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Em estudo feito pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), 39,71% dos participantes negaram que evento traria retorno ao país

A Copa do Mundo no Brasil se aproxima e com ela a insegurança e o desânimo da juventude brasileira. É o que revela estudo do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube). A pesquisa — que ficou disponível de 26 de maio a 6 de junho na internet — representa a opinião de mais de 10 mil pessoas de 15 a 26 anos, que responderam à pergunta:“Você acha que a Copa trará retorno para o Brasil?”. O objetivo do estudo, divulgado em 11 de junho, era investigar o grau de confiança e analisar como os jovens veem a realização e o legado do evento para o país, em termos de infraestrutura, serviços e lucros financeiros.

Segundo os números apresentados, a sociedade brasileira está descontente com a gestão da Copa e as propostas de desenvolvimento da infraestrutura, mobilidade urbana e ganhos com o turismo. A maioria dos participantes (4.030 pessoas, ou seja, 39,71% do total) negaram que o evento traria retorno para a população porque alegaram que os gastos foram indevidos. Em seguida, 2.728 pessoas ou 26,28 % do total disseram que era cedo demais para saber se o evento traria algum proveito para o país.

Outros 1.510 jovens (14,88%) alegaram que o evento é um erro e que não acreditam nos lucros de produção. Além disso, 1.360 jovens (13,40%) afirmaram que, com a Copa, os brasileiros terão maior visibilidade e dinheiro e acreditam que o evento trará, de fato, retorno ao país. Por último, 521 pessoas (5,13%) disseram que aceitam o evento porque ele irá melhor a infraestrutura e os serviços no Brasil. Ao final, apenas 18,53% dos jovens se mostraram otimistas com a Copa.

Para Marcelo Correia, 28 anos, analista de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a pesquisa representa um assunto que está sendo extremamente discutido, inclusive, cobrado em entrevistas de estágio. "O jovem tem maiores condições de possuir senso crítico. Além disso, esse é tema do momento, por isso, as empresas estão exigindo cada vez mais uma opinião sobre o assunto”, diz.

Marcelo ainda acrescenta que todos os resultados de pesquisa são surpreendentes. “Apesar de a mídia estar questionando bastante a preparação da Copa — em todas as vias —, assim como a desproporcionalidade do evento, nós nunca sabemos o que esperar de resultado no final dos estudos”, destaca.

Opiniões divergentes

Fernando Couto é favorável à realização da Copa (Arquivo pessoal/Divulgação)    

Fernando Couto, 21, estudante do 6º semestre de economia na Universidade de Brasília (UnB) diz que é favor da realização da Copa do Mundo no Brasil. “Eu li vários trabalhos empíricos e artigos sobre o assunto, inclusive um da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que calculava a relação de retorno que teria cada estado. Segundo o artigo, o retorno dos investimentos no Brasil era bastante positivo. Por isso, eu sou a favor”, ressalta. Fernando enfatiza que é favorável à Copa, mas acredita que ela poderia ter sido melhor planejada. “Eu acho que a Copa do Mundo não foi executada da melhor forma possível, principalmente, na área dos transportes”, completa.

Eurides Viana afirma que a Copa trará como principais benefícios o costume de mobilização e a formação de uma consciência política na sociedade (Arquivo pessoal/Divulgação)    
Eurides Viana afirma que a Copa trará como principais benefícios o costume de mobilização e a formação de uma consciência política na sociedade

Eurides Viana, 21, aluno do 7º semestre de relações internacionais na UnB alega que é contra a realização do evento esportivo no Brasil. “A realização da Copa acabou deixando evidente pontos até então pouco presentes no ideário da sociedade civil. Por exemplo, deixou clara a pesada burocracia por parte do Estado na realização das obras públicas, agravada por altos índices de corrupção, o que prejudiu o cumprimento de prazos e a qualidade do produto final oferecido à sociedade”, afirma. Apesar disso, Eurides diz que haverá benefícios para a sociedade. “Eu acho que o principal benefício será a formação de uma consciência política na população e de um costume de mobilização. Os reais beneficiários virão as classes diretamente envolvidas com a realização da Copa”.

Outras enquetes

O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) divulgou, no mês passado, uma enquete para saber a opinião dos jovens sobre o fato o Brasil sediar a Copa. Ao todo, 9,7 mil jovens de todo o país participaram da pesquisa, que ficou disponível durante um mês no site da empresa. Dos jovens que responderam, 65% alegaram que não é positivo para o Brasil sediar o evento, enquanto 28% afirmaram que é positivo e 7% ressaltaram não possuir opinião a respeito do assunto.

Em questionamento anterior, feito pelo CIEE há quatro anos, os jovens apresentavam uma visão positiva com relação à realização das obras para o evento e 59% dos estudantes acreditavam que o Brasil conseguiria atender aos requisitos da Federação Internacional de Futebol (Fifa).

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