Dentro da sociedade, principalmente por meio das ferramentas digitais, encontramos inúmeros estímulos prazerosos para tirar o tédio da nossa rotina. No entanto, eles são mecanismos distrativos quando não administrados corretamente e podem ser um item parceiro da procrastinação. Essa atitude é vista como o adiamento de uma atividade, geralmente, até o prazo limite para ser executada. Essa ação tem um impacto negativo sobre a carreira, estudos e até na vida pessoal. Então, veja nesta matéria, como superar esse problema e se destacar na sua universidade ou estágio.
Algumas atitudes podem incentivar a presença deste comportamento na rotina
Apesar de não ser uma conduta positiva, pelo menos uma vez na vida iremos procrastinar uma tarefa, isso pode acontecer e é normal. Dessa forma, vale a pena entender o porque isso surge. “Para compreendê-la, existem dois sistemas em nosso cérebro, os quais entram em conflito e geram esse instante. Um deles é o controle inibitório, componente das funções executivas e o outro é o aparelho de recompensa, responsável por liberar dopamina. O primeiro, possui a habilidade de impedir um certo comportamento, então ao ativá-lo eu adio uma atividade e opto por fazer outra coisa. Após essa decisão, logo em seguida o hormônio de prazer é liberado pelo segundo elemento. Em suma, ela é a dificuldade de postergar a sensação de satisfação”, explica Fabiana Saes, psicóloga formada pela Universidade Metodista de São Paulo.
Em consonância com a busca pelo constante sentimento de contentamento imediato, os dispositivos eletrônicos como os celulares podem ser um obstáculo para aceitar o tempo correto das coisas e lidar com o tédio de uma tarefa. Isso porque dentro deles os aplicativos, como as redes sociais, entregam na palma da sua mão, milhões de conteúdos em questão de segundos. A partir disso, é possível se acostumar com um padrão de novidades e, quando outros itens não se desenvolvem rapidamente assim, são mais substituíveis. “Nós buscamos ser cada vez mais imediatistas para ter resultados rápidos e evitar o desconforto”, complementa a especialista.
Duas pesquisas feitas pelo próprio Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) apontam como essa relação com os smartphones preenchem a rotina dos entrevistados. Uma delas questiona quais atividades tomam a maior parte do tempo e do total de 6.267 participantes, 57,78% disseram ser a navegação na Internet. A próxima, realizada com uma amostra de 28.470 respondentes, perguntava quanto tempo era possível ficar afastado do aparelho, para 31,42% no máximo, um final de semana prolongado, 27,70% admitiu conseguir permanecer muito, pois ele não faz falta e poderiam até parar de usar, 27,14% aguentaria somente até 24 horas, já 10,58% acredita ser impossível ficar mais de seis horas sem e, apenas, 3,16% acha difícil se afastar por mais de 30 minutos.
A prática constante pode intensificar e os efeitos da procrastinação
Ao começar pelo acúmulo de tarefas, pois diante da situação de trabalho e acadêmica, as coisas funcionam com base em prazos. Deixar para fazer algo no dia seguinte não impede a insurgência de uma nova tarefa, ou demorar além do previsto e tomar o espaço de outro compromisso na sua agenda. Isso faz o resultado final ser uma bola de neve, cheia de afazeres e estresse. Afinal, você acaba ficando sobrecarregado. "Quanto mais deixamos as atribuições para depois, mais a nossa mente reforça o hábito de procrastinar. Ou seja, mesmo não querendo deixar esse costume te dominar, enquanto essa conduta for recorrente, inconscientemente, você está deixando isso acontecer”, relata Renato Alves, fundador da Memory Academy.
Por isso, de acordo com a psicóloga, ficar ignorando o desenvolvimento dos compromissos pode comprometer a sua postura para lidar com diversas situações. “A constante procura por recompensa dificulta a aceitação de feedbacks negativos, fazer auto reflexão sobre desempenho, instiga uma redução de consciência e ativação do piloto automático. Ademais, influência na necessidade de atingir um nível de perfeccionismo nos resultados e, ao avaliar não ser possível o indivíduo se afasta e é tomado por uma grande angústia. Por fim, ela prejudica todo o seu desempenho devido a um estado de sofrimento mental”, elucida.
Confira as medidas para evitar esse comportamento
Além do bloqueio na evolução profissional, esse procedimento tem relação direta com a saúde mental, assim, o seu cuidado deve ser dobrado. “Existem diversos artigos relacionando a procrastinação com os transtornos psicológicos, como a depressão, estresse e ansiedade”, alerta Fabiana, também professora em pós-graduação para psicólogos na disciplina de Mindfulness para crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, ela indica medidas para lidar com esse processo, mas antes de tudo, em situações com um grau mais elevado é sugerido a consulta com um profissional da saúde. Então, confira como melhorar essa dificuldade em seu cotidiano:
Exercício mental: pensar em como o seu eu do futuro irá se sentir após realizar a missão a qual você está adiando. Sendo a resposta, em maioria, o alívio, é válido levar esse sentimento de volta para o presente e usá-lo como uma ferramenta de motivação para iniciar. “Isso é uma brincadeira, mas funciona muito bem para aprender a postergar a urgência de um retorno positivo”, completa a profissional.
Organização do dia: ter uma agenda é essencial para colocar horário e determinar o tempo gasto em cada objetivo. Dessa forma, no caso de imprevistos, fica mais fácil ajustar em qual momento você irá recompensar o instante tomado. Assim, você libera a mente, tirando a sensação de dívida com os seus compromissos. A anotação de tudo é uma maneira de prever os acontecimentos da sua semana.
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