Conforme uma pesquisa realizada pela Pebmed, 30 milhões de brasileiros são vítimas do burnout, configurando um terço dos trabalhadores. Aliás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece esse número alarmante como uma doença do trabalho. Os sintomas são resultado de episódios duradouros de aborrecimentos ocasionados por algumas razões: alta carga horária, falta de conexão, identidade e propósito no cargo em questão. Logo, o excesso de demandas e preocupações são responsáveis por consumir uma energia significativa dos colaboradores, prejudicando o bom aproveitamento de seu tempo. Sendo assim, entenda a importância de ajudar o quadro a equilibrar seus compromissos e potencializar a inteligência emocional.
Quais são os direitos trabalhistas?
Popularmente conhecida como Síndrome de Burnout, ela também é denominada como Síndrome do Esgotamento Profissional. Comumente, ela ocorre quando profissionais lidam diariamente sobre pressão e com responsabilidades constantes, englobando enfermeiros, jornalistas, médicos, policiais, professores e outras diversas áreas de atuação. Não obstante, o distúrbio emocional causado por intensa exaustão foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS.
Sobre o tópico, já existem diversos regulamentos dos quais as corporações devem seguir, como a impossibilidade de demitir o enfermo por um período de um ano. “Comprovado o diagnóstico, o trabalhador deve apresentar na empresa um atestado médico concedendo, no mínimo, 15 dias de afastamento. Ele não pode sofrer prejuízos em sua remuneração, assim, a entidade arca com o salário nesse período. No entanto, se o tratamento superar esse tempo, a partir do 16° dia, a responsabilidade pelo pagamento passa a ser do INSS, através do benefício auxílio-doença, constatado pela perícia médica”, pontua o advogado trabalhista, André Leonardo Couto.
Inclusive, se a condição se manter mesmo com o intervalo afastado pelo INSS, poderá ser concedido o direito à aposentadoria. “Falamos de uma doença séria na qual, em alguns casos mais graves, o trabalhador pode ficar impossibilitado de voltar ao emprego de forma definitiva, podendo solicitar a aposentadoria por invalidez. No entanto, é necessário ter contribuído por no mínimo 12 meses, sendo esse o período denominado, popularmente como carência", complementa Couto.
Outro ponto relevante é a possibilidade de acionar a justiça para pedir indenização caso o funcionário não seja levado a sério pela companhia. “Se a empresa não cumprir o seu papel ou ignorar a doença, os gestores devem se lembrar dos três motivos ocasionadores da indenização por dano moral: o burnout em si, ter adoecido em razão do trabalho e por fim, culpa da organização na enfermidade. Além disso, o trabalhador pode pedir também reembolso material, por gastos médicos com remédios e outros itens relacionados ao tratamento", ressalta o advogado.
O trabalho preventivo é vantajoso!
Segundo dados da Workforce Preferences Barometer, a remuneração já deixou de ser o foco dos trabalhadores há um tempo, passando da primeira colocação para a terceira. Hoje em dia, a prioridade está na qualidade/equilíbrio entre vida pessoal e profissional, representando um total de 59% dos entrevistados. Nesse contexto, é indispensável dispor de uma cultura organizacional preocupada com o senso de pertencimento do staff. Pensando nisso, elencamos três medidas simples de serem implementadas em prol de um trabalho preventivo. Confira!
- Invista em benefícios de saúde: a aposta nos auxílios voltados para a integridade física e mental do time é certeira, além de econômica do ponto de vista financeiro. Isso se deve ao fato dos impostos calculados em cima dos benefícios serem menores se comparados com a receita de salários. A parceria com esses tipos de programa proporciona descontos interessantes para todas as categorias. “Enquanto existem firmas olhando para o entretenimento e outras coisas, alinhar o pacote de benefícios ao bem-estar mostra a existência de uma filosofia focada na saúde, algo muito valorizado hoje pelos colaboradores”, analisa Karine Cavalcanti, sócia fundadora da Conceito 3W.
- Aposte na humanização dos líderes: em meio à robotização pelo globo, a humanização também entrou em pauta, não apenas nas redes, como também no ambiente corporativo. As direções vêm investindo em ambientes mais colaborativos e com hierarquia menos rígida, na qual todas as pessoas possam dar ideias e contribuir. Não é mais somente sobre quem é o colaborador, como também todo o sistema ao redor. “Invista em ensinar os seus líderes a falar sobre emoções e como os seus funcionários estão se sentindo. Esse é um dos caminhos mais assertivos para conseguir mapear potenciais riscos de saúde mental”, complementa Karine.
- Ensine os valores da produtividade: essa é uma das temáticas mais recorrentes no meio laboral, pois ela define a agilidade de um estabelecimento e o potencial de trabalho de uma pessoa. Diferentemente do senso comum, passar 12 horas na frente de uma tela não é sinônimo de produtividade, pois o importante é a qualidade e quantidade das entregas no final do dia. “Deixar isso claro para líderes e funcionários, estimulando uma cultura pautada pelo rendimento em si é muito importante para ajudar a cuidar da saúde mental dos colaboradores e, consequentemente, da corporação”, conclui a sócia fundadora da Conceito 3W.
Em suma, o RH proativo necessita antecipar suas ações antes dos problemas acontecerem. Afinal de contas, o enfrentamento das mazelas e a superação delas são questões muito pessoais, mas existem alternativas para evitar o surgimento de transtornos internos e, ainda, amenizar as consequências deles no ambiente corporativo.
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