O termo em questão possui origem inglesa e deriva do verbo “to comply”, ou seja, “agir de acordo” com o regimento interno de uma organização. Ao longo do tempo, passou a abranger não apenas o cumprimento de regras, como também a prevenção contra possíveis fraudes, inclusive os casos de corrupção. No geral, seu grande objetivo é criar mecanismos capazes de evitar golpes e promover a filosofia da entidade. O atual cenário globalizado no qual estamos inseridos tem exigido cada vez mais as condutas de segurança. Portanto, fique por dentro dos benefícios envolvidos nessa prática e sobre como essa alternativa pode otimizar a rotina dos negócios.
Os cuidados na era da informação
Nos últimos anos pudemos testemunhar um número significativo de inovações. Embora já fosse um processo em andamento, a última década quebrou todos os paradigmas e transformou completamente a realidade dos indivíduos. Com a ascensão do mundo digital, os cuidados precisam ser redobrados e, principalmente, modificados em relação aos dos tempos antigos. Apesar das inúmeras facilidades trazidas pelo alto fluxo informacional, as pessoas físicas e jurídicas precisam ser cautelosas em suas ações.
Quando falamos sobre o ramo empresarial, o excesso de notícias e a agilidade de propagação estão aumentando. Por isso, a adoção de códigos de integridade é um importante passo na busca pela credibilidade organizacional, mesmo sendo impossível garantir completamente a ocorrência de irregularidades. Desse modo, a adesão de políticas nos procedimentos internos e externos em conformidade com a lei é fundamental para evitar polêmicas.
Entende-se, portanto, como a implementação de medidas preventivas é essencial para minimizar os riscos de desvios nas movimentações. “Um exemplo recente disso é o caso da Americanas, marcado pela identificação de uma fraude no balanço auditado pela PwC, uma das Big Four do segmento de contabilidade, formado por Ernst & Young (EY), Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC) e KPMG . Embora o acontecimento tenha causado perdas significativas na credibilidade e no valor da entidade, é importante destacar como, sem a adoção do compliance, a situação poderia ter sido ainda mais grave”, comenta Débora Cardoso, Quality & Compliance Coordinator na Prosperi.
A temática não está em alta apenas no Brasil, como também em todo o mercado internacional. A partir da correspondência legal, é possível se manter atualizado sobre as tendências. “A preocupação com a preservação do planeta e com a sustentabilidade dos negócios também é vista com bons olhos por fundos de investimentos dos quais vêm apostando em empresas adeptas à tríade ESG (Environmental, Social and Governance), reunindo políticas de meio-ambiente, responsabilidade social e governança. Essas são regras inspiradas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), da Organização das Nações Unidas (ONU), para 2030”, complementa a especialista.
O compliance ajuda a reduzir fraudes
De forma geral, o programa é estruturado da seguinte maneira: implementação de políticas internas, auditorias, aplicação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), canal de denúncias e background check (checagem de antecedentes de colaboradores e prestadores de serviço). A partir desse padrão comportamental, há a compatibilidade normativa e a prevenção contra incidentes.
Acima de tudo, a fiscalização constante é fundamental a fim de prevenir desvios de conduta e ética, abusos, importunação, roubos, assédios, entre outras situações problemáticas. “Ao realizar uma auditoria preventiva mensalmente é possível detectar e sinalizar ao corpo diretivo as não conformidades em vigência. Além de conseguir detectar o problema, o ideal é as instituições disporem de uma assessoria referente à compliance e implementação de boas práticas, de modo a minimizar o acontecimento de risco de irregularidades, intencionais ou não”, pontua Cláudio Marson, Head de Consultoria Empresarial e Auditoria no Grupo IAUDIT.
Além disso, os prejuízos à imagem de uma corporação e diminuição no número de negócios resultam na queda da receita. “A etapa inicial é montar um Plano de Investigação, no qual devem constar os diversos passos dados para encontrar a verdade e identificar a fraude ou o comportamento inadequado. Desta maneira, é importante realizar entrevistas, mapeamento de processos e busca de evidências. Assim como, executar uma checagem de antecedentes”, conclui Marson.
O compliance no atual mercado
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela KPMG, 43% das empregadoras são desprovidas de uma cultura pautada pela ética. Contudo, em um futuro próximo, todas precisarão ser conduzidas por decretos e instruções nesse quesito. Pensando nisso, Débora elencou as principais tendências globais a respeito da disciplina dentro das instituições agora e nos próximos anos. Confira!
A inteligência artificial e automação estão em alta: esses recursos são cada vez mais utilizados para auxiliar as empresas a monitorar e garantir o cumprimento de regulamentos e padrões.
A proteção de dados pessoais é essencial: com a evolução da tecnologia e a quantidade crescente de dados pessoais armazenados digitalmente, há o aumento do risco de vazamento e uso indevido de dados pessoais. Por essa razão, a segurança informacional é uma das principais preocupações em 2023
A responsabilidade social corporativa deve ser incentivada: as corporações estão se tornando cada vez mais conscientes de sua responsabilidade social e estão buscando maneiras de firmar condutas de acordo com premissas éticas, morais e legais.
O gerenciamento de riscos não pode faltar: será uma das tendências mais importantes, porque as companhias procuram maneiras de identificar e mitigar riscos para promover o cumprimento de regulamentos e padrões.
A conformidade regulatória faz a diferença: já é, e continuará a ser uma das principais preocupações empresariais, especialmente em relação a regulamentos como o GDPR (General Data Protection Regulation) e a LGPD.
Torna-se evidente, portanto, como a tecnologia está moldando os negócios e suas responsabilidades. Para crescer e ampliar o número de parceiros, é indispensável estar preparado e contar com um time consciente a respeito das políticas organizacionais. Com isso, a avaliação sobre a utilidade dos controles implementados deve ser constante para, assim, ser aprimorado quando necessário. A partir dessa mentalidade, é possível passar mais confiança para clientes, parceiros e colaboradores.
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