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A terceira idade atuante mercado de trabalho 

Notícia | 31/10/2022

Carolina Amaral

Um pilar o qual precisa de bastante atenção das empresas é a diversidade etária. Isso porque pode garantir o seu sucesso ou ameaçar sua estrutura. Atualmente, com uma política mais diversificada no mercado como um todo, as organizações precisam se posicionar e aderir aos padrões sociais relevantes. Assim, devem ir além do convencional e ter uma visão de mundo diferente, tendo em vista, principalmente, como um ambiente unificado e padronizado pode tornar o ponto de vista unilateral e, dessa forma, não atingir a “persona” da melhor forma. Logo, algumas noções do assunto são importantes nessa jornada e serão expostas agora, venha conferir!

 

A situação populacional do Brasil

Com o envelhecimento da população, o ramo empresarial convive com o empecilho de se reinventar em alguns quesitos. Hoje em dia, cerca de 54 milhões de brasileiros têm mais de 50 anos e lidam com oportunidades escassas de trabalho, devido a, para muitas organizações, o fator da idade avançada ser levado em conta na hora da contratação. Em 2060, 25,5% dos habitantes do país serão sujeitos acima dos 60 anos, tornando essa realidade mais preocupante.

A pandemia agravou essas circunstâncias. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 700 profissionais encaixados nessa faixa etária perderam seus empregos no período. Segundo a plataforma Maturi e da EY Brasil, somente 10% dos trabalhadores mais velhos estão ativos.

Todavia, aos poucos essa realidade vem mudando, principalmente impulsionada pelo fortalecimento dos princípios ESG (Environmental, Social and Governance) nas entidades. “Com a população envelhecendo mais devagar, graças aos avanços da medicina, os 50 são os novos 30 e, ouso dizer: os 70 são os novos 50, com muito mais disposição do visto na geração de cinquentões do passado. Com isso, as corporações estão identificando um grande potencial na união de profissionais experientes com jovens talentos”, afirma Uranio Bonoldi, palestrante e consultor em estratégia empresarial e governança corporativa.

Logo, uma pesquisa realizada pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), perguntou a 25.505 pessoas: “As empresas estão preocupadas com a diversidade e inclusão?” e uma boa parte (23,78%) disse: “sim, inclusive isso já é perceptível em vários setores”. A grande maioria, 37,69%, também concordou, porém acreditam poder melhorar muito ainda. A segunda maior quantidade de votos (27,01%), pensam depender do estabelecimento, mas 7,36%, disseram: “não, ainda está longe do ideal”. A parcela mais negativa foi a menor (4,15%), comentando como a maioria fala e não faz nada a respeito. Esse levantamento mostrou como, apesar dos fortes discursos de pluralidade corporativa, ainda existem ações de melhora acerca do tema.

 

O etarismo como uma barreira difícil de ultrapassar

Apesar da idade, no presente, muitos indivíduos pertencentes à faixa dos 50 anos ou mais, ainda mostram fôlego e vontade para se redescobrir e inventar, fazer coisas novas ou compartilhar suas experiências. Um exemplo disso é a colaboradora Ana Assunção, de 71 anos. Recentemente ela passou a fazer parte da equipe da Orit, companhia especializada no mercado de jóias e relógios secondhand, admitida para atuar como vendedora em uma das lojas da marca, em São Paulo. Ela não é a única funcionária acima de 50 anos a compor o quadro de operários, 30% das pessoas atuantes em diferentes áreas do negócio estão acima dessa idade.

Ana conta como decidiu abraçar a oportunidade da Orit porque se sente plenamente produtiva e útil para continuar na ativa. “Eu estou muito feliz, pois não me sinto com 71 anos. Ainda tenho muita disposição e vontade de aprender. Adoro o mundo das joias”, diz. Ela opera junto com colegas com idades diversas em um grande shopping center na capital paulista e destaca como a interação entre elas é um fator muito positivo para uma sabedoria mútua. “Não tenho dificuldade de me relacionar com as meninas mais jovens. Muito pelo contrário, elas me ensinam muito e eu me sinto privilegiada por ter essa troca de conhecimento”, pontua.

Para Claudia Krieger, COO/CFO da Orit, abrir esse espaço ajuda a reforçar o mercado de trabalho no Brasil, juntamente com trazer um novo olhar para as companhias. “Temos muitos experientes com desejo de realizar, de fazer acontecer e podendo contribuir com sua experiência na tomada de decisões e na busca da melhor solução para a organização em diversas áreas”, conta.

 

O preconceito como uma pedra no caminho para a evolução

Um relatório sobre etarismo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta uma a cada duas pessoas no mundo praticando o preconceito de idade contra os mais velhos, com consequências graves e de longo prazo para a saúde e bem-estar dos idosos. Essa discriminação também está associada a uma expectativa de vida mais curta, com piora da saúde física e mental de quem a sofre. Embora não pareça, a prática custa caro para a sociedade. 

Um estudo sobre o assunto nos EUA, publicado pela OMS, mostrou como as vítimas de etarismo tendem a se ausentar do trabalho. Em um grupo de dez mil trabalhadores, foram cinco mil faltas não justificadas, ao longo de um ano. Somados, esses indivíduos deixaram de receber U$ 600 mil. Estimativas na Austrália, sugerem como, se 5% a mais de indivíduos acima de 55 anos estivessem empregados, haveria um impacto positivo de 48 bilhões de dólares australianos por ano no PIB do país.

Isso mostra como esse é um dos grandes entraves mais enfrentados. Ainda há um estigma deles oferecem baixo aproveitamento, um dos sintomas do etarismo, prejulgamento com base em estereótipos associados à idade. “A quebra desse paradigma vai depender do movimento das próprias entidades em aumentar cada vez mais o número de posições ocupadas por esses trabalhistas, dando a eles a oportunidade de se desenvolverem e de trilharem uma carreira de sucesso”, frisa o especialista.

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