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Quem está em busca de um trabalho no Brasil vem enfrentando dificuldades. Exceto os estagiários. Enquanto a taxa de desemprego subiu para 7,9% no primeiro trimestre deste ano no Brasil, segundo o IBGE, o número de vagas de estágio anunciadas nos primeiros cinco meses de 2015 pela Catho passou de 30.382 para 41.215 - um aumento de 35,6%. No Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), são 22.200 vagas disponíveis em todo o País.

Recrutar profissionais que ainda estão na graduação tem sido uma estratégia importante para muitas empresas. No entanto, engana-se quem pensa que essa tendência é causada exclusivamente pela necessidade de reduzir custos. A Gerente de Recursos Humanos do Sesc, Mônica Cavalcanti, afirma que, ao contratar estagiários, as empresas estão investindo no futuro.

"Eles já chegam querendo aprender, são criativos, trazem novas ideias e conhecimentos. Essa troca com os profissionais antigos é muito enriquecedora e traz um espírito de renovação", afirma. No Sesc, os estagiários passam por um programa de capacitação que dura cerca de dez meses e participam de seminários, fóruns e premiações.

"Procuramos fazer um trabalho que garanta, de fato, a empregabilidade desses jovens, seja aqui ou em outro local", explica. Processos seletivos mais longos e investimentos em capacitações ratificam a importância atribuída a esses jovens acadêmicos dentro das companhias. Esse investimento em um graduando traz a vantagem de poder desenvolver um profissional que já se adeque ao perfil da organização. No escritório Martorelli Advogados, os cerca de 50 estagiários têm a oportunidade de participar de reuniões com os advogados titulares, além de palestras, grupos de estudo e concursos que exponham seus trabalhos.

"No nosso programa de estágio, uma geração forma outra geração. Enxergamos nossos estagiários já como futuros advogados, que são preparados dentro da cultura da empresa, acompanhando o estilo de trabalho do escritório", explica a Gerente de Recursos Humanos do Martorelli, Kátia Melo. De acordo com o Instituto Euvaldo Lodi em Pernambuco (IEL-PE), o estágio hoje é visto como uma ferramenta essencial para a formação de bons profissionais.

A coordenadora da Unidade de Desenvolvimento de Talentos do Instituto, Flávia Petribú, conta que as exigências do mercado fizeram com que as empresas passassem a enxergar os programas de estágio com um novo olhar. Segundo ela, esse processo agora é visto pelas organizações como uma forma de formar bons profissionais e reter os melhores talentos.

"Temos percebido uma maior valorização por parte das empresas no tocante ao desenvolvimento de carreiras dos estagiários; muitas contam com agentes de integração ou até mesmo com programas próprios de estágio, visando o aproveitamento desses profissionais nos seus quadros efetivos", comenta Flávia Petribú.

Esse planejamento contraria a visão simplista de que a entrada de estagiários nas organizações está sendo favorecida pelo atual momento econômico. Apesar do cenário desanimador, as agências de estágio continuam registrando um aumento tanto na demanda, quanto na procura.

No IEL-PE, são 160 mil estudantes inscritos no Banco de Talentos e cerca de 1.500 instituições de ensino conveniadas. No momento, são 58 vagas disponíveis no Estado. Na Agência Abre, o diretor-executivo da instituição, Ricardo Mesquita, comenta que a crise não afetou os processos de formação de estagiários e que as empresas continuam apostando alto na formação de novos profissionais.

"Nesse segmento, a gente sente como se não houvesse crise. As organizações continuam investindo bastante nos estagiários porque enxergam neles um profissional em aprendizado constante, que já é valioso hoje e poderá ser ainda mais no futuro", afirma.

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