Nos dias atuais, a transição de carreira tornou-se uma realidade cada vez mais presente na vida de muita gente. O mundo corporativo está em constante transformação devido a avanços tecnológicos, mudanças econômicas e novas demandas do mercado. Nesse contexto, é comum os indivíduos sentirem a necessidade de buscar outros desafios, desenvolver habilidades e explorar diferentes áreas de atuação. Essa migração pode ocorrer por diversos motivos, como insatisfação com o posto atual, busca por maior realização pessoal, necessidade de adaptação às tendências ou até mesmo por um chamado interno de autodesenvolvimento.
No entanto, essa não é uma tarefa fácil e exige planejamento, coragem e resiliência. Hoje, essa troca de rota é impulsionada pelo acesso a informações e recursos on-line, pois permitem a busca por conhecimento, o contato com integrantes de diferentes setores e a identificação de oportunidades. Além disso, as empresas estão cada vez mais abertas a profissionais com trajetórias não lineares, reconhecendo o valor da diversidade de experiências e competências.
Quando realizar esse movimento?
Insatisfação, desconforto, frustração e falta de valorização são alguns dos indícios de quem se sente estagnado e infeliz na carreira. Diversos estudos têm revelado algo observado com frequência: sujeitos com vontade de mudança. "A sensação é de um profundo desconforto, falta de propósito, ausência de reconhecimento, inclusive financeiro.. Além disso, há uma percepção de não se encaixar mais naquele lugar", destaca a mentora de carreira, Richely Tamura. Para ela, deve-se seguir um novo caminho quando há a necessidade de melhor qualidade de vida, rotina diferente, maturidade e flexibilidade.
De acordo com pesquisa do Linkedin, 49% dos entrevistados consideram trocar de emprego. Esse índice foi ainda maior entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, chegando a 61%. "Isso pode ocorrer de várias maneiras: em outra companhia, cargo ou até mesmo substituir a carteira assinada pelo empreendedorismo", explica Richely. Segundo a especialista, o importante é identificar esse desejo, buscar clareza sobre o destino desejado e planejar o processo.
Ela ainda aconselha a fazer algumas perguntas: "essa atitude vai afetar minha situação financeira? Será preciso criar uma reserva de dinheiro para me sustentar? Quais habilidades devo desenvolver? Quais talentos já possuo? Quanto tempo será necessário para me adaptar? Quais serão os passos para alcançar meu objetivo com segurança e tranquilidade?". Essas reflexões auxiliam a se conhecer melhor e entender como a trajetória até aqui será aproveitada", argumenta. Por isso, confira algumas diretrizes fundamentais:
Invista no autoconhecimento: é fundamental conhecer suas próprias habilidades, valores, objetivos e visão de mundo.
Desenvolva as competências necessárias para a nova carreira: identifique as skills já conquistadas e quais são necessárias aprimorar. Se necessário, invista em cursos ou treinamentos.
Faça um planejamento financeiro: pesquise tudo sobre o futuro segmento, incluindo informações sobre a remuneração. Responda à seguinte pergunta: você conseguiria se sustentar enquanto se aperfeiçoa na nova área? Se não, mantenha a calma, poupe ou busque novas fontes de renda até se sentir preparado.
O planejamento financeiro é fundamental nesse momento
De acordo com o relatório "Protegendo o Futuro do Trabalho", divulgado pela Kaspersky, 53% dos brasileiros têm a intenção de trocar de emprego. Os principais motivos citados são a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, assim como o desejo de obter um salário mais alto. No entanto, é crucial realizar um planejamento adequado para gerenciar as finanças durante esse período.
Segundo o analista de ações e consultor financeiro do Kinvo, Beto Assad, esse passo é fundamental para garantir o equilíbrio monetário e evitar dívidas. "Essa é uma decisão importante e terá impacto direto nas contas do indivíduo. É necessário considerar os investimentos a serem feitos e o tempo para se recolocar no mercado. Por isso, contar com uma reserva de emergência e reduzir alguns gastos é crucial", explica.
Para o analista, o primeiro requisito é compreender e organizar os custos fixos e variáveis, identificando onde é possível reduzir despesas, para investir em cursos ou até mesmo em uma graduação. Outra dica é compartilhar a situação com amigos e familiares para saberem da realidade e aconselharem da melhor forma.
Muitas vezes, recomeçar pode exigir a aceitação de uma remuneração menor. Nesse contexto, a organização se torna essencial. "Se está em dúvida, o ideal é pegar papel e caneta e fazer uma autoavaliação. Do lado esquerdo da folha, coloque os pontos positivos e, do lado direito, os negativos. Assim, é possível colocar na balança e ver o saldo final", complementa.
Como se integrar bem em um novo emprego?
No atual contexto laboral, não há muito tempo para uma adaptação prolongada, tornando fundamental estruturar o processo de integração. As competências mais valorizadas nesse momento incluem versatilidade e agilidade. O sócio da Exec, Rodrigo Forte lista cinco dicas para auxiliar nessa questão. Confira:
Conheça bem o novo local: se mudou para outra corporação, é importante conhecer profundamente suas atividades. Mergulhe no negócio, familiarize-se com a estrutura organizacional, políticas, liderança e cultura. Provavelmente precisará ajustar algumas condutas e comportamentos.
Domine sua função: não apenas entenda suas responsabilidades, mas alinhe imediatamente com seu superior as expectativas de entregas e realizações. Metas "SMART" podem ser de grande ajuda. No início, faça reuniões frequentes para ter a garantia de estar seguindo na direção certa e, depois, esses encontros podem ser mais espaçados. Essas oportunidades de desenvolvimento geralmente são identificadas e avaliadas durante o processo de seleção.
Monte uma boa equipe: se estiver como gestor, certifique-se de ter uma equipe à altura dos desafios, mas lembre-se: as pessoas precisam ser conhecidas e exigem tempo para se adaptar ao seu estilo. Além disso, construir alianças e pontes com áreas e parceiros é determinante. Procure compreender quem são os principais "stakeholders" internos e externos. A partir disso, tome a iniciativa de se aproximar, agendar conversas e, por meio delas, compreender como pode acontecer essa troca.
Confira as possibilidades: verifique os recursos disponíveis: humanos, tecnológicos, financeiros, entre outros. No entanto, eles são limitados e o desafio é sempre fazer mais com menos.
Normalmente, você tem 90 dias para mostrar seu valor. Embora os grandes resultados sejam colhidos a médio ou longo prazo, é possível se consolidar em um primeiro momento. Portanto, compreenda rapidamente as demandas, coloque as mãos na massa e faça acontecer. “Ao trabalhar adequadamente esses aspectos, a integração acontecerá mais facilmente. Após isso, a mudança terá valido a pena”, conclui Forte.
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