As mulheres já são maioria quando o assunto é empreendedorismo no Brasil, pelo menos em um segmento: o de iniciantes. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a taxa de abertura de negócios entre novatas no ramo é de 15,4%, enquanto a masculina é de 12,6%.
Na web também são a maior parcela
Além disso, conforme um estudo realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, as empreendedoras foram mais rápidas e eficientes ao implementar inovações em suas marcas durante a pandemia. São 71% das representantes desse grupo fazendo uso das redes sociais, aplicativos ou Internet para vender seus produtos, quando apenas 63% dos homens usam as ferramentas.
Essa preocupação em estar presente on-line é essencial, principalmente nesse momento pós-Covid. Mesmo com a flexibilização das medidas de contenção ao vírus, muitas corporações manterão suas operações remotas ou em regime híbrido. Conforme um apontamento da FIA Employee Experience, 90% das instituições aderiram a alguma modalidade de home office.
De acordo com Mara Leme Martins, PhD e VP BNI Brasil - Business Network International, já é uma noção comum entender a importância para quem está no início de uma empreitada fazer contatos e conhecer as pessoas certas - “o famoso networking”, diz. “Isso é mais desafiador para nós, pois os grupos profissionais ainda são espaços predominantemente masculinos e isso causa uma certa intimidação”, explica.
Desafios no mundo atual
As adversidades não param por aí, pois muitas das mulheres também são mães e vivem uma jornada dupla de esforços. “A falta de tempo para ir a happy hours, clubes sociais e eventos em geral soma-se à falta de abertura para a participação nesses ambientes e o resultado é negativo para todo o ecossistema”.
Dentro desse cenário, muitos grupos de networking exclusivos para essa parcela têm surgido nos últimos anos no Brasil. “No entanto, a separação traz também perdas, afinal, quanto mais íntegro e diverso é um contexto, maiores são as suas possibilidades de expansão”, constata a especialista.
As relações são favorecidas
Ainda de acordo com a vice-presidente, seja por questões naturais ou culturais, as representantes desse gênero costumam colocar a serviço do sistema características muito importantes para o desenvolvimento dos projetos. “Vale ressaltar sua maior habilidade para estabelecer conexões, se comunicar e criar vínculos, bem como para acolher, harmonizar conflitos e colaborar”, defende.
Bárbara Matos, estudante de direito, confessa ter negligenciado esse assunto até o momento da carreira. “É vergonhoso, mas não construí muitos relacionamentos por enquanto”, compartilha. Contudo, seu plano é aproveitar as oportunidades de estágio futuras para poder fazer essa expansão.
Humildade também ajuda
De acordo com a universitária, a possibilidade de pôr em prática os conteúdos dados em sala de aula e interagir com colegas ou supervisores mais experientes pode ser uma vivência enriquecedora. “Vejo como indispensável para a evolução humana nos colocarmos em uma posição de escuta, reconhecer e aproveitar a sabedoria dos outros para incorporá-la a nós”, conta.
Um cenário no qual a rede de contatos tenha espaço para o feminino se manifestar de maneira mais livre, é, para Mara, radicalmente transformado. “Gera transformações positivas em todos os seus integrantes, tornando-os mais potentes e prósperos em todos os sentidos”, conclui.