De acordo com dados da Serasa Experian, em janeiro desse ano, mais de 63 milhões, ou 40,8% dos brasileiros, estavam inadimplentes. Um aumento de 2,6% em relação ao ano passado. Os números refletem também a necessidade de educar a população para uma boa gestão financeira.
Segundo relatório divulgado pelo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil está na 17ª posição, no total de 20 países, no ranking de competências financeiras de jovens. Embora a média brasileira tenha melhorado e saltado de 393 para 420, entre uma avaliação e outra, os resultados continuam preocupantes.
Como uma medida para aplacar tal defasagem, o Conselho Nacional de Educação, homologado pelo Ministério da Educação, determinou a inclusão da educação financeira de forma transversal no projeto pedagógico, ou seja, nas várias aulas e atividades desenvolvidas pela unidade. Os primeiros resultados já apareceram em uma pesquisa divulgada também pelo Serasa Experian: após participarem, um a cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro e 24% passaram a conversar com os pais sobre o tema.
Tecnologia
Para Luizinho Magalhães, diretor acadêmico da Luminova, o uso da tecnologia pode ser um grande aliado para o atual momento: “durante as aulas, por exemplo, os professores podem instigar os alunos a buscar e comparar preços de itens da rotina deles. É uma forma de compreender como é dada a precificação das coisas e, muitas vezes, até criando um certo policiamento em relação aos itens gastos dentro e fora de casa”, explica.
O uso do celular em sala de aula tem sido debatido com frequência e ainda não chega a ser um consenso entre educadores. Porém, com o avanço das aulas remotas, o uso de equipamentos digitais tem aumentado para fins didáticos. Em 2017, o Comitê Gestor da Internet no Brasil já apontava: 74% de quem frequenta o ensino médio utilizavam, de alguma maneira, o aparelho nos estudos.
Para o gerente de conteúdo digital e avaliações da Positivo Soluções Didáticas, Fabricio Cortezi Moura, é comum o discente buscar conhecimento no mundo virtual. “Hoje, o estudante com acesso à Internet busca conteúdos gratuitos no YouTube, no portal de sua instituição de ensino, ou até mesmo em plataformas voltadas para a distribuição de conteúdo para os acadêmicos”, comenta.
Atualidade
Outra sugestão do especialista é explorar situações reais e atuais. “Diante do cenário de pandemia, por meio do número de infectados em relação ao de habitantes de determinado país ou região, trabalha-se conceitos de porcentagens. Ou ainda, qual o valor de juros composto calculado no parcelamento do carro utilizado ou da casa na qual vivem”, sugere.
Na prática
Para Magalhães, o importante é observar na prática esses conceitos e a partir de então entender como podem fazer diferente no futuro. “A educação financeira só valerá se realmente levarmos em conta a realidade na qual os estudantes estão inseridos, criando, de fato, uma boa interligação entre eles”, confirma o educador.
Investimentos
O diretor ressalta: “o assunto ainda é um tema relativamente novo aos docentes.” Por isso, é preciso investimentos por parte das escolas e das universidades na formação de professores capacitados para essa atuação. “Se antigamente era ensinado adição e subtração usando palitinhos e o quadro negro, hoje é preciso ir além. Contas fixas, como luz, água e gás, cupons fiscais e boletos bancários ganharam as salas de aula e serão melhor avaliados para um melhor gerenciados pelas famílias brasileiras”, ressalta.
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