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Consultor ensina 3 filtros para não alimentar fofoca no ambiente profissional.
'Sua Chance' mostra como alvo deve lidar com comentários maldosos.
 
Começa com um comentário ouvido sem querer pelos corredores ou no "achismo" de que uma situação pode ser o que nem sempre é... Assim, de orelha a orelha, como num impulso natural, a fofoca se cria, ganha força. O quadro "Sua Chance" mostra que, muito mais do que fazer o fofoqueiro "feliz", o mau hábito afeta diretamente a carreira de quem leva e trás os comentários cheios de certezas dificilmente comprovadas. Para o consultor empresarial Rubens Pimentel, o problema só se resolve com atitude e liderança.
 
A fofoca pode ser classificada de duas maneiras: ou ela é uma mentira ou é algo que é verdade, mas a pessoa não está autorizada a comentar com mais ninguém. O consultor observa que as pessoas que fazem carreira longínqua e são grandes líderes não têm essa prática. "A primeira consequência é que essas pessoas impõem a si mesmas uma barreira para o crescimento na empresa. A médio e longo prazos, elas também acabam reconhecidas pelos profissionais e perdem credibilidade", exclarece o consultor.
 
Vítima de comentários maldosos, a publicitária e relações públicas Mariane Noronha, de 26 anos, se incomodava quando pessoas invadiam a vida pessoal dela nas empresas em que trabalhou. "Perguntavam sobre meu cabelo, roupas, comentários que não tinham a ver com o trabalho e que eu sabia que seriam usados como fofoca", lembra.
 

"Algumas folhas estão até secas. Sempre entra muita gente, a gente lida com muitas pessoas. Também gosto de sal grosso, olho grego. É bom para afastar mau olhado", diverte-se.Há dois anos ela começou a dividir espaço, em uma sala pequena e com apenas mais um funcionário, em um escritório de produção de eventos. O parceiro é o próprio pai, o que reduz para praticamente zero as chances de fofoca no trabalho. Mas, mesmo assim, ela não deixa de lado uma proteção extra, uma muda de arruda logo na entrada da sala.
 
Como reagir
O alvo dos ataques das línguas afiadas no ambiente de trabalho não precisa se recolher, pelo contrário. Seja por comentários que expõem detalhes da vida pessoal ou por questões profissionais, a vítima da fofoca deve buscar no chefe a solução para cortar a corrente.
 
"Ela deve expor o que está acontecendo, o que ela sabe e impor limites. Colocar tudo às claras, transparentemente", explica Pimentel.
 
Mais do que cobrar uma atitute do chefe, ele próprio deve estar atento aos funcionários e às fofocas que podem aparecer, se ele não for o fofoqueiro, é claro. O importante é expor na conversa as consequências para o "leva-e-traz".
 
"Ele deve chamar a pessoa que, naquele momento, é a pessoa que mais claramente está envolvida nisso, esclarecer os fatos e solicitar que isso seja interrompido imediatamente. Ele deve proteger a pessoa que é alvo desse tipo de prática", ensina o consultor.
 

"Se a resposta é 'não'para pelo menos um dos questionamentos, não ouça. Se já ouviu, não passe pra frente", ensina.Três filtros para manter distância

O próprio funcionário também tem o poder de cortar a fofoca evitando alimentar o prazer do fofoqueiro em espalhar a informação. Para Pimentel, três filtros podem ser usados na conversa: primeiro verificar se a história é verdade. Depois, questionar se é algo bom para a pessoa alvo do comentário. Por último, avaliar se a informação tem alguma utilidade para quem está ouvindo.
 
Fofoca pode causar demissão
A produtividade de uma equipe está ligada à atenção dos profissionais para lidar com o trabalho. Para Pimentel, uma fofoca desvia essa atenção e tira o foco dos funcionários. Os efeitos são percebidos nos resultados da equipe."Cai qualidade, cai velocidade, cai entrega. As reuniões pioram muito por conta das relações das pessoas" afirma.
 
Se a imagem e os negócios da empresa acabarem prejudicados, o disseminador da fofoca pode ser demitido. Outra situação que também pode terminar mal para o fofoqueiro tem a ver com o conteúdo do comentário espalhado.
 
"Quando é um assunto muito grave em relação às pessoas muitas vezes leva a empresa a tomar a decisão da demissão de uma das pessoas. Ou quando a própria pessoa que é alvo resolve se demitir e sair da empresa", explica. Nesse último caso, a decisão pode representar uma perda grande para a companhia, se o funcionário for um dos destaques em competência.
 

O incômodo de ter um fofoqueiro na equipe foi constatado em uma pesquisa feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) com 6.945 pessoas. O responsável por conduzir conversas paralelas foi apontado por 27,43% dos entrevistados como o profissional que mais atrapalha em uma equipe de trabalho.O profissional alvo de fofocas pode, ainda, processar o colega e até a empresa dependendo do conteúdo dos comentários. Se a fofoca tiver acontecido nas redes sociais, onde tudo fica documentado, as informações e as fontes podem ser localizadas mais facilmente.

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