Nos últimos anos, as pessoas passaram por diversas modificações em seus desejos e formas de enxergar a carreira. Nesse contexto, surgiram novas soluções e práticas para as empresas se adequarem a essa realidade. Sendo assim, os líderes precisam ficar ligados nas tendências para conquistar os melhores talentos disponíveis no mercado e construir um time de sucesso.
Jornada flexível e diversidades são questões essenciais
A gestão do capital intelectual continua centrada nos recursos humanos internos. São vários os aspectos em ascensão no mundo contemporâneo do trabalho. Nesse sentido, um dos pontos mais relevantes da pesquisa WCD Unframed, promovida pela WCD (Women Corporate Directors) em parceria com o BMI (Blue Management Institute), refere-se à pergunta sobre quais fatores mais atraíam as pessoas no período pré-pandemia e o maior estímulo atualmente. Enquanto, para 54%, antes o principal item era o aprendizado e desenvolvimento intensos, hoje, conforme 62%, a maior busca é por uma oportunidade profissional com flexibilidade na jornada e o equilíbrio da vida. Além disso, 31% preferem o trabalho a distância porque é mais econômico, reduzindo gastos com transporte, alimentação e roupas. Ainda, 24% consideram esse formato mais seguro ou confortável.
Outro aspecto essencial diz respeito à diversidade, equidade e inclusão (DE&I). Para 32% dos respondentes, esses temas não devem ser tratados separadamente da questão do mérito e 50% se sentem incomodados com o radicalismo do debate. Ainda, 37% das organizações têm como principal compromisso educar e sensibilizar a equipe, a rede e o ecossistema em torno do tema.
Por isso, os negócios com maior crescimento nos últimos anos apostaram em mais inovação, aperfeiçoamento das relações e tiveram agilidade na criação de novos modelos. Também investiram em ampliar a representatividade racial e de gênero em todos os níveis hierárquicos e passaram a ver esses elementos como fundamentais.
Cuidar da saúde mental é imprescindível
De acordo com levantamento do International Stress Management - ISMA, 72% dos empregados sofrem de alguma sequela de estresse, 32% têm síndrome de Burnout (ou esgotamento profissional) e 92% das pessoas com a síndrome continuam atuando. Esses números refletem uma realidade mundial e se tornaram evidentes no dia a dia da população, acendendo um alerta para um assunto, até hoje, com certa resistência na aceitação por parte das lideranças.
Para a CEO da Mental Clean, Fátima Macedo, é preciso identificar a divisão entre o saudável e o exagero. “Quando você está no ambiente de trabalho, com muita pressão, concorrência, entre vários fatores tensos, há um estresse ocupacional. No entanto, a pergunta a se fazer é: qual o limite disso?”, indaga.
De acordo com a especialista, a pressão faz parte, pois, mesmo nos locais mais saudáveis, existem metas a serem cumpridas, conflitos e cargas acentuadas devido a projetos com prazos mais apertados. “O problema ocorre quando começa a haver o desequilíbrio entre as demandas e a capacidade de entrega de um indivíduo naquela relação. Precisa ser uma via de mão dupla, na qual ambos os lados ganhem”, ressalta.
Aos poucos, a sociedade se conscientizou a respeito do tema. Segundo dados da Previdência Social, em 2021, foram mais de 75 mil afastamentos por conta da depressão no país. “Trata-se de um matador silencioso, mas manda sinais e demonstra em sintomas”, enfatiza Fátima. Consoante estudo do LinkedIn, 91% dos habitantes consideram importante falar sobre saúde mental com psicólogos, amigos ou familiares e 80% declararam já se sentirem confortáveis em abordar o assunto cotidianamente.
No entanto, esse índice cai para 44% quando consideramos o emprego. Falta segurança para se expressarem, demonstrando a existência de um tabu. “A alta liderança, o RH e as equipes de saúde, precisam de ajuda especializada, estruturação e treinamento. Porque não adianta oferecer o programa e o suporte para o grupo se eles não conseguem ou não tem vontade de participar. Esse deve ser o objetivo principal: incentivar os colaboradores”.
Conforme levantamento da Conexa, após a Organização Mundial da Saúde - OMS considerar o Burnout como doença, em janeiro de 2022, a procura das companhias por programas focados em telepsicologia deu um salto de 44%. A psiquiatria a distância também teve um aumento de 85%. Para a psicóloga Luciene Bandeira, esse movimento da OMS despertou nos executivos um olhar mais direcionado para o tema, com a busca ativa de soluções. “Com isso, mais gestores passaram a oferecer auxílio aos times. Isso foi reforçado com o início da pandemia e tem se intensificado a cada dia”. Ainda baseado nos dados da pesquisa, os atendimentos psiquiátricos virtuais tiveram um aumento de 123% no segundo semestre de 2022. Isso evidencia como o olhar da sociedade mudou após o período complicado vivido nos últimos anos.
Portanto, nos dias atuais, para chamar a atenção dos indivíduos com mais capacidade no mercado, é preciso se manter atualizado e por dentro dos desejos desse público. Afinal, além de métodos, ferramentas digitais, sistemas, home office, salário e benefícios, os cidadãos buscam por outros valores subjetivos e determinantes para a escolha de onde querem estar. Dessa forma, quem ficar preso em práticas tradicionais e ultrapassadas, será batido pela concorrência acirrada.
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