A pesquisa do Itaú Social e Instituto Unibanco realizada pelo Datafolha no último mês de dezembro aponta um interesse no voluntariado em 71% dos brasileiros. A iniciativa espontânea é ainda mais necessária com a pandemia da Covid-19 e, com as confirmações de novos casos da variante Ômicron, o auxílio é ainda mais urgente.
No contexto da crise sanitária vivida atualmente, a realidade é cruel para muitos: “sem emprego, sem comida, sem teto. Portanto, toda e qualquer forma de ajuda é válida”, afirma a enfermeira Uyara da Conceição. Ela encontrou uma instituição para ser auxiliar por meio da plataforma do Instituto Conecta Brasil.
Não tem preço
No mês de fevereiro, dado o aumento da nova cepa, o Conecta está com campanhas de ‘Combate ao Covid’ abertas, como da instituição goianiense Núcleo Mãe Dolorosa. Essa é apenas uma das milhares de possibilidades de atuação com a filantropia, seja para o auxílio de humanos, animais ou a natureza.
Uyara, inclusive, é um exemplo de quem exerce esse tipo de atividade em sua própria área de atuação, pois atua auxiliando mães na área da saúde, na organização Projeto Amor de Mãe. “Percebo como a prática me proporciona mais experiência e qualificação na minha profissão e ainda tenho o enorme benefício de exercer minha humanidade... são trocas sem preço”, conta.
Nem sempre o projeto está ligado à sua profissão
Já a estudante Maria Eduarda Vasquez se dedica a um setor diferente daquele de seus estudos, mas confirma sentir muita satisfação ao agregar suas qualidades em prol do próximo. Ela aconselha a todos a prática, afinal, pequenos atos fazem toda a diferença. “O mínimo detalhe pode ser a única esperança para quem recebe. É um ato de amor e de respeito com o próximo”.
De acordo com Lina Bocchi, analista de relacionamento do Instituto Conecta Brasil, o trabalho voluntário permite o aperfeiçoamento de habilidades únicas. Dentre os ganhos, estão não só a sensibilidade de olhar o outro com empatia, mas também o favorecimento da atenção aos detalhes, escuta ativa, senso de pertencimento, altruísmo e solidariedade.
Satisfação e network
Ainda para a analista, diversos outros critérios são favorecidos internamente. “A pessoa passa a se preocupar com propósito, engajamento e valores. Cria-se zelo e vontade de buscar alternativas extras para solucionar situações-problema para ajudar os outros”, compartilha.
Para Tom Peters, escritor e economista americano especializado em práticas de gestão de negócios, cercar-se de pessoas diferentes é um ponto fundamental para a evolução profissional. Nesse sentido, participar de programas desse tipo é um ótimo exemplo. “A atuação ajuda no desenvolvimento de competências como liderança, comunicação e resolução de problemas e trabalho em equipe”, conclui Bocchi.
Iniciativas dentro dos empreendimentos têm aumentado
Talvez por esses motivos tantas corporações valorizam cada vez mais em seus times a contratação de indivíduos envolvidos com boas causas, seja em tempo ou doações. Inclusive, é notável o crescimento da vertente da cultura do voluntariado empresarial no Brasil.
A adoção de práticas ESG (sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, correspondendo às práticas ambientais, sociais e de governança de uma companhia) abriu um novo horizonte de possibilidades de desenvolvimento na carreira, especialmente durante a pandemia. “Do ponto de vista profissional, a participação em programas de ajuda, apesar de não ter esse objetivo, contribui para o aprimoramento pessoal de competências como comunicação e resolução de problemas”, reitera Lina.