Psicólogos, coaches e diversos campos utilizam da positividade para atrair coisas boas. A famosa prática de “pedir, entregar e agradecer ao universo” por realizações e conquistas é algo muito ouvido por aí. Entretanto, um sentimento em específico é colocado como de fato um diferencial para crescer profissionalmente, ligado diretamente à saúde mental. Aprenda agora sobre o perdão e como pode ser fundamental para se estabelecer na área de atuação.
A aplicação do perdão para capacitar a carreira
Historicamente falando, o termo é associado à religião, vigorado por anos em declarações cristãs e sendo contrário a pregação da Lei de Talião, onde há uma reciprocidade negativa nesse sentido. Tendo em vista esse contexto, observamos uma falta de conhecimento geral sobre a palavra e o autoperdão, algo essencial no quesito carreira. “Na minha vivência, o perdão revolucionou a maneira como eu me relacionava com todo o meu entorno. Quando eu perdoei a mim mesma e as pessoas as quais me atingiram negativamente e consegui ter clareza para fazer escolhas diferentes”, pontua Heloísa Capelas, mentora de líderes, mestre na metodologia Hoffman, escritora, palestrante e especialista em inteligência emocional.
Esse hábito está diretamente ligado à compaixão, vinda da empatia pela dor do outro e um desejo claro de aliviá-lo. Assim sendo, é necessário desenvolver um olhar para os colegas de ofício com essa visão, compreendendo como somos formados por inúmeros fatores e ocorrências vividos, sem um controle prático sobre isso. A saúde mental como um todo vem de um entendimento e responsabilidade sobre si mesmo trazendo manifestações e acolhimento de certas emoções.
Heloísa explica como aceitar e absorver desculpas auxilia na evolução profissional e afasta percepções inseguras e o medo de não ser capaz. “No lugar de reclamar e tentar agir de modo vingativo, a partir de uma situação desgostosa, seja um feedback negativo, críticas ou palavras duras, é possível escolher relevar e seguir em frente. Selecionar os pensamentos norteando nosso cotidiano não é o mesmo de viver uma positividade tóxica. Não podemos é deixar fluir a contínua obsessão por remoer uma, duas ou infinitas vezes algo ruim, como se tivesse acabado de acontecer. Isso não é saudável, atrapalha as relações interpessoais e o ciclo de carreira”, comenta.
Em todos os casos, com a absolvição, aprende-se a dizer não e ter posicionamento. Dessa forma, liberta-se de sensações como dor, raiva e vingança ao caminhar com autonomia, consciência e clareza, observando cada passo e situação encontrada no caminho. Assim sendo, essa é uma das ferramentas cruciais para o sucesso.
Doença do trabalho e os problemas gerados
A partir de janeiro deste ano, entrou em vigor uma nova classificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o Burnout. Com isso, ele passou a ser tratado de forma diferente, oficializado como um estresse crônico de trabalho não administrado corretamente, antigamente tratado como um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico. De acordo com o Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub, em 2021, as instituições brasileiras ficaram abaixo do número ideal de 78, com o índice geral de bem-estar no mercado do país recebendo a nota de 49,25, numa escala de 0 a 100. A pesquisa teve mais de 1.600 respostas de funcionários de 335 empresas. No levantamento, além da síndrome, o volume de demandas e controle (54,44), juntamente com a adição do trabalho (46,51) também foram fatores influentes como inimigos do bem-estar, levando em conta como uma nota maior significa piora.
Com a pandemia, novos métodos de serviço foram aplicados, como o home office, devido à obrigatoriedade do isolamento. “Todo novo processo requer uma adaptação, principalmente, em se tratando de equipes envolvendo pessoas de diferentes personalidades, estilos de vida e rotinas. Sempre pontuo a importância de não generalizar o contexto, mas cabe ressaltar como as instabilidades aparecem no decorrer do novo modelo e fazem parte de um processo de aprendizagem no qual estão envolvidos valores, padrões de comportamentos e regras tanto das empresas quanto dos colaboradores”, explica Sueli Klemenchuck, psicóloga, coordenadora de qualidade e instrutora de meditação na Mindself.
Em um momento pós Covid-19, é preciso compreender como, coletivamente, ainda estamos elaborando emocionalmente muitas perdas e, a fase do confinamento também causou fragilidades e instabilidades emocionais. Tudo isso provavelmente se reflete nas equipes corporativas e precisa de uma atenção redobrada, tanto dos empregadores quanto dos atingidos, para não causar danos permanentes.
Segundo pesquisa sobre estresse no ambiente de trabalho, realizada no Brasil e em outros 11 países pela International Stress Management Association (ISMA-BR), 89% dos consultados apresentam ansiedade, 83% angústia e 78% preocupação. Ainda conforme com esse estudo, a nação brasileira ocupa o segundo lugar no ranking do estresse no ambiente laboral, atrás apenas do Japão. Consoante com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a depressão será enfrentada, em algum momento da vida, por 20% a 25% da população.
Analisando os resultados do Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub em 2021, a startup fez parceria com a empresa de pesquisa Humanizadas para criar o Índice de Maturidade de Bem-estar Corporativo, o IMBC. O objetivo é identificar e organizar 59 práticas para o estágio de maturidade das companhias no tema. Com cinco fases, essa escala vai de um atendimento básico, com plano de saúde e avaliação de desempenho, e passa pelas etapas: segurança, proativo, sistêmico e regenerativo.
Visando gerar um local mais sustentável de estresse e demanda, um fator essencial é nutrir a proteção psicológica, a qual deve ser colocada como pilar primordial para garantir tranquilidade às pessoas de poderem compartilhar ideias, errar e aprender sem sofrer punições. Dessa maneira, essa nova classificação da doença permite um maior diálogo sobre o assunto, levando tendência para a cobrança na área de ESG da entidade dentro do pilar social.
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