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Tanto a Abres como o Nube previram que o limite de 20% para a contratação de estudantes de nível médio teria impacto no mercado de estágio. Segundo Carlos Henrique Mencaci, presidente do Nube, o limite foi aprovado no Congresso Nacional por questões políticas: — Tivemos várias audiências públicas e todos sabiam que isso aconteceria. Mas alguns deputados de regiões mais pobres do Brasil, e com altos índices de analfabetismo, achavam que o estágio de nível médio tirava vagas dessas pessoas com menos instrução.

No caso da redução da carga horária, o CIEE-RJ diz que não houve problema no Estado do Rio, já que os contratos de oito horas eram minoria e foram negociados caso a caso, alguns até mantendo o valor da bolsa. A Shell informa, inclusive, que só aumentava a sua carga horária de quatro para oito horas no período de férias escolares, quando a bolsa passava de R$ 800 a R$ 1.200. Segundo a empresa, os valores foram mantidos, mas a carga nas férias foi reduzida para o limite de seis horas.

— Em período de provas, agora o estagiário tem direito de reduzir a carga horária à metade — lembra a gerente de Recrutamento e Seleção da Shell, Rachel Nascimento.

Estagiário seria dispensado e é contratado como técnico
A Chemtec, empresa de engenharia e TI que tem 16% de seu efetivo formado por estagiários, diz que nas férias os estudantes tinham a opção de trabalhar oito horas/dia, mas que a bolsa sempre foi paga por hora trabalhada. Durante as aulas, a carga era de até 32 horas semanais, diz a diretora de RH da empresa, Denise Cardoso: — Não nos preocupamos com a carga horária, mas com o desempenho na universidade.

Se, para as empresas que já se valiam de seis horas, as mudanças foram pontuais, para todas elas, há dois pontos da lei que são novidades: o direito do estagiário a férias e o limite de dois anos para a duração do estágio. A João Fortes Engenharia, por exemplo, para não perder um estagiário que passaria dos 24 meses na empresa, resolveu contratá-lo como técnico de operações de obra. A um ano de se formar, Thiago Gomes Soares, de 20 anos, gostou da solução. Antes, ele ganhava uma bolsa de R$ 850 para seis horas de estágio.

Hoje, recebe R$ 1.200, para oito de trabalho.

— Mas tenho flexibilidade para sair cedo, quando preciso.

Apesar de o estágio não caracterizar uma relação trabalhista, desde que respeitados os critérios legais, foi o Ministério do Trabalho que produziu a “Cartilha esclarecedora sobre a Lei do Estágio”. Afinal, as dúvidas eram muitas.

— Ouvimos diferentes visões sobre a lei. O assunto era novo para todos. A nossa principal dificuldade foram as férias após um ano de estágio e as proporcionais para contratos inferiores a um ano. Na prática, as empresas ainda não sabem lidar com isso — afirma Denise.

Após auge da crise, a oferta de novas vagas se estabiliza

Rachel diz que a Shell também teve dúvidas, ainda que atendesse a boa parte do que a lei previa: — A nova lei veio aberta. A cartilha ajudou muito, mas demorou a sair: quando saiu, nós já tínhamos pedido ajuda a um escritório de advocacia.

Mesmo com os percalços nesses seis meses, no geral a maioria concorda que a legislação é boa. Inclusive os estudantes.

— Peguei bem a transição da nova lei. Com regras específicas, você tem mais garantias. Antes estava tudo muito solto — observa Vanessa Guerra, de 21 anos, estagiária de comunicação corporativa da Shell.

Aldir Pimentel, de 23 anos, é estagiário da Chemtec e tem a mesma opinião: — A lei foi importante para que muitas empresas deixem de explorar estagiários como mãodeobra barata.

Carlos Henrique Mencaci também acha que a lei foi benéfica para os alunos: — A redução da carga horária proporciona ao estudante mais tempo para estudo. Quanto à crise, acho que ela encontrou um piso. Voltamos a ter uma estabilidade no número de vagas oferecidas. Claro que não estamos no mesmo patamar de antes, mas devemos ampliá-las daqui para frente.

Arone Junior, da Abres, faz análise semelhante: — As dúvidas do empresariado, enfim, estão acabando. A lei dá mais segurança jurídica para quem contrata. Espero que a situação se normalize, na medida em que a economia melhore.

O presidente do CIEE-RJ, Arnaldo Niskier, também antevê uma retomada de abertura de novas vagas pelo mercado.

— O próprio mercado está regularizando a situação, mas o mais importante é a preocupação da legislação com o aspecto pedagógico do estágio.

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