O processo de demissão sempre gera um desconforto, tanto para o colaborador, seja ele um estagiário, aprendiz ou efetivo, quanto para o empregador. Infelizmente, durante a pandemia muitas organizações tiveram de dispensar membros de seus times, inclusive à distância, por meio de reuniões virtuais.
Do que se trata uma abordagem humanizada?
Embora seja uma atitude válida, é preciso colocar em pauta a personalização e empatia para esse momento. Dessa forma, o desligamento humanizado é uma prática responsável por trazer à tona o respeito e cuidado pela pessoa a ser dispensada, oferecendo a ela toda atenção e ouvidos, considerando seu bem emocional.
Karla Clarinda, empreendedora social e estrategista em recolocação profissional da PlugaJobs, esclarece algumas dúvidas sobre esse processo capaz de zelar pela estabilidade e bem-estar dos envolvidos na relação empresarial.
- Quais são os princípios para um encerramento mais consciente?
Essa tática faz o colaborador demitido carregar uma imagem positiva da marca, mesmo após a finalização da admissão. “Muitas pessoas desligadas nesse formato, durante os meses mais desafiadores da crise sanitária do coronavírus, regressaram às companhias nas quais houve recuperação. Assim, uma relação clara e harmoniosa é fundamental!”
- Como aderir a esse processo?
Em algumas organizações, a tática é feita por meio de consultorias as quais oferecem este serviço, como auxílio na busca de outra colocação, atualização de currículo, LinkedIn e etc. “É possível contar também com a ajuda de um coach/psicólogo ou mentor de carreiras para colaborar com o posicionamento do candidato em um processo seletivo”.
- Quais os benefícios para os dois lados?
O funcionário tem um certo tipo de apoio e estímulo para se recolocar de forma mais rápida. Do outro lado, a entidade tem o destaque por se preocupar com a saúde e a situação de cada pessoa dentro de seus grupos.
- Quais dicas podem facilitar a estratégia?
Explicar os motivos da dispensa, ter atenção e cuidado com todos e, se possível, manter seus planos de saúde por mais algum tempo, doação de equipamentos, ajudar na reinserção profissional, por exemplo. “São algumas atitudes capazes de trazer benefícios para ambas as partes”.
- Como cuidar e tranquilizar os demais colaboradores?
É um momento muito delicado e a empresa precisa ter uma comunicação muito assertiva. Assim, é preciso fazer uma reunião no coletivo “explicando os reais motivos das demissões e incentivar as staffs a buscarem a melhoria contínua do currículo, oferecer um psicólogo para cuidar da saúde delas”.
Pedro Henrique, estudante de administração, foi uma das vítimas do coronavírus. Ele perdeu seu estágio ainda em abril de 2020 e apenas em janeiro do ano seguinte conseguiu aprovação em outra oportunidade. “Fui chamado para retornar à instituição onde estagiava antes porque eles me queriam de volta. Acabei não aceitando, mas fico feliz em perceber como tenho as portas abertas por lá”, conta.
Os resultados da crise ainda são sentidos. Embora haja melhora no quadro, há alguns desafios a serem vencidos e o otimismo tem animado as empresas. Contudo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o desemprego atinge 12,6% da população. Mais de 13,5 milhões de brasileiros estão sem atuar no mercado. O importante para este momento é ter nos times talentos com inovação e energia.
Assim, contar com estagiários e aprendizes pode ser uma excelente aposta. Eles trazem determinação e um espírito criativo, características extremamente agregadoras e indispensáveis para superar qualquer obstáculo ainda advindo da Covid-19 no cenário nacional e mundial.