribuir na formação de um espaço seguro e justo, onde todos se sintam respeitados e valorizados.
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