O quão confortável você se sente para interagir com os outros, cotidianamente? A inabilidade de tecer relações é, por muitas vezes, associada ao acúmulo de estresse da rotina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais desassossegado da América Latina. Uma das vertentes desse quadro psíquico é o Transtorno de Ansiedade Social (TAS). Esse fenômeno já acomete cerca de 13% dos brasileiros, um número correspondente a 26 milhões de habitantes. Quer descobrir como identificar, mais facilmente, o distúrbio e se atentar a como lidar com ele? Acompanhe a matéria a seguir e confira!
Como identificar a ansiedade social
Antes de mais nada, é preciso compreender a caracterização do TAS. Esse quesito encontra na semelhança com a timidez, um dos principais problemas acerca de sua definição. Quem enxerga de longe, não raramente tende a vestir um ansioso social com a lúdica e prática fantasia de tímido. No entanto, é preciso tomar cuidado, pois a distinção é profunda e não deve ser confundida. Enquanto uma é somente um traço de personalidade, a outra trata-se de uma condição maléfica, capaz de causar limitações na vida pessoal e profissional do indivíduo. Por isso, é necessário ter atenção redobrada e jamais prescrever um diagnóstico no bater dos olhos.
Esse tormento é descrito pela manifestação de um medo excessivo ao entrar em contato com situações públicas. Por conta disso, é muito comum contemplar a fuga dessas pessoas de locais os quais exijam esse tipo de interação. “Os fóbicos sociais se sentem insuficientes e inadequados em relação aos outros. O medo do julgamento e a insegurança são, dessa forma, duas das reações mais visíveis. Quem sofre desse problema pode sentir calor excessivo, taquicardia, sensação de falta de ar, percepção de ser constantemente criticado pelo seu entorno e o temor em cometer erros”, pontua a psicóloga pela USP e pós-graduada em psicanálise e saúde mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, Monica Machado.
Diferentemente do comportamento mais reservado, ou até mesmo constrangido, o TAS é qualificado por um nervosismo irracional. Cenários cotidianos são, infelizmente, capazes de engatilhar más sensações e retirar o conforto desses cidadãos. Evitar a relação com terceiros é, portanto, um paliativo a fim de se livrar do intenso sofrimento decorrente do contato. “Esse transtorno tem o poder de atrapalhar o desenvolvimento profissional. Além da pessoa evitar momentos fundamentais para o seu crescimento, a insegurança e sensação de inferioridade contribui para a perda de desempenho. Tudo isso pode perturbar na realização de projetos, apresentações e reuniões”, complementa Monica.
Como o TAS pode comprometer o desenvolvimento de uma carreira
Para falar, propriamente, do Transtorno de Ansiedade Social, deve-se despir de um preconceito comum, denunciado pela psicanalista: o singelo fato de alguém impedir-se de compartilhar suas ideias não significa deixar de tê-las. Pelo contrário, quem enquadra-se nesse perfil "pode ser muito criativo, inteligente e ter excelentes insights, com o potencial de agregar ao crescimento de uma empresa. Entretanto, por conta desse receio excessivo, onde questiona-se constantemente se é bom o suficiente, cria-se um impedimento para externar as pertinentes sugestões. Essa ferramenta involuntária de auto sabotagem compromete o início de uma carreira, por exemplo. Por conta da imposição de barreiras, uma mente genial pode fechar sua própria porta para o sucesso”, enfatiza.
Logo, deve-se preocupar em reconhecer, nas atividades corriqueiras, indícios capazes de revelar um potencial portador do TAS. Veja abaixo algumas dessas circunstâncias, as quais podem impactar negativamente no progresso de uma trajetória ocupacional:
- Inibição de qualidades
Um dos desafios primordiais de quem procura por uma vaga de estágio, por exemplo, é manifestar claramente suas próprias qualidades. Esse esforço não é uma possibilidade existente no mundo de quem tem esse tipo de fobia. A mera chance de ouvir um “não”, ou notar um simples olhar de dúvida, já é o suficiente para minar uma ação. Isso pode ser sucedido, por exemplo, por uma eliminação precoce em uma entrevista.
- Dificuldade de lidar com superiores
Outro fator complexo é se envolver com quem representa cargos de superioridade ou liderança. Independentemente do assunto a ser tratado, se alguém com o transtorno é chamado na sala de seu chefe, os batimentos cardíacos tendem a acelerar, a boca seca e o suor aumenta. “Lidar com uma figura de autoridade gera pânico. Por conta da baixa autoestima, a figura de um diretor transforma-se em um ser inacessível, alguém bem maior e melhor. É como se o ansioso se sentisse totalmente incapacitado de ter uma simples conversa com o coordenador”, explica Monica.
- Ausência de contato visual
Um dos pontos basilares para exercer uma comunicação clara e eficiente é olhar diretamente para o outro. Todavia, para quem enfrenta o TAS, essa habilidade encontra inúmeros obstáculos. Suportar a face de um ouvinte pode ser considerada uma tarefa impossível, pois evidencia cada detalhe e reação. Essas minúcias jogam contra e comprometem uma postura nítida e eloquente de quem se pronuncia.
Como lidar com essa questão
Frente a essa condição destoante, deve-se mirar, não no combate, porém na maneira como “lidar” com o transtorno. “Buscar por um especialista e fazer terapia é a orientação primária. Assim, quem precisa poderá ter mais consciência dos motivos pelos quais se esconde atrás de sua fobia. Ao identificar a origem das inseguranças, poderá se ter a percepção do quanto elas importunam o seu desenvolvimento pessoal e laboral. Com um bom trabalho em conjunto ao terapeuta, conseguirá se ter mais ‘confiança no próprio taco’ e posicionar-se melhor em sua atuação”, indica a psicóloga.
Em certo ponto, todos tememos uns aos outros e procuramos não bater de frente com o desconhecido. No entanto, esse mantra torna-se preocupante quando extrapola a condição de uma pulga atrás da orelha e começa a controlar os nossos quereres e escolhas pessoais. “O mais importante é receber o diagnóstico o quanto antes e fazer um acompanhamento com o psicólogo e o psiquiatra. Uma dica a qual eu deixo é praticar a escrita terapêutica. Ao redigir sobre os seus sentimentos e emoções livremente, analisa-se com maior clareza o adversário à sua frente. Além disso, é uma forma produtiva de registrar a sua evolução e levar novas reflexões para a psicoterapia”, finaliza Monica.
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