Em 2020, o mercado de trabalho e de contratações sofreu grandes mudanças e ensinou importantes lições, tanto para colaboradores, quanto às organizações. De um lado, tínhamos a adaptação dos indivíduos admitidos ao lidar com um cenário mais flexível e remoto, enquanto do outro, as companhias precisaram se adaptar ao mundo digital e às novas rotinas.
Segundo a especialista em RH, Denise Asnis, fundadora da Taqe, o universo corporativo ainda sofrerá com muitas mudanças e uma das tendências vivenciadas nos próximos cenários será a rotina híbrida. Também terão destaque as novas estratégias de retenção de talentos e os processos seletivos focados em diversidade entre outros. "O ano de 2020 foi desafiador e trouxe inúmeras transformações, mas apesar disso, ele veio para nos lembrar como, durante as crises, aprendemos e evoluímos. Essa rotina de trabalho flexível trouxe uma visão diferente para o mercado e as companhias puderam criar ações mais estratégicas, alinhadas com seus valores e objetivos", comenta a profissional.
Denise destaca as principais mudanças previstas para o próximo ano:
• Rotina híbrida, talentos globais e novos formatos de contratação
O modelo de home office ou anywhere office, o qual muitas entidades estão adotando, trouxe grande flexibilidade para o cenário corporativo como um todo. Consequentemente, impactou no modelo de admissão, pois permite às organizações contratarem pessoas de diferentes partes do país e do mundo de forma 100% digital. "Essas transformações foram ótimas pois impactaram positivamente nas rotinas. De um lado, os indivíduos conseguiram ter mais flexibilidade e independência. De outro, as instituições puderam se conectar com pessoas de várias regiões e assim, trazer mais diversidade para o time e conseguiram fazer essa seleção de uma forma diferente, pois o digital ajudou muito nesse sentido", comenta Denise.
• Processos seletivos focados em inclusão e soft skills
Os empreendimentos darão mais atenção para as questões de pluralidade e o processo seletivo passará ter um olhar maior para as soft skills. "Isso nos leva a duas tendências: a primeira é acerca das seleções apoiadas na avaliação de perfis profissionais e pessoais. A segunda é o foco na admissão de pessoas com excelentes habilidades comportamentais frente ao conhecimento necessário ou formação", destaca Denise.
De acordo com a especialista, em 2021, os recrutamentos irão avaliar a qualidade do pensamento estratégico e inovador do candidato e a capacidade de adaptação e agilidade para solucionar problemas.
• Novas estratégias para a retenção de funcionários
Os benefícios e a assistência médica serão usados como estratégias para reter os melhores talentos nas equipes. Além disso, no momento atual, um notebook e um auxílio para estruturar o trabalho remoto contam bastante. "Esse mercado deve democratizar o benefício não só em valor, mas em modalidades. As gestões devem pensar em diferentes formas de oferecer cuidado médico, inclusive, para a modalidade ‘part time’ ou para quem atua por projeto", diz a cofundadora da Taqe.
• Transição de carreira
Uma grande aposta para 2021 é a migração de indivíduos para a tecnologia, área com diversas vagas não preenchidas por falta de mão de obra qualificada. Dentre os segmentos em destaque estão a segurança da informação, ciência de dados, engenharia de software, infraestrutura de TI e business intelligence. "O futuro exigirá ainda mais o domínio de ferramentas tecnológicas, será um grande fator de diferenciação e uma enorme vantagem competitiva", ressalta Denise.
Ana Carvalho, auxiliar administrativa de Salvador, cogita direcionar mais sua trajetória para o setor digital, investindo no domínio das novas soluções cibernéticas. “A linguagem tradicional, por vezes, é deixada de lado. Então eu preciso me adaptar, unindo meus desejos e projetos para continuar com um perfil relevante”, afirma.
Ainda de acordo com Ana, quem não se atenta às tendências, pode ser deixado para trás. “Não dá para ignorar as transformações e o impacto das últimas grandes crises acontecidas no Brasil e no mundo. Elas se relacionam diretamente com a realidade corporativa”, conta.
• A marca empregadora e os processos seletivos
Outro ponto ganhando espaço, visto de forma cada vez mais estratégica, é a construção da marca empregadora. "É preciso fazer os candidatos desejarem trabalhar na instituição, mostrando as atitudes responsáveis por revelar o valor proposto à colocação antes mesmo de se oferecer uma vaga", explica Asnis.
Para isso, é preciso aprimorar a comunicação e a experiência oferecida durante os processos de seleção. “O objetivo é fazer os indivíduos perceberem a coerência e se identificarem com os valores e propósito da organização", complementa.
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