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O poder de uma jornada de trabalho flexível 

Notícia | 13/02/2023

Carolina Amaral

A discussão da proposta de reduzir a jornada de trabalho para quatro dias na semana ganha gradativamente mais força ao redor do mundo sendo, inclusive, pauta no Fórum Econômico Mundial de Davos, no ano passado. Alguns países já colhem ótimos frutos com esse tipo de iniciativa, como os Emirados Árabes Unidos. Após implantar, no início de 2022, uma semana mais curta, viu uma redução de 55% nas faltas dos funcionários e 70% deles declarando sentirem mais eficiência no ofício depois da mudança. Para especialistas, isso também contribui para diminuir a incidência de transtornos mentais, como a síndrome do esgotamento profissional. Logo, apesar de ser algo evitado pela maioria das instituições, pode trazer melhoras significativas para todos os envolvidos, caso considerado. Por essa razão, estar a par do tema e seus benefícios é interessante. Faça isso agora!

 

A importância de um psicológico estável na vida do trabalhador

Um levantamento do Great Place To Work (GPTW) denominado Employee Experience, contou com 1.248 participantes na primeira parte e 1.056 na segunda, totalizando 2.304 indivíduos, sendo, grande parte, de cinco segmentos específicos: 26% da área de tecnologia, 13,2% indústria, 10,1% serviços, 6,1% de saúde e 6,1% outros. Ademais, 60,6% das pessoas atuam no setor de Recursos Humanos.

Os dados tiveram como resultado 75,3% das organizações oferecendo algum tipo de flexibilidade aos seus funcionários. Entre as possibilidades, destacam-se o home office (68,4%), a atuação híbrida (64,3%) e a carga horária flexível (51,7%). Contudo, a redução dos dias úteis semanais ainda está em teste no Brasil, sendo citada por apenas 1,9%. “Experiências em todo o mundo já deixaram claro o quanto esse modelo pode ser vantajoso, tanto financeiramente para os empreendimentos, quanto para os contratados. Com isso, torna-se uma importante contribuição para diminuir a incidência de quadros como o Burnout”, defende Milene Rosenthal, psicóloga e co-fundadora da Telavita.

O International Stress Management Association (ISMA-BR) coloca a nação brasileira como o segundo país com maior número de trabalhadores afetados pela doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), somos também líderes em taxa de pessoas com ansiedade e o quinto lugar em casos de depressão. Tudo isso se agravou com a pandemia e, desde então, muitos profissionais têm priorizado qualidade de vida acima de outros aspectos, como salários, por exemplo.

Quando se trata de saúde mental e a adoção de vantagens acerca do assunto,  22,5% das entidades afirmaram ter algum tipo de terapia on-line; 21,7% disseram oferecer acompanhamento psicológico presencialmente; 12,2% outros tipos de oportunidades e 8,4% têm um dia dedicado ao cuidado nesse sentido. “Os dados demonstram existir um aumento da conscientização das empresas sobre a necessidade de criar uma experiência positiva para os colaboradores em todas as etapas, mas ainda existem lacunas a serem preenchidas”, aponta Daniela Diniz, Diretora de conteúdo e relações institucionais da Great Place To Work. 

“O Burnout vem acometendo milhões de trabalhadores ao redor do mundo, por conta de longas jornadas e excesso de estresse. Oferecer condições mais acolhedoras pode ser um diferencial. Um dia a mais de folga ajuda a baixar os níveis de nervosismo. Há mais tempo para o descanso, o convívio em família e desocupar a mente das obrigações. Isso também aumenta a produtividade e o foco porque a mente fica mais limpa e quando necessário consegue se concentrar melhor”, explica a psicóloga.

 

Oferecer outros benefícios também é interessante

Além do bem estar psicológico, alternativas voltadas para o financeiro, como consultoria (8,5%) e salário sob demanda (3,9%), ainda estão sendo pouco usados. Contudo, 32,8% das entidades já oferecem apoio na educação e gestão de verba, com palestras, webinars e conteúdos sobre o tema.

Entre as opções amplamente oferecidas estão plano de saúde (85%) e odontológico (72,9%); licença maternidade (51,3%); participação nos lucros (50,5%) e convênios/parcerias com academias e estúdios de atividade física (44,9%). Todavia, quando o objetivo é o desenvolvimento dos talentos, estão os recursos de educação em plataformas de aprendizagem virtual (56,1%), bolsas de estudo para pós-graduação (36,6%), graduação (35,3%), cursos de idiomas (34,1%) e universidade organizacional (23%).

Apresentar certa tolerância para os labutadores poderem se expressar livremente é uma ação fundamental. Dentre os escutados no estudo da GPTW, a maioria (51,5%) afirmou não sentir essa abertura e 21,9% disseram lidar com algum tipo de restrição os inibindo, como políticas de dress code  (16,1%). 

Outro aspecto considerado, foi a comunicação de novidades entre os membros, como mudanças na estratégia e outras informações relevantes do negócio. As ferramentas institucionais, como WhatsApp e rede social empresarial (68,4%), foram as mais citadas, seguidas das reuniões periódicas (55,2%) e da intranet (44,5%). Por outro lado, 28,3% atribuíram essa responsabilidade à liderança.

 

Cuidar do bem estar do time é um ganho de todos

Recentemente, um estudo feito pelo Harvard Business Review apontou como subalternos satisfeitos são 85% mais eficientes, 31% mais produtivos e 300% mais inovadores. Esse tipo de investigação tem sido levado em conta por vários estabelecimentos na hora de repensar os moldes operacionais, buscando conciliar incríveis performances com a felicidade do time.

Em 2019, a Microsoft, no Japão, testou uma semana de ocupação com um dia a menos e o resultado foi alavancamento nas vendas, redução no consumo de energia em 23% e aumento de 40% na produtividade. Depois disso, países como Bélgica, Suécia, Islândia e Estados Unidos também tiveram atitudes parecidas, assim como companhias brasileiras. 

“É um processo de adaptação e cada corporação é capaz de analisar o modelo mais conveniente para sua realidade e com possibilidade de viabilizar. Porém, as iniciativas já concretizadas demonstram haver procedimentos dentro das firmas sem necessidade e evitando uma maior qualidade de vida para seus profissionais. Revendo isso, todos têm a ganhar, pois um ambiente laboral mais saudável é sempre benéfico”, finaliza Milene.

 

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