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Como é a relação da educação com a tecnologia? 

Notícia | 25/05/2023

Rodrigo Barreto

O setor educacional no Brasil precisa de atualizações há anos e a pandemia revelou a possibilidade de inovar, com benefícios claros. Com a retomada das atividades presenciais, existem novos desafios para os integrantes dessa esfera. É fundamental adaptar-se à realidade atual, pois isso impacta diretamente nos futuros estagiários e executivos do país. Desde a chegada da Covid-19, alunos, educadores e famílias conheceram diferentes modelos de ensino.

Como foi o ensino a distância durante a pandemia?

A pandemia afetou profundamente o segmento, forçando o fechamento de escolas e universidades em todo o país. Como resultado, muitas instituições de ensino adotaram o ensino a distância (EaD) para garantir a continuidade das atividades. Contudo, a transição para o modelo remoto não foi fácil. Muitos professores e alunos não estavam preparados para lidar com as tecnologias necessárias para o EaD. Além disso, a falta de acesso à Internet e dispositivos digitais adequados tornou o processo ainda mais difícil para muitos cidadãos.

De acordo com a Pesquisa Jovem Covid-19, 51% dos matriculados no ensino médio tiveram uma boa experiência estudando remotamente. No ensino médio técnico houve empate: 42% dos estudantes consideraram a situação negativa e 42%, positiva. No entanto, 55% de quem está em um curso superior gostaram da vivência.
Na 1ª onda, 75% dos alunos tiveram aulas a distância. Na 7ª, período mais letal da doença no Brasil, esse número atingiu 85% e, hoje, apenas 23% seguem em casa. Em relação ao modelo presencial, entre a 1ª e 5ª ondas, o patamar foi zero. Na oitava onda, 30% já haviam retomado e, no início de 2022, o número dobrou: 60%. Hoje, praticamente todos estão com suas rotinas normalizadas.

A qualidade do aprendizado também foi atrapalhada, pois a interação face a face foi substituída por aulas on-line e fóruns de discussão. Vários alunos relataram dificuldades em se concentrar e manter a motivação, enquanto os professores lutavam para mantê-los engajados e motivados. Apesar dos desafios, o formato virtual mostrou-se uma opção viável para garantir a continuidade das demandas. Algumas instituições conseguiram se adaptar rapidamente e oferecer uma boa experiência a seus matriculados, enquanto outras até hoje não conseguiram superar aquela etapa.

Entretanto, o ensino presencial ainda é muito importante no país. O contato com os docentes e colegas é essencial para o desenvolvimento pessoal e social dos discentes, além de ser mais eficiente em muitos casos. Em resumo, a experiência remota no Brasil foi desafiadora, mas também abriu caminho para novas formas de atuação. Conforme o mundo se recupera do período pandêmico, é interessante avaliar quais aspectos não funcionaram e os pontos positivos, para garantir o setor preparado para lidar com futuras crises.

O contexto atual do ensino brasileiro

Desde o surgimento do Coronavírus, a sociedade precisou se adaptar a uma nova realidade. Na volta à normalidade, tudo estava diferente. “Quando os estudantes retornaram, havia um ambiente novo e desconhecido para nós. Eles mudaram para o formato digital em março de 2020 e voltaram para as salas de aula em 2022, duas séries adiante. Durante esse tempo, eles estiveram longe do ambiente escolar, com suas rotinas e conflitos. Isso também faz parte do processo de aprendizagem”, explica a professora e diretora-geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho.

O ano de 2022 permitiu a construção de novas abordagens para lidar com os obstáculos apresentados. “Percebemos como nossas práticas e conhecimentos, até mesmo em relação às regras, não eram suficientes. Estávamos enfrentando um momento inédito. Portanto, foi necessário um novo acordo pedagógico entre todas as partes envolvidas no processo”, comenta Esther.

Segundo a professora, é preciso explicar aos jovens a relevância de estarem presentes na escola. “Nosso foco era transformar alguns hábitos adquiridos durante a pandemia, ao mesmo tempo, ouvir quais ações funcionam para eles, dialogando com as necessidades deles e promovendo, assim, uma consciência coletiva”.

A importância desse movimento se torna mais evidente ao observar a mentalidade e o comportamento no convívio pessoal. “Recebemos alunos menos maduros, sem alguns hábitos estudantis e organização no dia a dia. Além disso, percebemos uma perspectiva mais individualista e um pensamento de grupo mais fraco”, afirma a diretora.
Para ela, as diferentes formas de gerenciamento da rotina durante o isolamento social resultaram em uma mudança no desempenho e na perda da autonomia para absorver o conteúdo. “As famílias estabeleceram planejamentos possíveis para cada realidade em suas casas. Ao retornar para o colégio, havia algumas lacunas, conflitos e desafios. Esses alunos chegam sem o mesmo desenvolvimento esperado em períodos anteriores”.

Essas questões também afetaram os educadores. “O professor ficou mais ansioso e preocupado nesse cenário. Os aspectos disciplinares se tornaram mais difíceis e alguns comportamentos afetam a dinâmica da turma como um todo”, comentou a diretora-geral. “Com o corpo docente, foi necessário lidar com as expectativas, pensar nos conteúdos essenciais e reprogramar o planejamento. Redimensionar os calendários de avaliação e encontrar formas mais produtivas de realizá-las também foi essencial”.

Segundo a especialista, nos últimos dois anos, houve muitas variáveis complexas a serem enfrentadas e isso demandou a tomada de decisões ágeis e criativas. A partir desse processo, foi aprendida uma grande lição: a construção conjunta não pode ser realizada somente em momentos pontuais. É crucial o engajamento de todos os envolvidos no para sair de uma posição preocupante e avançar em direção a uma experiência mais efetiva.

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