Cuidar da saúde mental e do bem-estar deixou de ser uma preocupação pessoal para ganhar espaço no ambiente corporativo. Nos últimos anos, os níveis de estresse e ansiedade explodiram e as crises de Burnout tornaram-se ainda mais relevantes com a crise sanitária e socioeconômica no Brasil e no mundo. Tendo em vista esse cenário, é importante analisar ações envolvendo o ambiente de trabalho, as quais possam contribuir nessa luta. Nesse sentido, atitudes tomadas pelas empresas para fortalecer um local acolhedor e preocupações com a saúde mental dos seus colaboradores andam lado a lado com o projeto e seus objetivos. Venha saber mais sobre o assunto!
O problema espalhado no Brasil e no mundo
O suicídio é uma triste realidade no mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil situações por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem o ato por dia.
Embora os números estejam diminuindo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices aumentando cada vez mais, segundo a OMS. Praticamente 100% de todas as ocorrências estavam relacionadas às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Pensando nisso, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza, desde 2014, em território nacional, a campanha Setembro Amarelo, com o intuito de promover uma conscientização. No último sábado, dia 10, foi, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Em 2022, o tema escolhido foi “A vida é a melhor escolha!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
Dados alarmantes e a pandemia
O Dr. Paulo Vieira, fundador da Febracis, instituto de coach, informa a importância de usar os recursos da inteligência emocional para ter emoções positivas e saber lidar com as negativas, de forma a prevenir transtornos relacionados à saúde mental como ansiedade, depressão, Burnout e estresse.
Segundo o Datasus, por meio do Ministério da Saúde, a taxa de suicídios no Brasil sobe a cada dia, superando acidentes de moto e HIV, na contramão de outros países. Nos últimos 20 anos, o número teve um crescimento de mais de duas vezes, tendo em vista como em 2000 o Brasil registrou 6.780 óbitos, enquanto em 2020 foi superior a 14 mil.
Especialistas alertam a pandemia como um fator contribuinte para agravar a situação. Entretanto, outras causas também estão relacionadas, como a piora nas condições de existência. Para enfrentar a crise, é necessário orientação médica e acompanhamento constante, mas a solução é multifatorial e vai além da medicação. Reconhecer as emoções, gerenciar sentimentos e pensamentos negativos, ter uma rotina propiciando ao indivíduo sair do piloto automático, são caminhos importantes na prevenção.
O impacto do ambiente de trabalho
A consultoria de recursos humanos Robert Half apontou, em seu Guia Salarial 2022, 82% das empresas fazendo alguma mudança no pacote de vantagens por conta da pandemia, adicionando novos, removendo alguns ou melhorando outros. Entre as vantagens e benefícios adicionados, estão o horário flexível, subsídios para montar o home office, com acesso a equipamentos, e para o trabalho remoto, ajuda com contas de luz, telefone, Internet, e apoio psicológico 24 horas. O mesmo levantamento mostra 53% dos líderes entrevistados acreditando em seus funcionários mais suscetíveis a crises de impacto psicológico.
De acordo com uma pesquisa da agência Digi em parceria com a Zenklub, plataforma on-line de saúde mental, mesmo com a mudança sanitária, retomada das atividades e vacinação em massa, muitos trabalhadores almejam manter as consultas com psicólogos, coaches e psiquiatras. O levantamento “Saúde Mental e Bem-estar na Digi” feito com 90 entrevistados no primeiro semestre de 2022 indicou 60% das pessoas tendo buscado apoio psicológico no primeiro e segundo anos da pandemia e 99% querem manter o benefício de quatro sessões gratuitas por mês. Os profissionais mais buscados na plataforma Zenklub foram, por ordem: psicólogos (73%), coaches (13%), terapeutas (7%) e psicanalistas (7%). Os dados são de julho/22.
Dentre os temas mais frequentes tratados nas sessões são ligados a questões pessoais: Autoconhecimento (21,5%), Relacionamento e conflitos (14,5%), Ansiedade (6,3%) e Autoestima (6,3%). “É o reconhecimento pelo engajamento dos colaboradores em iniciativas de autocuidado e autodesenvolvimento oferecidas pela agência. Também é muito importante para reforçar nossa atuação cada vez maior na prática do bem-estar corporativo”, comenta Bárbara Ogoshi, diretora de Gente e Gestão da Digi.
Outra pesquisa aplicada na Digi no primeiro semestre, em parceria com a Feedz, plataforma completa para engajamento e desempenho, mostra em uma escala de 1 a 5, a satisfação com o bem-estar dos funcionários fica na média de 3.9. O número é muito próximo do esperado para as companhias especializadas no cuidado da qualidade de vida dos empregados. Os quesitos Segurança (4,3), Saúde (3,9), Equilíbrio trabalho-vida (3,7) e Estresse (3,7) compuseram a nota.
Desse modo, o psicólogo Lucas Freire apresenta um método para garantir a realização profissional sem sofrimento. Além de abordar as constantes mudanças no ambiente corporativo, ele apresenta ferramentas para transformar a maneira como o trabalho é encarado e como não deve ser sinônimo de sofrimento. Com a “Teoria do Flow", por exemplo, a área de gestão de pessoas entende como realizar o desejado e alcançar a realização. Freire apresenta ainda o conceito de “Tensão criativa” e revela como as ideias inovadoras costumam surgir em situações de adversidades. “A criatividade é uma característica intrínseca a todo e qualquer ser humano. Ela é fruto do emprego da paixão, da curiosidade e da determinação, em quantidades absurdas, para resolver problemas e fazer a diferença”, revela o autor em seu livro “Playfulness”.
No geral, é nítido como esse é um grande problema e requer atitudes urgentes dos empregadores para garantir a segurança e saúde de seus subordinados. Andando, assim, lado a lado com os objetivos do setembro amarelo e contribuindo para o combate ao suicídio.
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