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Maioria dos trabalhadores não tem bem-estar satisfatório 

Notícia | 15/01/2025

Rodrigo Barreto

O bem-estar no trabalho vai além de cadeiras ergonômicas e horários flexíveis. Ele está diretamente ligado à qualidade de vida e ao desempenho profissional. Porém, a maioria dos colaboradores não se sente plenamente satisfeita nesse aspecto. A falta de equilíbrio entre saúde física, mental e realização no ambiente corporativo tem preocupado especialistas e impactado empresas de todos os setores.

 

O cenário do bem-estar dos colaboradores

 

De acordo com pesquisa da Vidalink, 51% dos brasileiros avaliavam seu bem-estar geral como mediano. Além disso, 71% classificavam seu nível de satisfação entre médio e muito baixo, sendo esse índice ainda mais alarmante entre as mulheres (79%) em comparação aos homens (61%). Apenas 6% dos entrevistados estavam muito satisfeitos com sua condição atual.

Para o CEO da Vidalink, Luis González, as organizações devem adotar uma abordagem mais abrangente na criação de benefícios. “Desde o acesso à alimentação saudável até tratamentos médicos adequados, é essencial considerar os diferentes fatores da qualidade de vida e ajustar esses programas às particularidades de cada equipe”, afirma.

Cerca de 41% dos participantes afirmaram sentir ansiedade frequentemente, com 17% combinando essa sensação a um estado de angústia. Apenas 7% relatam estar felizes e realizados em suas funções. “Os números reforçam a necessidade de mudanças, promovendo maior equilíbrio no cotidiano”, destaca González.

Segundo o especialista, “garantir acesso a hábitos saudáveis e um ambiente acolhedor é uma responsabilidade dos líderes. Colaboradores felizes e engajados resultam em maior produtividade e sucesso organizacional”.

 

Cuidado com a demissão silenciosa

 

O termo "quiet quitting" refere-se a quem se limita a realizar apenas as tarefas mínimas necessárias para manter seu emprego, evitando esforços extras ou iniciativas proativas. Esse comportamento, descrito como uma forma de “desistência silenciosa” do trabalho, é pautado na ideia de atuar estritamente conforme a remuneração recebida.

Embora a princípio pareça uma atitude justa, atuar dessa forma pode trazer sérias repercussões, não apenas para as organizações, mas principalmente para os próprios indivíduos. Segundo a head de recursos humanos do ButtiniMoraes Advogados, Neide Leite Galante, “isso não é fruto de uma única causa, mas sim de um conjunto de fatores, como salários insatisfatórios, ausência de reconhecimento, ambiente organizacional tóxico e excesso de demandas”.

A expressão ganhou destaque nas redes sociais em 2021, mas o conceito não é totalmente novo. Ele reflete comportamentos já estudados em psicologia organizacional, mas foi amplificado pelo contexto da pandemia de Covid-19. Elementos como o aumento do estresse no home office, dificuldades em lidar com transformações abruptas e o isolamento social contribuíram para essa tendência.

Segundo Neide, essa postura prejudica principalmente quem a exerce. “Ao se distanciar de suas responsabilidades, a pessoa perde oportunidades de aprendizado, crescimento e desenvolvimento de habilidades. Isso pode levar à estagnação na carreira e dificultar futuras recolocações no mercado”, alerta.

Essa ação também atrapalha a dinâmica das equipes. A queda na produtividade, os atrasos em entregas e a necessidade de redistribuir funções entre colegas podem gerar conflitos, ressentimentos e um clima negativo. Essa desconexão cria desconfiança e desmotivação.

Adotar esse estilo como estratégia pode parecer uma solução imediata para lidar com insatisfações, mas pode trazer problemas duradouros. “Em vez de seguir por esse caminho, é fundamental buscar diálogo aberto com os gestores para tentar resolver a situação. Caso opte por sair da empresa, é importante fazê-lo de forma ética, cumprindo seus deveres até o último dia”, orienta Neide.

Reconhecendo o impacto significativo desse comportamento, muitos empreendimentos estão investindo em iniciativas para aumentar o engajamento e a motivação dos funcionários. A criação de canais de comunicação abertos, treinamentos e ações de relacionamento é comum. Promover um local acolhedor pode ser a chave para evitar o turnover e manter os times produtivos. 


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