Nos últimos anos, os adolescentes passaram por uma grande mudança de personalidade. Hoje, os mais novos ingressantes no mercado de trabalho possuem desejos, atitudes e pensamentos bem diferentes dos veteranos. Por isso, é fundamental entender esse cenário para saber como explorar o melhor de cada um e proporcionar um clima saudável em seu negócio.
As novas gerações já são maioria nas corporações
A chegada de uma nova geração ao mercado de trabalho é frequentemente considerada impactante. Repletos de energia e vontade de construir seu caminho, agregar ideias revolucionárias aos métodos e rotinas replicados por longos períodos, os jovens trazem essas características em comum. De acordo com o Great Place to Work, as gerações Y (nascidos entre 1981 e 2000) e Z (nascidos após 2001) já representam 60% dos colaboradores globais.
Cerca de 70 milhões de brasileiros pertencem a essa parcela da população e 46% deles é economicamente ativo, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea. No futuro, essa parcela deve representar 70% das movimentações financeiras no país. Sendo assim, as lideranças devem estar preparadas para lidar com equipes cada vez mais diversas e homogêneas nesse sentido.
Segundo a escritora e palestrante, Heloísa Capelas, esse conflitos sempre existiram. “Agora, vemos a chegada de uma população economicamente ativa já alfabetizada na era digital. Para alcançar um equilíbrio entre todos, os gestores, por muitas vezes mais velhos, devem estar abertos para as novidades, quebrar antigos paradigmas e enxergar todas as possibilidades propostas pela juventude. Eles trazem, inclusive, outras prioridades como a qualidade de vida, jornadas flexíveis e saúde mental”, comenta.
Tendo essa gestão de alteração comportamental e de crenças como um dos principais desafios, a especialista pontua a inteligência emocional como a chave para ter sucesso nessa missão sem colocar todos os anos de trabalho, aprendizados e conquistas em risco. “É preciso desenvolver a capacidade de ouvir, legitimar o pensamento do outro e aceitar a chance de erros acontecerem. Para isso, o aspecto psicológico é fundamental, independentemente do contexto. O líder precisa estudar e dominar o sistema, mas antes de tudo, deve ter consciência de si, do seu papel e como ele impacta as pessoas”, explica.
Ainda, Heloísa destaca a relevância desse processo para a evolução acontecer, inclusive, a respeito das relações empresariais. “A inovação traz a capacidade de correr riscos e nada nos impede de errar. No âmbito mental, é dar um novo significado a uma boa conversa, é o respeito pelo sênior e pelo júnior, é poder olhar para essa garotada com muito respeito e dignidade, pois eles vão herdar o mundo”.
O que esses jovens buscam na carreira?
A entrada desse público nas companhias gera uma série de adaptações necessárias. Na essência, todos querem um cargo, realizar sonhos e conquistar algo, mas as motivações mudaram com o passar do tempo. “Nos últimos anos, pude acompanhar os desafios de contratar e reter talentos. Percebi grandes diferenças quando nos referimos à realização profissional, ocasionadas por diversos movimentos recentes”, ressalta o sócio da NG Cash, Eduardo Nadelman.
De acordo com o executivo, o primeiro deles foi o surgimento de novas opções de carreiras. Empreender virou uma alternativa real e valorizada pelos estudantes. Outra área é a de criador de conteúdo. Muitos começam a produzir conteúdo na Internet antes mesmo de entrar na faculdade e já se torna uma primeira e relevante fonte de renda.
A evolução da tecnologia e a abundância de capital disponível para organizações do setor foram os maiores responsáveis por isso. A evolução de plataformas acessíveis abriram muitas possibilidades. Hoje qualquer cidadão pode, sem sair de casa, abrir o seu negócio, inventar um produto ou solução, investir em marketing digital e escalar alguma instituição investindo poucos recursos. Com essa transformação, as pessoas passaram a considerar outros rumos para conquistar o protagonismo de suas histórias.
Outra alteração foi na visão sobre o emprego. No passado, estabilidade, cargos e responsabilidades bem definidos durante 30 anos eram sinônimos de sucesso. Agora, locais dinâmicos, sentimento de construção e geração de impacto viraram os pontos mais buscados. Tudo na vida dos mais novos é instantâneo: contatos, consumo, acesso à informação, entre outros.
Nesse sentido, Nadelman traz alguns aspectos relevantes para os jovens:
Propósito: eles precisam se sentir realizados, entender o objetivo do empreendimento e qual a sua contribuição nessa jornada. É importante perceber como faz parte de algo grande.
Desenvolvimento: eles querem aprender e estar em constante evolução. Ver seus colegas crescendo em meio a um ambiente diverso. Essa geração pode e deve ser desafiada.
Dinamismo e flexibilidade: a agilidade no dia a dia é essencial para mantê-los motivados. Querem fugir de burocracias e procuram a resolução rápida dos problemas. Muito intensificado pela pandemia, pretendem flexibilidade para atuar do seu jeito, pois devem ser cobrados por resultado e não por horas trabalhadas.
Autonomia: esses indivíduos não gostam de apenas seguir processos estabelecidos. Dar liberdade é fundamental.
Impacto social ou ambiental: essa geração tem grandes expectativas de como as empresas vão impulsionar as mudanças sociais e ambientais. Esperam posicionamentos das corporações sobre os temas.
Como se adaptar para atender esses anseios? “Atualmente, atrair e manter talentos não é fácil. Vai muito além de oferecer salários e benefícios. As companhias devem rever sua proposta de valor para o time. Essas mudanças devem ser protagonizadas pelos comandantes e não terceirizadas aos subordinados. Só assim conseguirão evoluir e formar um grupo de alta performance, gerando valor no longo prazo.
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