Má postura prejudica no desenvolvimento escolar e na busca por empregos.
O excesso de material carregado nas mochilas e o mobiliário escolar já foram e continuam sendo apontados como causadores de má postura nas crianças e adolescentes. Agora, entra na lista de complicadores posturais o uso excessivo de smartphones, tablets, computadores e videogames.
O alerta é feito pela fisioterapeuta Silvia Canevari Barros, membro da Sociedade Brasileira de RPG e diretora do ITC Vertebral de Jundiaí. "As pessoas tem ficado mais sentadas, com a coluna flexionada para frente e com a cabeça mais baixa olhando para computador, notebook, tablet e o smartphone. Em excesso, isso acaba provocando desvios e outros problemas na coluna".
De acordo com a especialista, há um crescente número de jovens abandonando o esporte e passando mais tempo em frente às telas. "O jovem fica sentado na escola, trabalha no computador e, no tempo livre, continua conectado. O lazer não é mais relacionado à atividade física", lamenta.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP revelou que 100% dos 883 adolescentes entrevistados apresentavam postura inadequada diante do micro. As posições eram as mais incorretas possíveis: teclado sobre o colo, corpo pendendo para um lado ou pés balançando.
O tempo excessivo usando tecnologia somado à postura incorreta diante das telas tem gerado dores nas costas cada vez mais cedo, o que também compromete o desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes.
Um levantamento realizado pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) revelou que 34% dos estudantes tem dificuldades no mercado de trabalho por conta da postura. Segundo Silvia, a linguagem corporal tem um grande papel na contratação.
"O posicionamento da coluna, da cabeça, tudo no corpo diz se você é introvertido, extrovertido, pró-ativo ou não. Por isso, é preciso ter boa postura durante uma entrevista de emprego", aconselha.
A prática de atividades físicas é essencial para manter o corpo na posição correta, mas quem já tem dor nas costas deve consultar um fisioterapeuta especializado para que os exercícios não prejudiquem ainda mais. "O profissional de atividade física pode melhorar a performance muscular do aluno, mas não tem formação para lidar com patologias. Trabalhando em conjunto com um fisioterapeuta, é possível desenvolver um treino especial para cada um", orienta a especialista.