Uma coisa é certa: o novo termo tem repercutido muito na mídia ultimamente. O “Quiet Quitting” ou demissão silenciosa, em português, traz novas perspectivas para o mundo corporativo. Em suma, seu objetivo é evitar o Burnout, ao trabalhar mais horas se comparado com o necessário para entregar as devidas demandas. Nesse sentido, descubra mais sobre o assunto e conheça algumas reflexões para ajudar a lidar com esse movimento.
O que é o quiet quitting e como ele se apresenta nos profissionais?
Para muitos especialistas, essa temática é uma tendência, pois deixa tanto os trabalhadores quanto as empresas em alerta. Isto é, principalmente quando falamos dos sinais de esgotamento, os quais têm sido muito recorrentes e vários levantamentos comprovam essa questão.
Segundo uma pesquisa realizada pela plataforma de gestão de engajamento, Pulses, com mais de três mil colaboradores, 80% indicam se sentir cansados e 54% estão frustrados com suas atividades. Já 60% dos entrevistados relataram estar sem disposição e 67% dizem precisar provar o seu valor no emprego.
Para Rebeca Toyama, fundadora da ACI, empresa signatária do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas), mestre em psicologia clínica e administradora, essa ação tem origem no passado. “Dentro do quiet quitting vemos profissionais mais jovens, os quais um dia já viram seus pais ‘se matarem’ de tanto trabalhar, deixando de ter um tempo de qualidade com suas famílias para se dedicarem integralmente à organização”, comentou.
Veja também: quiet quitting: entenda o fenômeno corporativo.
O quiet quitting surgiu na pandemia e se popularizou no meio profissional
Todavia, a transformação digital e a crise sanitária mudaram várias perspectivas. “Com a chegada da pandemia, esses novos talentos sentiram a necessidade sair do piloto automático para se conectar melhor com sua essência e também com propósito de vida”, revelou Rebeca.
Vale lembrar: alguns sintomas de frustração podem ser só o começo de outros sinais mais profundos, de indivíduos com transtornos mentais, como a depressão. Portanto, os empreendimentos precisam redobrar a atenção e o cuidado com seus colaboradores, pois essa é uma das principais causas de absenteísmo. Em 2020, foi a causa mais incapacitante do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Já o presenteísmo é um dos fatores de maior impacto na baixa produtividade e qualidade de uma equipe.
Para a executiva, é fundamental focar em campanhas internas. “As companhias precisam entender as suas responsabilidades sociais e investir em treinamentos para os líderes. Assim como em programas de prevenção de doenças psicológicas identificadas e acolherem os colaboradores com sinais vermelhos, como por exemplo: stress, ansiedade, tristeza, dificuldade de concentração e falta de motivação”, alertou.
Nós recomendamos: saiba melhor sobre o quiet quitting.
Como o quiet quitting acontece hoje dentro das empresas?
Muitas pessoas viram o advento da Covid-19 como um divisor de águas, na qual o teletrabalho trouxe várias possibilidades e benefícios, como flexibilidade. Contudo, por outro lado, ultrapassou as barreiras entre vida pessoal e profissional, tornando mais difícil desconectar das atividades laborais e, consequentemente, aumentando o estresse e a sobrecarga.
Diante desses fatores, surge o movimento do “quiet quitting”, levando como preceito chave o equilíbrio. Assim, trouxe a oportunidade de reavaliar a carreira e também partir uma nova experiência de autoconhecimento. “Para os profissionais insatisfeitos com suas tarefas e atual posição, é interessante fazer uma reflexão de coisas para se mudar e buscar estudar meios de chegar neste patamar desejado”, aconselhou Rebeca.
Para quem já aderiu ou pensa em implementar esse movimento em sua vida, a especialista propõe cinco reflexões:
1- O quiet quitting te aproxima ou te afasta de seu propósito e potencial?
2- O que impede você de buscar um novo trabalho?
3- Qual imagem ou marca profissional você está construindo com essa postura?
4- Essa conduta tem realmente trazido mais qualidade de vida?
5- Quais os benefícios e custos dessa estratégia a longo prazo para sua vida profissional e pessoal?
Leia também: como o quiet quitting atinge os diferentes perfis de funcionários.
Como as corporações podem ajudar seus profissionais?
Segundo Leonardo Coelho, head de Health & Human Capital Solutions da Aon Brasil, um passo importante para construir uma força de trabalho resiliente é a compreensão dos limites necessários para se manter uma relação saudável e promissora. “Os índices de exaustão dos funcionários crescem, provocados em boa parte por uma rotina repetitiva de reuniões contínuas, horas extras e cobranças fora do expediente. Políticas específicas para agenda diária, comunicação clara e intervalos para descanso são pontos simples responsáveis por reduzir a carga física e psicológica”, recomendou.
Para ele, é fundamental focar no grau hierárquico também. “Líderes devem praticar a empatia, compreendendo como as prioridades de todos mudaram com os impactos provocados pela pandemia. Esse novo ecossistema social foi o catalisador de sentimentos já existentes”, apontou o head de Health & Human Capital Solutions.
Curtiu o assunto e quer saber mais? Também dê uma olhada em: evite o quiet quitting na organização.
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