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As mudanças na educação brasileira 

Notícia | 20/07/2022

Rodrigo Barreto

Atualmente, a educação brasileira passa por um período de mudanças necessárias e já esperadas há bastante tempo. Afinal, o modelo utilizado por aqui era considerado ultrapassado e distante das exigências de mercado nos dias de hoje. Ademais, o surgimento de novas tecnologias também ajuda bastante o segmento. Sendo assim, a próxima geração de estagiários tende a ser bem diferente das últimas.

O Novo Ensino Médio

Com o intuito de promover a melhora no nível de ensino e obter resultados mais satisfatórios no índice de desempenho dos estudantes, o Novo Ensino Médio começou a ser implementado de forma gradativa desde o início de 2022. Segundo uma pesquisa realizada recentemente pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu), São Paulo foi o primeiro estado a aderir esse modelo. Portanto, é o lugar onde mais foram observados avanços e eventuais erros a serem corrigidos, como a escassez de professores e a desigualdade social explicitada nas escolas públicas.

Já nas redes privadas, a novidade tem sido aproveitada da melhor maneira possível. Além da adoção de uma outra base curricular e a opção de escolha dos alunos pelos itinerários de sua preferência, outra mudança está na ampliação da carga horária. “A implantação da modalidade formativa ampliou a jornada do jovem. Fora as aulas no período matutino, passamos a oferecer opções no contraturno’, pontua a especialista pedagógica da rede Luminova, Écia Maria Rubini Sales.

Por ter sido posto em prática apenas a poucos meses, o formato ainda apresenta resultados tímidos, principalmente porque a conclusão de sua inserção se dará em 2024. O maior desafio encontrado até o momento, esteve relacionado exclusivamente a qual caminho escolher. “É muito comum a indecisão nessa faixa-etária’’, complementa Écia.

Para a diretora da Camino School, Leticia Lyle, a interdisciplinaridade é muito importante. “O conhecimento e a aprendizagem quando são vistos de forma independente, sem um diálogo com a vida, em breve cairá em declínio. A ideia de conteúdos não interligados com a realidade deveria ser vista com cautela, assim como o conceito de professor como o detentor do saber”.

A transformação no modo de ensino propõe uma separação por áreas, permitindo ao adolescente, inclusive, optar por uma formação técnica e profissionalizante. Ao final dessa nova jornada, o estudante sairá muito diferente de como entrou, com um pensamento mais abrangente das disciplinas às quais esteve imerso, fazendo um grande diálogo entre o desenvolvimento de competências e habilidades acadêmicas e o mercado de trabalho”, destaca a diretora.

Na nova estrutura, até 1.800 horas contemplam as quatro esferas do conhecimento, como é feito no Exame Nacional do Ensino Médio - Enem (Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). Para além disso, no mínimo 1.200 horas devem estar reservadas para a Formação Técnica e Profissional.

Para Leticia, essa mistura é bastante benéfica. “A matemática deixa de ser apenas o cálculo em si e pode navegar por outras águas, até mesmo pela história e geografia. A língua portuguesa e outros idiomas podem ser um meio para se aprender ciências biológicas e vice-versa. O algoritmo das exatas passa a ter uma conexão direta com as ciências sociais conforme fazemos conexões entre o conteúdo trabalhado em sala de aula e a sociedade na qual vivemos. A química e a biologia, associadas com os estudos das atualidades, serão mais úteis para entendermos as vivências durante a pandemia e como não repetir algo semelhante. Os discentes terão a oportunidade de ser expostos a uma infinidade de informações apresentadas de modo articulado. Uma grande responsabilidade e um enorme desafio”.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Pnad, garantir os jovens brasileiros na escola nos anos finais de formação é a principal missão para universalizar o acesso à educação básica. Segundo a versão mais recente do levantamento, no terceiro trimestre de 2021, 4,4% da população na faixa etária dos 15 a 17 anos estavam fora da escola (o equivalente a 407,4 mil pessoas). Diante desse cenário surge a proposta de tirar de cena um modelo único e carregado de disciplinas obrigatórias para implementar uma alternativa mais flexível.

Conforme os “referenciais para elaboração dos itinerários formativos”, documento publicado pelo Ministério da Educação, essa metodologia se organiza a partir de quatro eixos estruturantes complementares (investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural e empreendedorismo). “A educação é viva, complexa e pulsa rumo ao futuro. É preciso estar em constante adaptação, em consonância com a sociedade e suas respectivas agendas”, afirma a especialista.

A tecnologia como aliada da educação

Os dois últimos anos foram repletos de adversidades. Algumas instituições de ensino já haviam se adiantado e iniciado um trabalho com plataformas digitais, com uma ou outra atividade envolvendo corpo docente, discente e pais. Essas conseguiram um pouco mais de fôlego no processo de adaptação ao modelo remoto, obrigatório no período mais crítico da pandemia.

Já havia um movimento importante de desenvolvimento e inovação focado no setor. Com a Covid-19, porém, esse processo foi amplamente acelerado, assim como houve no mundo corporativo. “Há anos venho estudando a inteligência artificial (IA) e as vantagens dela. Obviamente, trata-se de um recurso extremamente bem-vindo no universo acadêmico. Suas aplicações podem ser variadas e notoriamente haverá benefícios”, comenta o CEO da Qyon Tecnologia, Mauricio Frizzarin.

Pensando no educador, a IA pode ser uma aliada interessante para uma série de tarefas. Torna-se possível, por exemplo, elaborar provas e corrigi-las em poucos minutos, poupando um tempo considerável do professor. Assim, a publicação de notas pode acontecer automaticamente, com praticamente nenhuma chance de erro. Outra possibilidade é o ensino a distância (EaD).

Do ponto de vista do estudante, é possível criar sistemas com o perfil de cada um para oferecer uma comunicação mais assertiva. “Pode-se desenvolver ferramentas para tirar dúvidas e auxiliá-los a aprofundar o conhecimento a respeito de determinados temas. Outra possibilidade é a identificação das disciplinas com maior dificuldade e entrega de conteúdos didáticos com diferentes abordagens”, explica o CEO.

Também é possível explorar a gamificação, automatizar e facilitar ainda mais a vida dos pedagogos, tornando a relação mais interativa. “Ainda estamos no início de uma longa caminhada baseada em sistemas inteligentes. Eles vão potencializar e revolucionar o segmento e impactar o futuro positivamente”, finaliza Frizzarin.

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