Nos últimos anos, é possível perceber uma transformação significativa nas expectativas e desejos dos colaboradores, seja de altos cargos ou até mesmo estagiários e aprendizes. Conforme a sociedade evolui e novas gerações entram no cenário profissional, surgem outras prioridades e anseios, moldando a forma como as empresas operam e a equipe se envolve com o trabalho. Uma das mudanças mais marcantes é a busca por propósito e significado no emprego. As pessoas estão cada vez mais interessadas em encontrar um sentido mais profundo nas atividades do cotidiano. Elas querem se sentir conectadas com a missão e os valores da corporação, compreender o impacto de suas ações e contribuir para algo além do resultado financeiro.
Ademais, a flexibilidade se tornou um desejo crucial para muita gente. Com o avanço da tecnologia e a possibilidade de atuar remotamente, os cidadãos valorizam a liberdade de escolher onde e como estarão. A opção de horários alternativos, home office e equilíbrio entre carreira e vida pessoal são aspectos bastante bem vistos. Outra questão relevante é o desenvolvimento contínuo. Os indivíduos querem oportunidades de aprendizado e crescimento, por meio de treinamentos, programas de mentoria e possibilidades de promoção.
A diversidade e a inclusão também se tornaram fundamentais. É preciso respeitar as diferenças, promover a variedade de gênero, raça, orientação sexual e culturas. Todos querem se sentir pertencentes e reconhecidos em sua individualidade. Por fim, a preocupação com o equilíbrio ambiental e social é essencial. Os candidatos têm preferência por organizações sustentáveis, éticas e com impacto positivo no mundo.
As prioridades agora são outras
Há algum tempo, o salário deixou de ser o único fator determinante para muitas pessoas escolherem um emprego novo ou decidirem permanecer em seus cargos atuais. Com as alterações ocorridas nos últimos anos em termos de hábitos, compromissos e prioridades, os cidadãos passaram a enxergar o universo laboral com outros olhos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, 61% dos entrevistados buscam bem-estar no ambiente corporativo, com ênfase nos cuidados com a saúde mental e física.
Para a psicóloga da 3778, Jéssica Silva, os gestores precisam adotar novas abordagens diante desses novos tempos. "Os funcionários e suas necessidades agora estão no centro das decisões tomadas pelo setor de recursos humanos. Por isso, é importante estar atento a essas transformações no mercado e oferecer os benefícios mais atrativos para essa geração", comenta.
Segundo levantamento realizado pela 3778, 78% dos casos de afastamento médico ocorridos em 2021 e 2022 estavam relacionados a transtornos mentais. Infelizmente, o trabalho pode ser uma fonte de estresse e ansiedade. "A preocupação com esse tema é amplamente reconhecida neste século. Portanto, criar políticas e estratégias para cuidar do time passou a ser um requisito essencial. A promoção de atividades físicas e meditativas, a disponibilização de suporte psicológico, a promoção de um ambiente saudável e a implementação de programas regulares de treinamento são alguns exemplos", explica Jéssica.
Atualmente, muito se fala sobre a semana de trabalho de quatro dias. A Microsoft testou esse modelo em seus escritórios durante cinco semanas. Em todas as sextas-feiras, os funcionários tinham folga, mas continuavam sendo remunerados. O experimento revelou um aumento de 40% na produtividade, maior satisfação entre os integrantes e redução de diversos custos. "Essa pode ser uma das soluções", comenta a especialista.
O trabalho híbrido pode ser melhor aproveitado
Enquanto vários escritórios têm um crescimento na sua ocupação, alguns enfrentam dificuldades e se esforçam para adotar estratégias relacionadas ao formato híbrido. De acordo com a Forbes, exigir a presença física na maioria dos dias causa insatisfação nos membros. Além disso, essa não parece ser a melhor tendência para impulsionar os resultados.
Atualmente, muitos locais optam por investir apenas em uma sede central, sem considerar outros espaços. "Os novos modelos vieram para ficar. Os funcionários esperam isso e os comandantes estão tentando se adaptar a essa realidade. No entanto, as companhias ainda estão enfrentando desafios para gerenciar adequadamente esse cenário", afirma a líder de pesquisa e estratégia da JLL, Hannah Dwyer.
Durante a pandemia, ficou evidente como os indivíduos eram capazes de realizar grande parte de suas tarefas em praticamente qualquer lugar. O modelo evoluiu, transformando o escritório em um centro de colaboração, enquanto a casa e outros locais externos se tornaram espaços de concentração. "Não esperamos ver níveis significativos de expansão como costumávamos ter no passado, mas sim um foco em otimizar os ambientes existentes e torná-los aptos ao propósito pretendido", comenta Hannah.
No entanto, para ela, ainda é necessário um certo nível de atualização quando se trata de avanços tecnológicos. Conforme a pesquisa "Future of Work", da JLL, apenas 13% dos empreendimentos se encontram em um estágio moderno. Essas soluções possibilitam capturar novos tipos de dados. Quando os negócios analisam a gestão de instalações, normalmente pensam em limpeza, segurança e serviços. Agora, é necessário observar o de forma mais ampla. Ele é eficiente? Qual é o consumo de energia? Qual é o custo imobiliário por funcionário? O ambiente de trabalho é inclusivo e diverso? “Isso deve orientar as decisões dos clientes, pois proporciona maior agilidade, transparência e capacidade de resposta", complementa a especialista.
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