Ao longo dos últimos dois anos, o mundo corporativo ganhou desafios impossíveis de colocar em uma planilha do Excel ou em um sistema gerencial. Esse contexto desencadeou no desenvolvimento de diversos transtornos e afetou a saúde mental de estagiários, funcionários e dirigentes pelo mundo. Sendo assim, é fundamental ter cuidado com esse tema.
A ansiedade corporativa
Nesse momento, todas as pessoas estão em busca de retomar ao antigo normal, como era antes da pandemia. Mesmo em cenários positivos e otimistas, onde muitos setores e empresas cresceram, existe essa sensação. “São inúmeras questões nos rondando nesse mundo cercado pelos efeitos da doença, corroborando para o aumento da ansiedade”, explica a diretora comercial da N1 IT, Shirley Fernandes.
Tudo começa com uma aceleração mental na busca por mais resultados. Como lidar com tudo isso? Segundo estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Uerj, os casos de ansiedade e estresse subiram mais de 100% e os de depressão tiveram um crescimento de 90%. Conforme a Organização Mundial de Saúde - OMS, mais de 264 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo.
Os obstáculos enfrentados pelas corporações estão dentro das pessoas, pois passaram por grandes períodos de incertezas, medos, perdas, luto e uma avalanche de memórias registradas. “Contudo, nessa pressão toda, há um enorme pulso de vida em todos nós para lutar, vencer, inovar e buscar a vacina libertadora desse inimigo invisível e letal”, ressalta Shirley.
Dentro desse cenário do “novo normal”, um estudo realizado buscou elencar as principais habilidades do profissional do futuro e, por incrível que pareça, todas elas estão ligadas diretamente a qualidade de nossa estabilidade emocional para lidar com mundo atual frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
Dessa forma, novas habilidades são exigidas. Pensamento analítico e inovador, estratégias ativas de aprendizado, resolução de conflitos, criatividade, liderança, entre outras. Essas competências ganharam mais valor após a crise, para diminuir o impacto negativo nos resultados.
Para a diretora comercial, a ampliação desse debate já é um passo relevante. “Precisamos olhar e entender como melhorar. Quanto mais consciente o universo empresarial estiver, mais mecanismos encontraremos para minimizar os efeitos desses problemas”, comenta.
Outros problemas
O isolamento social imposto pela Covid-19 obrigou grande parte da sociedade a ficar dentro de casa por bastante tempo. Isso influenciou na maneira como nos relacionamos no trabalho, estudo e até as conversas com os amigos e familiares se tornaram on-line durante o período mais crítico da pandemia. “Agora estamos em um momento de flexibilização e será comum as pessoas se sentirem receosas em voltar à rotina”, explica a psiquiatra Aline Sabino.
Segundo levantamento da revista científica Psychiatry Research, a incidência de transtornos emocionais foi quatro vezes mais frequente quando comparada aos dados da OMS nos últimos anos. No Brasil, de acordo com a Universidade de São Paulo - USP, o país lidera o ranking de depressivos e ansiosos. Além disso, segundo dados do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, as fobias sociais atingiram cerca de 13% da população.
Para Aline, “os traumas vividos durante esse período desencadearam desconfortos, como repulsa ao ambiente e sensação de ameaça constante, relacionados à contaminação pelo vírus, além de sintomas semelhantes aos de crises de pânico”, explica. Ademais, outra condição percebida pela médica é o desenvolvimento do transtorno obsessivo-compulsivo - TOC, relacionado ao estímulo de limpeza e a dificuldade de crianças e adolescentes de se relacionarem.
Por fim, caso as crises tornem-se frequentes, a especialista recomenda a procura de ajuda médica, para não haver uma evolução para quadros mais graves, prejudicando a qualidade de vida. O tratamento é fundamental no aspecto pessoal e profissional. Ter momentos de lazer, fazer terapia e ter com quem conversar, são fatores essenciais para melhorar nesse sentido.
Portanto, dê suporte a quem está ao seu redor e busque ajuda caso perceba a necessidade. Cuidar da mente deve estar em primeiro lugar. Apenas assim você conseguirá alcançar seus objetivos.