Os últimos anos foram marcados por muitos acontecimentos, os quais nem os mais assíduos especialistas conseguiriam prever. Olhando para o mercado corporativo, o setor de recursos humanos (RH) teve de se atentar à saúde das equipes, muito além da produtividade. Afinal, as pessoas não estavam nem psicologicamente ou financeiramente preparadas para esse caos global. Como fica esse pós-pandemia?
Burnout é doença e pode refletir no serviço
Desde o início de 2022, com a nova classificação da Síndrome de Burnout como doença ocupacional pelo Ministério da Saúde, a conjuntura deixou de ser tratada apenas como um distúrbio psíquico e passou a ser definido como “estresse crônico de trabalho o qual não foi administrado com sucesso”. Por isso, as empresas devem ficar mais atentas a essa questão.
Afinal, a saúde mental dos empregados tem uma preocupação especial, sob pena de serem responsabilizados pelos eventuais danos físicos, morais e patrimoniais causados em decorrência do distúrbio, também denominada de Síndrome do Esgotamento Profissional. Então, por onde iniciar? Quais as medidas práticas possíveis?
Para a reitora da Faculdade Instituto Rio de Janeiro (FIURJ), Carla Dolezel, com a determinação da enfermidade como ocupacional - ou seja, o serviço é o fator de risco - as companhias devem ter atenção e cuidado em oferecer um ambiente saudável e seguro. “Elas precisam estabelecer um programa de prevenção de riscos adequado, disponibilizando um espaço limpo, organizado, bem ventilado e iluminado, com móveis em formato ergonômico”, explica. Isso para começar, é claro.
Segundo ela, as entidades também têm de adotar em seus programas de compliance, meios de prevenção ao assédio e à fadiga, tais como:
- Evitar cobranças exageradas e jornadas excessivas;
- Remunerar corretamente as eventuais horas-extras ou concedendo compensação com folgas e atrasos;
- Respeitar os intervalos legais e os descansos semanais e anuais dos colaboradores.
Cuidado com a questão legal
Qualquer medida legal será tomada mediante o estudo do caso. “A responsabilização das instituições no Judiciário deverá se basear em laudo médico o qual comprove como o colaborador sofre com o estresse crônico laboral, além do histórico e da avaliação do ecossistema oficial, incluindo relatos de testemunhas”, afirma Carla.
Nesse sentido, com o diagnóstico do Burnout é direito do trabalhador a emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) pela marca e o encaminhamento desse contratado para a realização de perícia ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Lá será verificado a necessidade ou não de afastamento por tempo superior a 15 dias. “Caso seja excedente, após o retorno este terá direito à estabilidade provisória pelo período de 12 meses subsequentes. Logo, não pode ser dispensado sem justa causa, sob pena de a corporação pagar indenização relativa aos salários desse”, assegura a advogada.
Como as companhias devem agir?
Tais medidas carecem de ser adotadas, proporcionando melhores condições para a prática de atividades a fim de evitar o desenvolvimento da síndrome como terapia, meditação, yoga, tai chi chuan, entre outros. Essas são formas de evitar lesões por empenho repetitivo e minimizar o desgaste decorrente do ofício. Isso já deveria ter sido feito ao start da pandemia, com o home office, o qual cruzou os limites entre casa e trabalho, misturando a vida pessoal e a profissional, nem sempre de maneira saudável.
Conforme o terapeuta e filósofo clínico, Beto Colombo, geralmente a rotina corporativa é exigente ao extremo, sendo assim, a pressão por performance e comportamento pode levar a essa degradação emocional. “Muitas pessoas são exímios talentos. Já conheci doutores em planejamento estratégico, mas os quais não sabem organizar a vida privativa e existencial”, afirma.
Para ele, quando notarmos a confusão do papel de empresário ou cooperador com o de pai, filho, marido, falando sempre do serviço em todos os lugares, é um sinal de não saber dividir tais conjunturas e precisar de um suporte clínico. Então, fica o alerta!
A tal busca pela meta impossível pode causar estafa e as consequências são várias. “Esse transtorno psíquico - Burnout - é comum de ocorrer com quem passa por muitos momentos de tensão, pressão extrema e os quais exigem um grande envolvimento do indivíduo para realizar, seja de forma física, emocional ou psicológica”, explica a psicóloga da Iron Saúde Digital, Bettina Correa.
O ideal, segundo ela, é já buscar amparo especializado antes mesmo do quadro se agravar, caso se identifique qualquer sinal desses. “Além de tratar, é possível evitar, procurando formas de alívio da tensão, praticando atividade física, tendo momentos de lazer e socialização e buscando uma boa qualidade de sono”, finaliza.
Medidas práticas e preventivas para as empresas
A startup Dootax, entendeu essa carência e passou a oferecer como um dos benefícios para seu time, consultas com psicólogos on-line e semanalmente. “O tema ainda é tabu, mas chegou a hora de falarmos sobre. Conversar é preciso e na Dootax abordamos práticas para manter de forma positiva essa saúde intelectual dos nossos cooperadores”, conta a gestora de RH da Dootax, Priscila Gasperin.
A Eva, por exemplo, é uma marca focada em cartão de benefícios flexíveis. O modelo de negócio tem o objetivo de proporcionar mais segurança, liberdade, praticidade e customização por meio de serviços médicos e hospitalares, aplicativos ou até mesmo a opção de compra em farmácias. Além de disponibilizar o saldo livre capaz de ser investido no home office ou diversão familiar.
“Essas vantagens podem e necessitam ser utilizadas para minimizar todo o estresse com o ofício de acordo com suas preferências”, garante o CEO da Eva Benefícios, Marcelo Lopes. Todas essas iniciativas tentam melhorar a higidez e a prevenção dos riscos. Elas precisam estar devidamente documentadas para afastar eventual alegação de culpa in vigilando do empregador.
A pandemia colocou um holofote na pauta, felizmente. Inclusive, muitos fatos comprovam a importância e o proveito de se investir nas precauções. A cada um dólar aplicado em tratamentos do teor, quatro retornam em forma de produtividade e engajamento, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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