A fase de iniciar em uma profissão é sempre uma descoberta. É uma nova realidade, com entendimentos, aprendizados e mudanças constantes. Para passar por essa etapa sem desgastar a mente é preciso, além de foco, humildade e responsabilidade, manter uma postura de autoconhecimento e estima. Essa pode ser a luta de muitos estagiários e profissionais no geral. Aprenda agora mais sobre o assunto, sua definição, importância e maneiras de se fortalecer.
Qual o significado e relevância de ter uma boa saúde mental no trabalho?
A saúde mental no trabalho é um estado de bem-estar psicológico, emocional e social do colaborador com as atividades realizadas. Tendo em vista esse cenário, alguns dados chocantes podem causar preocupação. De acordo com a Previdência Social, em 2021, no Brasil, mais de 75 mil pessoas se afastaram do trabalho por conta da depressão. A OMS (Organização Mundial da Saúde) mantém essa como uma das maiores causas de afastamento do ofício. No território brasileiro, 37,8% das licenças médicas por transtornos psíquicos são causadas pela doença.
Uma pesquisa realizada pela Capita, empresa inglesa de negócios internacionais e serviços profissionais, apontou 79% dos entrevistados sofrendo de estresse no trabalho nos últimos 12 meses, 47% acham esse sentimento normal no ambiente empregatício e 45% consideram pedir demissão devido a esse problema. Dentre todas essas estatísticas, uma em específico precisa ganhar destaque: 49% acham seu líder incapaz de lidar com essa situação caso conversassem com ele. Isso mostra como os gestores não são treinados para lidar com circunstâncias como essas e um despreparo das instituições como um todo.
Um fator contribuinte é esse obstáculo ainda ser visto como um tabu. Nesse sentido, o mesmo levantamento mostrou 24% dos trabalhadores tendo se afastado por estresse, porém menos da metade teve registros relacionados a essa causa. Tal contexto é justificado por 37% dos respondentes afirmarem não se sentirem confortáveis em assumir para os colegas, ou mesmo para a direção, o motivo real da ausência.
O impacto disso na vida dos estagiários
Quando se está começando no mercado, todos esses sintomas podem ser intensificados por estar, antes de tudo, lidando com grandes modificações na rotina. “Percebi minha autoestima muito abalada, principalmente por ser a minha primeira experiência em um ambiente onde eu não tinha conhecimento algum. Me senti insuficiente e muito atarefada”, comentou Laura Almeida, estudante de administração da faculdade UNA, em Divinópolis (MG). A universitária menciona também algumas melhorias a serem inseridas pelas organizações. “Poderiam aprimorar a forma como as tarefas são passadas, assim não sobrepesa ninguém e não causa um desânimo para entregar os compromissos”, sugere.
A discente afirmou como a vivência de um ato educativo escolar supervisionado foi enriquecedora para sua formação, seja ela profissional, pessoal ou acadêmica. “A instituição tem um papel extremamente importante. Por ser gerada uma relação direta entre o educando e o empregador, facilita muito o processo de aprendizagem”, explica Laura.
Energia mental e trabalho tem uma relação séria e complexa. Grande parte do dia da maioria dos indivíduos é dedicado ao ofício. Exercer funções junto com transtornos presentes é inviável. Por isso, é necessário ter consciência de saúde englobando um bem estar físico, psíquico social e espiritual. “Sempre ouvimos como é preciso separar a vida profissional da pessoal, porém isso é ilusão, não funciona mais assim. Não tem como pedir ao sujeito para deixar todas as suas emoções do lado de fora. Uma satisfação cognitiva afeta muito a concentração e raciocínio. Quando há um abalo nesse quesito, existe um impedimento para desenvolver tarefas em excelente qualidade”, avalia a psicóloga Geovana Almada.
É preciso levar em conta como a autoestima está diretamente ligada à confiança no modo de pensar e enfrentar dificuldades. Assim sendo, a terapeuta dá algumas dicas interessantes para deter esses males e cuidar do bem estar:
- Junte-se a uma equipe, vença a timidez.
- Comemore as vitórias, aprenda com os erros.
- Pratique a tolerância e confiança em si mesmo.
- Compreenda seus defeitos e não tente ser perfeito.
- Tenha atitude e tome decisões.
- Aprenda a dizer e expressar suas opiniões.
O papel da empresa nesse processo
Quando se pensa na responsabilidade da corporação, é preciso entender como manter alguém estimulado, gera bons frutos para ambas as partes relacionadas nesse caso. “Cabe ao supervisor propiciar a chamada motivação. Ela tem relação direta com a produtividade. Quanto mais entusiasmado um trabalhador está, melhor ele irá desempenhar suas funções, com maior rendimento e satisfação consigo mesmo”, pondera Geovana. “A baixa autoestima acaba levando a situações de estresse excessivo e esgotamento físico e emocional, podendo desenvolver, assim, a Síndrome de Burnout”, completou.
Dentre os principais sintomas desse adoecimento, estão: agressividade, isolamento, depressão, ausência, irritabilidade, mudanças bruscas de humor, ansiedade e lapsos de memória. “Diante de tudo isso, com certeza há uma queda na performance e afeta a empresa como um todo”, expõe a psicóloga.
Posto isso, algumas possíveis atitudes, se tomadas pela companhia, podem auxiliar positivamente nesse desenvolvimento. A criação de canais de comunicação, incentivando a empatia, respeito com o próximo e um ambiente de escuta aos funcionários, com espaços de debates e sugestões em reuniões, além de uma rotina de feedbacks constantes, podem ser boas ideias. A prática de não condenar os erros, mas gerar um aprendizado a partir deles é crucial. Isso pode ser feito por meio de treinamento e dinâmicas em grupo, fortalecendo também um bom relacionamento entre a equipe. No geral, admitir esse como um obstáculo e saber conversar sobre ele, é a melhor maneira de chegar a uma solução.
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