No início dos anos 70, após se autodiagnosticar com um intenso esgotamento profissional recorrente, o psicanalista alemão, Freudenberger, denominou esse mal como Síndrome do Esgotamento Profissional. Logo depois, passou a ser conhecido como Síndrome de Burnout, do inglês to burn out. O distúrbio tem ganhado cada vez mais rodas de conversas e deve ser um ponto de atenção das companhias.
O que é?
Associada ao estresse extremo e contínuo no ambiente de trabalho, acaba gerando um estado de exaustão física, emocional e mental. Esse esgotamento pode ser causado pelo excesso de cobranças, seja para cumprimento de horas e datas impossíveis de realizar, pela sobrecarga mental ou situações tensas, desarmoniosas e opressivas.
Para a psiquiatra e psicoterapeuta junguiana, Dra. Aline Machado Oliveira, todos merecemos ser respeitados em nosso espaço laboral e não devemos aceitar jornadas exaustivas ou qualquer tipo de desrespeito. “Nossos superiores e colegas não podem normalizar gozações, bullying ou outros episódios constrangedores. Se nossos limites não estão sendo respeitados, devemos procurar o setor de recursos humanos da empresa, o psicólogo ou até mesmo o nosso sindicato”, explica.
Esse transtorno psíquico acaba afetando todas as áreas da vida da pessoa. Além disso, qualquer ofício onde há pressão intensa e constante pode levar o indivíduo a sofrer de Burnout. “Também pode acontecer com profissionais liberais, quando eles impõem a si mesmos cargas exaustivas ou múltiplos empregos, como médicos, enfermeiros, advogados, e outros”, complementa a doutora.
Perceba os sinais
Nesse sentido, Aline listou os sintomas mais recorrentes. Veja:
- Cansaço mental e físico extremos;
- Irritabilidade e agressividade;
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
- Insônia;
- Baixa autoestima;
- Desânimo;
- Depressão;
- Dores de cabeça;
- Sentimentos de fracasso;
- Isolamento social.
Para se evitar ou minimizar os impactos é necessário ter autoconhecimento e fazer coisas prazerosas: ler, assistir filmes ou sua série preferida, passar o tempo com familiares, conversar com amigos, fazer passeios e viagens. Enfim, ter aquele tempo de pausa. Afinal, muitas vezes só nos damos conta do problema quando já é tarde. É preciso conhecer os nossos limites.
Ademais, em termos de ações preventivas, entram as inúmeras técnicas como mindfulness (cuidado do corpo, alma, mente, respiração, sono, alimentação) e gestão do tempo. “Todavia, todos esses métodos devem ser acompanhados do conhecimento de si, com foco estratégico sobre nossos propósitos, valores e sonhos, para colocarmos fronteiras saudáveis entre nossas vidas conjugal, familiar e a profissional”, comenta o diretor da Ateliê RH, Roberto Affonso Santos, de Barueri (SP).
Os indicadores aumentaram na pandemia
De acordo com levantamento da IPSOS, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, a maioria da população brasileira (53%) relatou piora da saúde mental neste ano de pandemia. Aumentaram os casos de ansiedade e depressão, crises de pânico, esgotamento emocional e estresse pós-traumático.
Em vista disso, uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, em fevereiro de 2021, revelou a existência de uma “fadiga de Zoom”, cujos sintomas são dores de cabeça, depressão e crises de ansiedade. “O efeito ocorre por conta do contato visual demasiado (desconforto e cansaço), olhar o tempo inteiro para a própria imagem (baixa autoestima, distração e inquietação), falta de movimentação física (sedentarismo, má circulação, postura corporal prejudicada) e esforço exagerado para se fazer entender (estresse, irritabilidade, cansaço físico e mental)”, analisa o dirigente.
Segundo Santos, pessoas de personalidade mais assertiva, por exemplo, desejosas de chamar atenção e reconhecimento o tempo todo, bem menos em confronto das humildes, introvertidas, autocríticas, perfeccionistas e tímidas. “Essas, se sentem impotentes de recusar todas as oito reuniões de Zoom durante um dia, logo, não pode dar em outra coisa a não ser o esgotamento emocional ou Burnout no conjunto das doenças mentais”, finaliza.
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