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Conseguir um estágio hoje está mais difícil, mas quem conquista uma oportunidade conta agora com melhores condições de trabalho. Esta é a mudança de cenário percebida pelos estudantes após quase dois anos de vigência da chamada Lei do Estágio (11.788). Em Juiz de Fora, a retração nas vagas chega a 21%. Nos primeiros quatro meses deste ano, 6.567 estudantes conseguiram uma chance, via Centro de Integração Empresa-Escola (CIEEMG). Embora o número seja 12,7% maior ante o mesmo período de 2009 (5.825), ainda está muito aquém do verificado em 2008, ano de implementação da norma. Na época, as oportunidades foram de 8.293 no primeiro quadrimestre. No país, a redução chegou a 18%. Segundo dados da Associação Brasileira de Estágios (Abres), 1,1 milhão de beneficiados foi reduzido a 900 mil após a norma. Na cidade, os estagiários são quase nove mil, e cada vaga chega a ser disputada por até 20 candidatos.

A estudante de Comunicação Fernanda Pereira de Souza, 21 anos, está nas estatísticas. Ela, que se forma no final do ano, realiza seu quarto estágio e acha que, com a experiência adquirida, terá mais chances de se firmar no mercado. “É muito mais que aplicar no dia a dia o aprendizado teórico.” A estudante recebe bolsa-auxílio e vale-transporte para jornada de seis horas diárias, conforme prevê a Lei 11.788.

Pelas contas da Abres, Fernanda está entre os 650 mil estagiários do ensino superior. Eles são a maioria (72%) entre os 900 mil que têm essa oportunidade. O restante, 250 mil, cursa o ensino médio. Ainda segundo a entidade, houve redução de 65 mil vagas para o nível superior e 135 mil para o médio. A expectativa é de que as chances para o segundo grau caiam a níveis entre 180 mil e 200 mil, quando a situação deve se estabilizar.

O estudante de informática Thiago Miranda do Couto, 22, escapou do funil. Ele acabou de saber que será contratado na empresa onde realiza estágio desde julho do ano passado. Por conta de seu desempenho e necessidade da firma, o jovem garantiu sua carteira assinada mesmo antes de se formar. Na avaliação de Thiago, a lei deveria estar em vigor há mais tempo. “Muitas empresas se beneficiavam da falta de fiscalização e das brechas no regime antigo para usufruir de mão de obra barata, sem seguir o regime trabalhista previsto em lei.” O direito a férias e a redução da carga de trabalho em dias de prova, em sua opinião, ajudam a conciliar o estágio com os estudos. Thiago faz parte dos 5,5% estagiários que conseguiram se efetivar este ano na cidade. Dos 6.567 estudantes, 362 se mantiveram no mercado.

Valor da bolsa-auxílio caiu 3,2% este ano
Um dos ganhos concretos da lei é que a remuneração tornou-se compulsória nos estágios não obrigatórios. A má notícia, no entanto, é que o valor da bolsa-auxílio caiu 3,2% este ano na comparação com 2009. No país, paga-se, em média, R$ 683,33. Na cidade, varia entre R$ 200 e R$ 600, conforme agentes de integração consultados pela Tribuna. Em alguns casos, no entanto, o vencimento pode superar R$ 1 mil (ver quadro). Segundo a coordenadora de Estágios da UFJF, Eliete Aparecida de Paula Cunha, existem “bolsas mais generosas” que chegam a R$ 1.200. Há empresas que oferecem, ainda, auxílio-alimentação.

Para a gerente de Treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Carmen Alonso, a queda nos vencimentos é atribuída ao ajuste de mercado. Com a redução da jornada de oito para seis horas diárias, houve a necessidade de revisão dos valores para baixo. Os estudantes do segundo grau foram os mais penalizados. A diminuição, de um ano para o outro, chegou a 8,55%. Neste caso, o valor médio da bolsa-auxílio é de R$ 385.

Embora o tempo máximo de estágio seja de dois anos, Eliete explica que a maioria dos termos de compromisso de estágios não obrigatórios é assinada por seis meses, sendo frequente a renovação. Além disso, as jornadas variam de 12 a 30 horas semanais, nunca ultrapassando o limite de seis horas diárias. Na sua avaliação, a área de prestação de serviços concentra a maioria das oportunidades, em setores como educação, saúde, comércio, informática, transporte e atividades desportivas.

Sobre o perfil desejado, o consultor do Posto de Atendimento do Estágio Empresarial do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Fiemg Regional Zona da Mata, Gilmar Peixoto, destaca estudantes com boa base escolar que não sejam apenas receptores de informações, mas geradores de soluções, com passagem por empresas juniores, cursos extracurriculares e palestras nos currículos, além de trabalhos voluntários. Domínio da informática e estudo de outros idiomas também fazem a diferença. “Existem estudantes que poderiam ser aproveitados, mas não conseguem a oportunidade que necessitam.” De acordo com o CIEEMG, só este ano, para 2.085 novos cadastros foram ofertadas 507 vagas, apenas 24% da demanda em Juiz de Fora e região.

Estagiários dão "gás novo" às empresas
O interesse e o dinamismo dos estagiários são destacados pela analista de recursos humanos de San Motors, Ana Lúcia de Carvalho. Estudantes foram incorporados ao quadro há cerca de um ano, e a empresa não se arrepende. “Eles dão grande contribuição para a empresa.” Atualmente, são três, atuando nas áreas de contabilidade, informática e administração. Os jovem recebem bolsas que variam de R$ 300 a R$ 450. Ana explica que a remuneração é uma forma de estímulo. “É a retribuição pela importância do trabalho deles.”

Já o fisioterapeuta Vinício Santos Lazzarini sempre contou com a participação de estagiários, mas há seis meses passou a remunerá-los com bolsas de R$ 180. “A diferença foi o comprometimento.” Hoje a clínica Neuro&Fisio conta com quatro estagiários. A troca, segundo Vinício, é constante. “Eu aproveito o ‘gás’ e as novidades que eles trazem, e eles ganham vivência profissional.”

Na opinião da supervisora do CIEEMG em Juiz de Fora, Célia Maria de Almeida Tellado, muitos empresários, por não conhecerem os benefícios, ainda não se sensibilizaram para a prática em suas empresas. “Isso se deve, em parte, à cultura imediatista por resultados. Ter estagiário é investir na personalização da empresa, tendo o capital humano como elemento proativo, em condições de constante aperfeiçoamento.” Eliete completa que, além do cumprimento do papel social, a empresa que contrata estudantes permite a criação e manutenção de um espírito de renovação e oxigenação permanente, canal eficiente para o acompanhamento de avanços tecnológicos e conceituais.

A gerente de treinamento do Nube pondera, no entanto, que ainda há resistência para abertura de novas vagas. Carmen avalia que o comportamento está restrito àqueles que nunca ofereceram uma oportunidade aos jovens. “Quem já experimentou mantém as portas abertas para o estagiário”, garante.

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