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Ponha em prática a diversidade na sua empresa 

Notícia | 20/12/2022

Pedro Fagundes

Sua empresa tem se preocupado em inserir pautas de diversidade e inclusão na rotina? De acordo com uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a qual contou com a participação de 25.505 estudantes, 37,69% até enxergam alguma iniciativa das companhias, mas ressaltam haver muita margem para melhora. De todo modo, essa temática tem tomado conta da sociedade e urge ser, cada vez mais, implementada no universo laboral. Prezar pela igualdade de oportunidades dentro das empresas é essencial para atingir um ideal de evolução como país. Para tanto, é preciso promover mudanças e encarar o desafio. Quer se aprofundar melhor no tema? Acompanhe a matéria a seguir e confira!

 

Contexto de diversidade no mundo dos negócios

A insurgência de parâmetros como o ESG (governança ambiental, social e corporativa), no meio dos negócios, tem trazido para o centro do debate questões críticas à coletividade. Itens como a inclusão e sustentabilidade tem estampado capas de revista e capturado algumas horas do cotidiano de CEOs ao redor do globo. No entanto, na prática, esse gesto lúdico de mudança parece não ter surtido tanto efeito. Um levantamento da Bozza Consultoria aponta como apenas 19% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres, enquanto 89% deles têm os homens como encabeçados. Outro estudo, promovido pela Robert Walters, destaca como 42% dos pesquisados consideram haver pouca ou nenhuma diversidade de gênero nos cargos de liderança de suas organizações. 

Essa relação entre a posição em cargos de homens e mulheres – a qual já é historicamente argumentada – assusta pela disparidade. No entanto, quando se vai analisar o lugar de outros grupos específicos, os quais preenchem a palavra diversidade, depara-se com um cenário ainda mais abandonado. “A pluralidade se refere a uma representação equilibrada de gênero, etnia, idade, orientação sexual e outros fatores (por exemplo, pessoas com deficiência, veteranos, grupos religiosos) em todos os níveis de uma corporação. A pauta tem ganhado relevância dentro das instituições. Todavia, entre o discurso e a prática há um grande abismo”, enfatiza Ronald Bozza, sócio da Bozza Soluções Estratégicas em Recursos Humanos. 

 

Pertencimento das pessoas transgênero no meio laboral

Dentre todos os cenários de inclusão vigentes ao mercado de trabalho, um caso o qual sempre requer maior atenção é a contratação de transexuais. Isso decorre de um preconceito enraizado à sociedade, o qual tende a repulsar esse grupo de indivíduos do universo laboral. Segundo a Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2% da população brasileira é composta por pessoas transgênero ou não binárias. Perante esse contexto, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta como 90% desse público se vê forçado a recorrer à prostituição pelo menos uma vez na vida. O restante costuma trabalhar informalmente pela maior parte de seu tempo.

Essa equação fundada na falta de oportunidades e discriminação prejudica a promoção de rotina saudável a esse microcosmos. O 1° Mapeamento de Pessoas Trans da Cidade de São Paulo, o qual ouviu 1.788 trans e travestis, enumerou como a maior parte dessa população é composta por mulheres jovens, pretas e pardas. Do total de entrevistados, apenas 59% exerciam regularmente uma atividade remunerada – predominantemente de maneira informal. “Normalmente, as portas estão fechadas para esse grupo por conta de um preconceito o qual se reflete, também, na mentalidade dos recrutadores”, explica Maira Mainardi, Head de People and Culture da Beedoo.

A alteração na maneira como preencher esses espaços, os quais – apesar de privados – precisam enxergar o entorno através de lentes públicas, deve começar de algum ponto. Esse início, muitas vezes, é correspondido pela imposição de um sistema de cotas. No entanto, essa rápida solução é apenas um paliativo, de extrema importância, porém com pouca eficiência no longo prazo. Logo, para se atingir um imaginário plural é preciso voltar alguns passos e investir em mentalidade. “A transformação começa na liderança. É preciso entender a diversidade de gênero como uma política capaz de agregar benefícios ao negócio. Em vista do atual cenário hostil de trabalho, a entidade com uma cultura inclusiva e psicologicamente segura consegue reter melhor seus talentos”, enfatiza Maira. 

 

Como promover mudanças neste cenário

Um ambiente ético, igual e pautado pelo respeito não somente conversa com os ideais de sociedade como, também, é fórmula para incentivar o engajamento de um time. A promoção desses itens apenas tem a somar ao clima das equipes. De mesmo modo, a pluralidade também incentiva outras competências, como a aquisição de novos pontos de vista e a elaboração de soluções alternativas. Com um número de portas abertas cada vez maior, a perspectiva é a crescente na produtividade e eficiência dos empreendimentos. No entanto, para se atingir esse cenário é preciso reunir algumas modificações. Veja a lista abaixo:

- Apoio da liderança na promoção dos direitos dos indivíduos LGBTQIAP+

- Criação de um ambiente de igualdade de tratamento 

- Formação dos colaboradores em relação aos direitos de minorias

- Divulgação dos direitos da comunidade LGBTQIAP+ em campanhas de marketing

- Programas de treinamento voltados para as pessoas trans e travestis  

- Benefícios flexíveis, como o apoio psicológico 

- Criação de campanhas internas com temas voltados para a inclusão e a diversidade

Além de alterações cotidianas, para reverter a situação de desigualdade corrente no país, algumas medidas basilares precisam ser tomadas. Mudar as engrenagens de uma sociedade é um esforço o qual não acontece do dia para a noite. Para Maira, a educação é um item fundamental a fim de fomentar qualquer mudança. É a partir dela por onde se pode educar a mente dos futuros cidadãos. Todavia, enquanto a chave não começa a virar, é crucial reconhecer  a posição de cada um. “Os RHs precisam criar metodologias capazes de compreender o contexto socioeconômico dos candidatos. Assim, quem, historicamente, tem menos acessos, pode ganhar mais oportunidade de, pelo menos, chegar a uma entrevista”, finaliza. 

 

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